Chapter 18

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"Quando uma mulher diz que está com frio, ela está pedindo um abraço forte, uma proteção, um carinho... É isso que os homens precisam entender." - via: Bárbara Bottega

     Mellody

"Vais ver que não te vais arrepender, Mel!" - John grita com um ligeiro tom de voz à rapariga. Este rapaz era mesmo uma comédia em pessoa!

"Sim, sim." - disse virando a sua cara para a frente por ele estar a conduzir e ser perigoso não tomar atenção à condução. - "Wilma, ja disse que adoro a tua nova cor de cabelo? Pareces mesmo a Kagami!" - ela estava mesmo adorável.

"Eu também adoro a tua!" - riu enquanto olhava para trás para dármos um high five.

"Pena é agora não te poder chamar pinky. Vais ser sempre a minha pinky." - fiz um beicinho e ela emitou o meu gesto acabando por rir à gargalhada. Assim que chegámos à casa onde ocorria a festa, e que acabei por descubrir que não é assim tão longe como pensava que era, saímos todos do carro e entrámos na mesma. A minha definição de festa não era a melhor visto que a última a que fui acabou daquela maneira.

"Wilma, queres alguma coisa? Eu vou pedir uma caipirinha, tu também queres?" - bastou ela sorrir para John levar como um sim. - "Para ti já sei que não vais querer nenhuma bebida com álcool. Um sumo?"

"Sim, John." - ele soltou um sorriso e deixou-me a mim e a Wilm sozinhas no meio de toda aquela multidão. - "Não gosto nada deste tipo de festas. Acaba sempre com algum desastre."

"Deixa-me adivinhar, não tens um bom pressentimento para esta noite?" - virei o rosto para o lado para encará-la.

"Certo. Nunca gostei muito destas festas, Wilma. Tu sempre soubes-te. Quando eu ia, ou era por causa de ti ou por causa da..." - tentei nao referir o seu nome.

"Myrella. Sim... Ela aproveitava estas festas ao máximo, se é que me entendes." - assenti tentando não dar muito valor ao assunto. Num ápice, John já estava ao nosso lado a entregar-nos as bebidas que pedimos. Agradeçemos e entretanto Wilma foi dançar.

"Vem, Melly!" - John implorou, juntando as mãos, o que fez com que me risse e abanasse a cabeça em forma de negação. - "Olha para aquele rapaz ali! Ele está a abanar o cú para todas as direções e está bêbedo! Tu estás sóbria e aposto que nem danças assim tão mal!"

"Pronto, pronto! Vamos lá, bebé resmungão." - ele fez uma cara divertida e puxou-me para a pista de dança. John já estava meio alegre, dava para se ver a milhas. Senti o meu corpo bater contra algo, ou mais precisamente, contra alguém, e no momento em que ia para me desculpar, arregalei os olhos.

"Mellody! Que surpresa!" - a loira falsa riu alto. Ela estava mais que alegre, definitivamente.

"Oh, será mesmo." - sussurrei baixo para ela não me ouvir. Myrella aproximou-se de mim e logo o cheiro a álcool subiu pelas minhas narinas. Colocou um dos seus braços por cima dos meus ombros e inclinou-se ligeiramente para trás por não se conseguir equilibrar.

"Vou-te contar um segredo que já estava para te contar há séculos." - olhei para outra direção para não a ter de encarar, mas as suas mãos puxaram o meu queixo para cima num movimento brusco. - "Olha para mim, cabra!" - tirei as suas mãos de cima de mim. - "Sabes o que estava a acontecer nas tuas costas enquanto namoravas com o queridinho do Christian? Eu e ele traíamos-te! Mas tu eras muito burrinha para o perceber." - engoli as lágrimas e tentei não me mostrar fraca perante ela. - "E sabes o que aquele filho da mãe me fez?" - ela riu e as lágrimas começaram a descer da sua cara. - "Bateu-me! Disse que eu não era como tu!" - abanei a cabeça sem saber o que se passava. - "Eu sempre soube que ele te batia, mas ele era tão carinhoso comigo... E agora faz-me exatamente o que te fazia a ti!" - não aguentei mais e saí dali rapidamente. - "Isso, foge!"

Corri e senti o vento fresco embater contra o meu rosto que transbordava lágrimas sem dizer chega. Não sabia o que pensar disto tudo. A minha cabeça estava uma confusão, e doía, doía bastante, e sem dar conta tinha chegado aos dormitórios. Não aguentei mais e dexei-me deslizar, sentando-me contra a parede dos corredores. Soltei um grito de frustração e encolhi-me deixando que as mágoas tomassem conta de mim.

"Mellody?" - olhei em frente e vi a porta n°3 ser aberta dando-me visão para o corpo de Harry apenas com uns calções vestidos e de tronco nu. Levantei-me com as poucas forças que tinha e corri até ele. Abraçei-o, abraçei-o bem forte para ver se tudo desaparecia.

Mas nem ele fazia as feridas cicatrizarem-se.

Harry puxou-me para o seu quarto e fechou a porta atrás de nós. Nem sequer me importei se estava arrumado ou desarrumado. Eu só queria a companhia dele. Eu desejeva a sua presença e por instantes ele apareceu. Tal como por magia.

Harry viu que eu estava aterdoada com toda aquela situação, então pegou-me ao colo e deitou-me na sua cama. Tirou-me os sapatos cuidadosamente e sentou-se olhando para o meu rosto. As suas mãos voaram até ao mesmo e este limpou os vestígios negros de maquilhagem que escorriam pelos meus olhos. Olhei para ele com extrema atenção e ele apenas puxou as cobertas e deitou-se tapando-nos aos dois.

"Não vais perguntar nada?" -sussurrei e olhei para o seu rosto iluminado pela fraca luz que provinha da janela atrás de mim.
"O que precisas agora não é de um inquérito, blueberry."

"És o meu anjo da guarda, Harry."

{Uff, e quem me dera que fosse o meu também.

Sofia'}

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