Acordei por volta de meio dia e levantei sem pressa. Fui pra cozinha preparar um café como de costume e me sentei na cadeira do quarto para utilizar o computador. A noite passada tinha sigo agradável. Conversei bastante com a Pyro e aproveitamos para marcar uma data de encontro na sede do clã, que ficava no centro da cidade. Eu não sabia muito da história da Pyro e isso me deixava um tanto curioso. Comecei a fazer uma varredura em todos os sites de buscas, procurando por assuntos relacionados ao clã Hawks. Achei algumas reportagens, mas nada muito relevante.
—Será que eles apagaram tudo? Ou realmente são pessoas boas? —pensei.
Eu não costumava confiar tão facilmente em notícias e boatos. No mesmo dia, mais tarde, entrei no fórum do Null e conversei com alguns membros a respeito do assunto. Um membro mais antigo afirmou que conhecia bastante do assunto e resolveu esclarecer.
— Esse clã Hawks é antigo, quase foi abandonado um tempo atrás. Alguns dizem que o próprio criador do clã acabou com tudo e sumiu desde então. Alguns dos membros da época, se recusando a largar tudo, decidiram manter o clã vivo. — dizia o homem por mensagens.
— E o que aconteceu depois? — perguntei.
— Ninguém sabe ao certo, mas foi como se o clã tivesse ressurgido das cinzas... — ele respondeu.Agradeci ao homem pela ajuda e me deitei na cama ainda refletindo sobre o assunto. Tentei entender como a Pyro tinha chegado lá, mas não havia explicação. Parecia que tudo tinha sido apagado. Nenhum dado, notícia ou rastro.
Desci a rua algumas horas mais tarde no mesmo dia e fui até a casa do Cortex.— E aí Code. — disse Cortex, levantando da cadeira do computador e me cumprimentando com um soquinho de mão. — Tudo certo pra amanhã?
— Aham. A sede fica no centro. Pelo que a Pyro me disse, é bem perto da 192. — respondi, enquanto olhava umas peças que estavam espalhadas em cima da mesa.Passamos o resto da noite jogando "No Man's Sky" e ouvindo música. Quando paramos já era madrugada, a rua estava vazia e caía uma chuva fraca. Nos despedimos e eu subi pra casa. Deitei na cama preenchido por ansiedade do dia seguinte e fiquei pensando em tudo que já tinha acontecido até pegar no sono.
Levantei um pouco mais tarde no dia seguinte, só tive tempo de tomar banho, me arrumar, comer alguma coisa e descer para encontrar Cortex.
Nos encontramos no ponto de ônibus. Nós dois estávamos tão tensos que nem conseguíamos falar muito. Chegando na rua da 192, o movimento era fraco de pessoas passando. Era uma rua cheia de depósitos, armazéns e tinha um bar de esquina.Enquanto andávamos pela rua indo em direção à 192, passamos por um cara encostado na parede de um dos depósitos. Ele era negro, um pouco alto, usava uma calça camuflada, blusa preta e um boné vermelho do Houston Rockets. Ele mexia no celular e nos chamou quando passávamos.
— Ei. Vocês devem ser os dois C's né?
Olhei pro Cortex sem entender o que o homem queria dizer.
— Desculpe, falou com a gente? — respondi olhando pra ele.
— É claro. Code e Cortex. A Pyro tá esperando vocês. — Ele respondeu e foi andando na nossa frente.Fomos andando atrás dele. O homem parou na porta da 192, puxou um cordão de dentro da blusa no qual havia uma chave pendurada. Ele abriu a porta e todos entramos.
— Foi mal não ter me apresentado antes. Eu sou o Robinson, mas podem me chamar de Rob. — disse o homem, nos cumprimentando. — Vamos lá em cima, Pyro está esperando vocês. — Completou, e atravessamos o primeiro andar indo pra escada.
Chegando no segundo andar, vi a Pyro sentada em um dos bancos do bar com outras duas pessoas do lado. O primeiro homem era o bar-man, Hank. A outra pessoa era uma mulher da mesma altura que a Pyro, porém de cabelos loiros e compridos. Ela estava de costas, então não pude ver seu rosto. Eles interromperam a conversa quando viram que chegamos.
— Oi pessoal! — disse Pyro, se virando e vindo em nossa direção com um leve sorriso no rosto.
Ela abraçou o Cortex primeiro e depois veio me abraçar. Confesso que senti um pouco de frio na barriga, mas não durou muito. Ela me abraçou forte.
— Oi. Que bom que você veio. — disse baixinho.
— Não poderia recusar né? — respondi um pouco envergonhado.Ela me soltou e sorriu gentilmente. Depois cumprimentou o Rob e todos fomos para a frente do balcão do bar.
— Pessoal, obrigado por se reunirem hoje. — disse Pyro, olhando para todos. — Hoje nós temos a visita de dois novos amigos que eu conheci essa semana e que podem nos ajudar muito. Esses são Code e Cortex. — ela apontou para nós dois e todos acenaram gentilmente.
— Para quem não sabe, Cortex é um excelente engenheiro de redes e de ferramentas de invasão por Linux. E Code é o programador dos dedos de ouro, criador do fórum Null.
— Quer dizer então que você é o Code, criador do Null? — perguntou a mulher loira, me olhando.
Dessa vez pude reparar mais. Ela estava com calça jeans, rasgada nos joelhos e uma blusa cinza do Black Sabbath. Era bonita, tinha o cabelo loiro ondulado e algumas sardas nos nariz.
— Bom, tecnicamente não criei o Null sozinho. Cortex me ajudou muito na parte de hospedagem e restrição de rede. — respondi.
— Legal. Eu tenho conta nele à alguns meses, é um fórum excelente. Me chamo Jen, muito prazer. — disse ela, estendendo a mão.
— Vamos pessoal, temos muito que conversar. — disse Pyro.
Ela se virou e passou pela porta lateral do balcão do bar, que dava acesso aos fundos. Fomos todos acompanhando. Logo ao entrar, percebi que não era um fundo de loja qualquer. O local era cheio de máquinas e switches. Provavelmente um local para fazer hacking camuflado. No final da sala, havia uma bancada com 2 terminais (computadores) ligados. No meio da sala tinham várias poltronas que ficavam por cima de um tapete de pano macio.
— Podem todos se sentar, por favor. — disse Pyro.
Me sentei ao lado do Cortex que parecia bem tranquilo com toda aquela situação.
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Cyber Choices
Ficção CientíficaUm jovem programador de 23 anos lidera uma grande revolução tecnológica junto com seu melhor amigo. Porém, durante essa revolução, será preciso muito mais do que códigos de computador para alcançarem o seu objetivo.