Prólogo

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 "Essa casa é ridícula" disse uma adolescente que estava prestes a mudar com sua família para uma nova casa, que não era nada nova. "Parece que um gigante comeu tijolos e vomitou essa casa!" Quem tinha dito isso foi eu, um garoto de 11 anos, com uma irmã muito, muito irritante. "Não é tão ruim assim crianças!" mentiu minha mãe tentando nos animar, e ela ainda insistia de nos chamar de crianças. "Ela realmente é linda!" falou meu pai no momento que estava saindo do carro, e provavelmente não tinha nos escutado, acho que ele é cego ou surdo, porque nenhuma outra pessoa do universo inteiro quis essa casa.

Nós nos mudamos para essa casa por causa do trabalho do meu pai, ele foi transferido para a empresa daqui, e segundo o que ele disse, não tinha outra casa com um preço bom como esta. Bem que ele poderia comprar uma casa mais habitável possível, provavelmente teria alguma outra por aí com preço bom. Porém ele insistia que "Essa casa é ótima e só precisa de uns retoques". Retoques? A casa precisava é de reforma geral! As telhas que deveriam estar no telhado, estavam a maioria no chão estilhaçadas. A tinta da parede já não tinha mais uma cor definida, com plantas trepadeiras em todo canto. Será que a tinta da parede era amarela? Não, acho que era bege, ou será que era marrom? As janelas quebradas, e a porta bem frágil, não sei como não tinha um mendigo morando ali. O jardim era outro problema, porque não tinha jardim, tudo estava morto, apenas os matos viviam e com toda potência que até que ultrapassavam os meus joelhos.

 O jardim era outro problema, porque não tinha jardim, tudo estava morto, apenas os matos viviam e com toda potência que até que ultrapassavam os meus joelhos

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E por dentro, acredite, era pior. Quando entrei dei direto com a sala de estar. O cheiro estava insuportável era uma mistura de coco de rato, com esgoto e comida estragada. Havia teias de aranha em todos os lugares, em vários locais o piso quebrado e provavelmente tinha vários tipos de animais e insetos de diversos tamanhos habitando ali.

No térreo ficava a sala, a cozinha e sala de jantar, que eram juntas, repartidas apenas por um balcão embutido, que aproposito ficava um fogão a lenha, algo que eu vi pela primeira vez na vida. Também tinha um banheiro, nem vou falar sobre isso, você pode até imaginar a situação maravilhosa que estava. Seguindo tinha mais duas salas vazias, provavelmente um escritório e uma sei lá... Biblioteca? Sala de tevê? Sala de música?

Enquanto caminhávamos para a escada minha irmã veio no meu lado e sussurrou: "Ei, ouvi dizer que essa casa é mal-assombrada... Muahahaha" "Larga de ser trouxa, não vou cair nessa" retruquei, "Mas é sério, me disseram que aqui vivia um velho bem doido, ele ficava falando que era feiticeiro e sei lá mais o que. Então um dia ele desapareceu. Tudo mundo acha que seu espirito fica vagando pela casa. Nunca se sabe, vai que ele se matou em algum esconderijo da casa que ninguém sabe. Haha, olha a ideia do maluco!" terminou ela, mas eu a ignorei.

O odor tinha diminuído quando subimos. Em cima ficava os quartos, ao todo eram quatro: o meu, o da Mariana, dos meus pais (suíte) e o outro de visita. Tinha também mais dois banheiros. Eu escolhi o quarto maior da casa, do lado do da Mariana.

Quando eu tinha entrado no meu, dei de cara com um quadro-negro na parede oposta a porta. De primeira achei estranho, por que geralmente eu via nas escolas e não em uma casa. De qualquer forma, imaginei vários desenhos para fazer ali. Notei também um vidro de uma das janelas estava quebrado. Também havia um papel de parede, extremamente feio, com pequenos cavalos pretos estampados, ou seja lá o que era aquilo.

O caminhão da mudança tinha chegado junto com a gente. Nem tive tempo pra me acostumar com ideia de morar ali, e a minha mãe já me mandou colocar as mãos à obra. Era só pegar as caixas e pôr para dentro. Mas como a casa estava numa situação caótica, como já relatei anteriormente, cheia de poeira, coco de rato, teias de aranha. Então tivemos que limpar tudo primeiro. De sorte, eu e a Mariana ficamos com o andar de cima, eu tinha que limpar o meu quarto, os dos hóspedes e mais a área dos fundos.

Depois de tudo limpo, era hora de arrumar, e essa era a palavra que eu mais amava. Na outra casa eu arrumava meu quarto uma vez por ano. Minha mãe sempre reclamava, por que eu jogava tudo para de baixo da cama, e as roupas todas emboladas no guarda-roupa. Mas quando estávamos vindo para cá a minha mãe me fez jurar que eu ficaria pelo menos um mês com o quarto arrumado. Eu topei. Na verdade eu não ia topar, mas eu aceitei porque minha irmã apostou, e é lógico que eu não iria perder pra ela.

Uma hora depois o quarto estava terminado, só faltava organizar os livros nas prateleiras, comecei lá de cima. Quando estava na prateleira do meio, vi um volume estranho na parede, achei que o papel de parede tinha se descolado. Passei minha mão nele, parecia que tinha alguma coisa escondida ali. Curioso, levei a mão para o canto e rasguei o papel de parede, e lá estava um livro, encaixado em um buraco da parede. Ele era pequeno e com a capa vermelha, bem no meio de contorno dourado havia apenas um brasão, parecia ser da era medieval. Quando fui abri-lo, minha mãe me chamou para ajudá-la com alguma coisa, joguei o livro na cama e sai correndo. Até que de repente algo acontece, uma luz surgiu por trás de mim. Virei e vi que aquela luz estava saindo de dentro do livro, que caiu aberto na cama. A luz foi ficando cada vez mais forte até me consumir.

 A luz foi ficando cada vez mais forte até me consumir

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