Chapter 36

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"Uma mágoa não é motivo para outra mágoa. Uma lágrima não é motivo para outra lágrima. Uma dor não é motivo para outra dor. Só o riso, o amor e o prazer merecem revanche. O resto, mais que perda de tempo… é perda de vida." – via: Chico Xavier

     Mellody

"Wilma? Andas a faltar às aulas?" - perguntei tentando fazer a minha voz mais intimidante. Ela andava cada vez mais estranha, não só para mim.

"Não, apenas não estou com disposição para ir." - murmurou cobrindo-se mais com as mantas. Respirei fundo e puxei-as para trás ouvindo os seus resmungos perante a minha atitude. - "Então!?"

"O que é que se passa? Tem a ver com o Eldon? Simplesmente, conta-me o que se anda a passar para que eu te possa ajudar!" - disse um pouco mais alto do que o desejado. O rosto de Wilma estava fixo em mim, os seus olhos já estavam a deitar lágrimas e as suas mãos pousadas na curva do seu pescoço.

"O Louis." - sussurrou com uma voz fraca. - "Nós andámos a sair bastante..."

"Mas isso é bom!" - sorri.

"Deixa-me acabar, Mellody." - engoli em seco, falas-te de mais, sua estúpida! - "Descubri esta semana que ele começou a andar com uma tal de Lauren. Eu voltei a cair no mesmo poço, e eu já devia saber o caminho para não voltar a cometer o mesmo erro!" - desabou. Aproximei-me dela, aproximei os nossos corpos e afaguei os seus cabelos enquanto lhe deixava pequenas carícias no rosto.

"Não andes assim por causa disso, Wilma. Sabes que eu não sou nada boa com conselhos, apenas... Vais ver que vai chegar o rapaz certo para ti, não tarda." - a rapariga de cabelos roxos forçou um sorriso e assentiu. - "Anda, levanta esse rabo, vai tomar um banho e vai às aulas!" - ela fez um beicinho e eu ri puxando-a para o quarto de banho.

19:35 pm

"Filha? Como estás?" - a minha mãe perguntou e podia imaginá-la com um grande sorriso.

"Olá mãe! Estou bem e as coisas por aí?" - questionei sentando-me na secretária do quarto enquanto esfolheava um livro qualquer do meu curso.

"Andam ótimas. Temos saudades tuas, estás a pensar vir cá no fim de semana?"

"Eu gostava muito de ir, achas que poderia levar-" - fui cortada pela sua gargalhada.

"Já imaginava que fosses fazer essa pergunta. Sim, podes trazê-lo. O teu pai já vai preparar a sua espingarda." - riu.

"Até tenho medo disso. Ele que se livre de se portar mal quando estivérmos ai!" - resmunguei.

"Até parece! Mas afinal quem é o pai aqui!?" - ouvi a voz dele um pouco atrás e fiz face palm.

"Mãe, para quem não percebia nada de telemóveis foi logo por em alta voz hoje." - revirei os olhos e ri ligeiramente.

"Oh, mais cedo ou mais tarde tinha de experimentar esta máquina." - murmura, suspirando. - "Em fim, eu vou já preparar o quarto para quando chegarem aqui não terem de o fazer vocês."

"Os quartos queres tu dizer!" - o meu pai voltou a repetir.

"Mãe, estás a falar com quem por alta voz?" - Emelly aparece, literalmente. - "É a mana? Olá Mels!"

"Olá Em. Como estás?" - ri. Eu tinha uma família de doidos.

"Mãe, não cliques nesse botão! Não cl-" - e nesse preciso momento, a chamada desligou-se.

Oh, boa mãe.

[Há pessoas burras neste mundo, e depois há a mãe da Mellody. Obrigada por todas as leituras, votos e comentários!

Sofia']

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