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EVANS

Eu saí do escritório totalmente atordoada. E desesperada.

Cassandra não estava ali. Abby parecia preocupada.

- Que aconteceu? A Cassandra não para de chorar.

Ai.

- Ele me colocou como assistente pessoal.

Abby arregalou os olhos. Então deu uma gargalhada espontânea.

- Agora tudo faz sentido.. Ah como a Cassandra é dramática.

Dei um sorriso forçado. Não era engraçado para mim ter toda essa responsabilidade no primeiro dia. Muito menos ter minha colega de trabalho querendo minha cabeça em uma bandeja.

Então me lembrei.

- Ele me disse para pegar sua agenda pessoal e que quer um relatório, algo sobre remarcar uma reunião com Roy e marcar almoço com America... Também disse algo sobre ação de graças e o natal... Ai meu Deus eu vou pirar.

Abby sorriu

- Fica calma. Eu vou te ajudar.

Abby me entregou a agenda pessoal do Sr. Parker e me explicou como funcionava a organização das coisas.

Também me explicou que o Sr. Parker enviava presentes de ação de graças e de natal, para um pequeno grupo de contatos mais importantes.

Eu aprendi a fazer o relatório diário e quase todos os dados importantes sobre sua rotina.

Cassandra evitava falar comigo, mas sempre que podia, me lançava olhares ameaçadores.

Durante a primeira semana, o Sr. Parker passou pouco tempo no escritório. Geralmente ele vinha pela manhã, apanhava seu relatório e ia para as reuniões, almoços e jantares com potenciais clientes ou investidores da empresa.

🌸🌸🌸

Naquela manhã de segunda feira, eu estava animada. Era minha segunda semana de trabalho e, por mais cansativo que tivesse sido, eu estava aguentando bem.

Cheguei no escritório e organizei os papéis na mesa do Sr. Parker, então fui até a minha mesa e me sentei, esperando para começar meu dia de trabalho.

O telefone tocou.

- Escritório do Sr. Parker.

- ruiva?

Suspirei.

- Sim.

- Venha até minha casa. Preciso que você reagende todos meus compromissos de hoje.

- O senhor está bem?

Não consigo evitar a pergunta, sua voz está estranha, quase como se estivesse evitando gemer de dor.
Eu o ouço rosnar.

- Apenas faça o seu trabalho!

E desligou o telefone. Suspirei mais uma vez. Tava tudo indo tão bem...

Peguei a agenda e todos os papéis importantes que deduzi que ele fosse precisar.

Como eu era sua assistente pessoal, precisava chegar muito mais cedo que o Sr. Parker na empresa, para não correr o risco de perder o meu emprego.

Isso significava que eu também chegava mais cedo do que Abby e Cassandra.

Anotei um recado para Abby e deixei em sua mesa. Desci para o saguão e então me veio algo à mente: eu não tinha ideia de onde o Sr. Parker morava!

- Senhorita Evans?

Olhei para o lado, assustada. Um homem que parecia um segurança estava parado ali, me olhando com um sorriso simpático.

- Sim.

- Sou o motorista do Sr. Parker, me acompanhe, por favor!

- Ah, sim senhor.

Alívio

Eu não sei o que eu esperava, talvez que eu precisasse ir de táxi até a casa dele ou algo parecido...

O motorista me levou até uma limusine preta, parada em frente à empresa.

A casa do Sr. Parker era bastante afastada do centro da cidade. Quando os prédios começaram a diminuir cada vez mais, adentramos em uma espécie de bosque. Haviam árvores em ambos os lados da estrada, era um lugar lindo, transmitia paz.

Fiz uma anotação mental de algum dia fazer uma caminhada por essa estrada.

Então um enorme portão começou a surgir, o motorista diminuiu a velocidade e os portões começaram a se abrir.
Do lado de dentro, seguimos por um pequeno caminho que levava a uma casa rústica escondida em meio às árvores.

Confesso que eu esperava algo muito mais extravagante, vindo do Senhor Parker.

O carro parou, o motorista abriu a porta para mim e um empregado já estava a minha espera.

- Bom dia senhorita. Me acompanhe, por favor.

Eu o segui por uma escada de madeira, que levava a uma varanda com alguns sofás dispostos ao redor de uma mesa de centro.
Então entramos na sala, ela era bem iluminada e, aparentemente todos os móveis da casa eram rústicos.
No segundo andar, andamos por um enorme corredor e então o empregado parou em frente a última (e maior) porta e falou em um tom mais alto.

- Doutor Ship, a senhorita Evans está aqui.

Alguns segundos depois a porta se abriu e um homem de cabelos castanhos, olhos escuros e aparência bem cansada saiu, vestido todo de branco. Ele agradeceu ao empregado e se dirigiu a mim.

- Senhorita Evans. - ele estendeu a mão para mim - Sou o doutor Ship.

Apertei sua mão e sorri.

- O Sr. Parker está bem?

- Ah, ele vai ficar assim que deixar de ser teimoso.

- O que ele tem?

O doutor Ship parou de sorrir.

- Ele ainda não te contou sobre as dores?

- Não... Na verdade, sou sua assistente pessoal a apenas uma semana e nem o tenho visto direito.

Ship pareceu pensar sobre o assunto.

- Bem, se ele lhe deu o precioso cargo de assistente pessoal, deve confiar em você...

... Ele e Blair se conheceram na faculdade, se tornaram melhores amigos e então, namorados.

Eles eram o típico "casal perfeito"...
Ela era dona de uma personalidade fortíssima e, Parker também. Mas mesmo assim, se completavam.

Eles estavam noivos quando terminaram a faculdade, então foram morar juntos.

Mas como você deve imaginar, não foi nada fácil para alguém de opinião forte como Blair, aguentar o temperamento explosivo de Parker, sem dizer nada.

As brigas eram frequentes, mas no final de cada briga, tudo acabava bem...

Menos naquela noite...

Parker nunca me contou o real motivo daquela briga.

Eu apenas sei que ele a colocou no carro e saiu em alta velocidade.

Os dois estavam discutindo e, na estrada havia um carro parado por problemas mecânicos, Parker o contornou, sem diminuir a velocidade e então, colidiu de frente com outro carro...

Naquela mesma noite, Blair morreu no hospital.

Eu estava de plantão e tive que contar à Parker sobre a morte de sua amada.

Eu nunca o havia visto daquele jeito...
Ele subiu no terraço do hospital e gritou a noite toda.
Acho que a dor que ele estava sentindo no peito não se comparava à dor de seus machucados físicos.

Ele feriu gravemente a perna esquerda.
Sua perna tem tratamento. Mas ele não quer fazer, pois acredita que merece essa dor, por ter "matado" Blair.

Senhor ParkerOnde histórias criam vida. Descubra agora