Treinamento

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Ao acordar, estava com uma dor de cabeça enorme, mas apesar disso, foi uma das minhas melhores noites de sono.

Ao virar-me, percebi que Miguel já não estava mais lá, o que de certa forma me entristeceu. A porta estava fechada e o sol já havia nascido. Os raios solares refletiam na janela, o que dificultava minha visão. Levantei e olhei-me no espelho. Eu realmente estava com uma aparência péssima. Estava com os olhos profundos e cheia de olheiras. Acho que nenhuma maquiagem seria capaz de esconder tudo isso.

Preciso descansar mais.

Ao caminhar em direção a cama, prestes a deitar-me, Miguel abre a porta vagarosamente. Ele carregava uma bandeja com uma xícara, panquecas, suco e uvas.

-Achei que você fosse preferir ficar em seu quarto, então resolvi trazer seu café- seu sorriso era perfeito e seus dentes impecáveis. Deus acertou em cheio na sua criação. Se ele tinha algum defeito, eu não podia ver. Abri um sorriso radiante e convidei-o para sentar-se ao meu lado na cama.

-Que prestativo- disse mordiscando um pedaço de uma panqueca.

-Essa é uma das minhas qualidades.

Sorri ao vê-lo jogar uma mecha do seu cabelo para trás. Como será que eram os outros anjos? Provavelmente tão belos quanto Miguel.

Assim que terminei de comer, ele se levantou.

-Arrume-se. Hoje você irá aprender a se defender.

Fiquei em dúvida a respeito de sua frase, mas assenti. Será que iriam me ensinar a usar poderes? Ou será que iriam me ensinar a abrir um portal para o Submundo? O que seria meio contraditório levando em consideração que eu jamais iria até lá por conta própria. Um frio percorreu minha espinha após lembrar de... Belial.

****

Muito melhor do que tudo que eu havia cogitado. Eles iriam ensinar-me a usar arco e flecha. Minha avó sempre quis que eu praticasse alguma luta ou qualquer coisa para auto-defesa, mas eu não via necessidade. Levando esse fato em consideração, eu já sabia que seria um desastre, mas não custava nada tentar, já que apesar de tudo, sempre admirei os arqueiros.

Minha avó pegou dois arcos e me trazia um enquanto Miguel pegava o seu. Peguei o arco e uma das flechas que estavam espalhadas em cima de uma mesa. A alguns metros de distância, haviam uns alvos em umas árvores.

Estávamos na casa no campo da minha avó. Vínhamos pra cá antes dos meus pais serem assassinados por... Demônios. Esse fato ainda era difícil de aceitar. Um desejo de vingança tomou conta de mim. Se eu me esforçasse e desse o melhor de mim, um dia poderia acabar com todos esses seres abominantes incluindo Lucifer assim como mataram meus pais.

Por impulso, soltei a flecha que passou direto pelas árvores e se perdeu em um lugar dentro de todo o verde da floresta.

-Mandou bem.-Miguel começou a sorrir da minha falha.

Revirei os olhos e ele veio me ajudar. Eu realmente era péssima naquilo. Miguel posicionou-se atrás de mim, e me envolveu com seus braços musculosos, moveu minhas mãos pelo arco, colocou uma flecha mirou e deixou que eu a soltasse. Foi alguns centímetros mais longe do que o desejado, mas ainda assim achava que se me esforçasse, tudo isso valeria a pena.

Tentei novamente, porém sozinha. Errei algumas vezes, mas depois de um tempo eu já conseguia acertar os alvos. Comecei a me perguntar o por que eu nunca quis fazer isso antes.

Olhei para o lado e vi minha avó que acertava todas com extrema perfeição. Parece que ela nasceu para aquilo. Era como se ela se conectasse com o arco e juntos eles fossem um só.

Miguel era mais cauteloso. Demorava um pouco na mira para ter certeza de que não ocorreria falhas, e só aí soltava. Parece que todos tem suas estratégias. Espero encontrar a minha também.

Assim que as flechas acabaram, entramos e enquanto a minha avó preparava o almoço, eu e Miguel descansávamos juntos no sofá da sala. Após alguns instantes, resolvemos apostar uma corrida até o lago e ele obviamente ganhou por ter mais anos de experiência e não estar tão cansado quanto eu.

-Quer dar um mergulho?- ele perguntou já tirando suas botas.

-Não, eu to legal.- abri um sorriso e tentei não corar quando o vi tirando sua camisa. Seu corpo era perfeitamente esculpido, mas não consegui ver nada além disso, pois virei o rosto rapidamente. Em questão de segundos, escuto um plaft e virei a cabeça de volta, mas antes que eu pudesse me dar conta, o anjo me puxou para dentro da água e estremeci por conta do frio. Fingi que estava me afogando, e ele veio tentar me ajudar, mas quando ele se aproxima, eu levanto e numa tentativa falha tento assusta-lo .

-Eu passei a sua vida toda com você, Amy. Achou mesmo que eu iria cair na sua pegadinha do afogamento?- ele perguntou com um sorriso vitorioso. Apenas joguei água em seu rosto como resposta e ele retribuiu, e assim nós ficamos durante alguns poucos minutos.

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⏰ Última atualização: Jan 15, 2017 ⏰

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