Capítulo 6

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João ajudou a Larissa a descer do taxi, ela não parecia bem. Sob protestos, ele dispensou o taxi e a ajudou até a porta do seu apartamento. Larissa não se sentia bem, apesar de ter vontade de negar a ajuda, não estava em condições. Com dificuldades ela tirou as chaves da bolsa e João a ajudou a abrir a porta.

— Tem alguém que possa ligar? Pra ficar aqui com você. — ele perguntou enquanto a ajudava a se sentar.

— A Cid deve estar em casa. — ela respondeu sem se preocupar em explicar. — Muito obrigada, você pode ir.

— Não vou deixar você sozinha. Na verdade você deveria ir ao médico.

Antes que Larissa pudesse responder, Cid entrou pela porta cheia de sacolas. E se assustou ao encontrar o belo moreno na sala.

— Oi. — ela abriu um largo sorriso quando percebeu que ele segurava a mão da sobrinha.

— Oi. — João se levantou rapidamente e a cumprimentou. — Sou João Marcelo, trabalho com a Larissa. Ela não se sentiu bem.

— O que houve? — Cid desviou sua atenção para Larissa preocupada.

— Uma tontura, já está passando. Obrigada João. — ofereceu um sorriso forçado, e seu olhar deixava claro que ele precisava ir.

— Ela não almoçou. — ele ignorou Larissa e voltou sua atenção para Cid. — Acho que ela precisa ir ao médico.

— Vou cuidar disso João, obrigada por trazê-la. — Cid ofereceu um largo sorriso e o acompanhou até a porta.

Logo que ele saiu, Larissa se deitou no sofá e cobriu rosto com o braço. E Cid se sentou no chão ao lado dela.

— Você está bem?

— Estou com ódio de você.

— Eu estou falando sério. — Cid estava preocupada.

— Eu também! Que porra é essa de café da manhã no quarto?

— Você não passou mal por causa disso. E diga se de passagem, se eu tivesse o visto antes, mandaria outras coisas. Que homem é aquele?

— Cid por favor. — Larissa tentou se levantar mas sentiu-se tonta novamente.

— Deita! Vou trazer um copo de água pra você. Acho melhor levantara bandeira branca. Você não está em condições de brigar comigo.

— Vai a merda. — seus olhos estavam cheios de água.

— O que foi Larissa? O que está pegando? É o casamento do Carlos? O novo funcionário? O medo de perder o emprego? Qual é o problema?

— Ele é muito mais competente do que eu. Ele tem uma metodologia de trabalho incrível, é carismático, tem o perfil ideal de gerente. Na verdade com o trabalho que ele faz, poderia até ser supervisor.

— Isso tudo é medo de perder o emprego?

— Também, mas meu emprego é tudo que tenho.

— Larissa, você fugiu quando toquei no assunto, mas respeitei. O casamento do Carlos tem algo com isso?

— Cid, não quero falar sobre isso. É claro que dói, amor de primo não passa nunca. Meu emprego está por um fio, eu vivo para o meu trabalho. A chegada do João Marcelo me deixou meio que...

— Desestabilizada. Você não é assim, e obviamente ele mexe com você.

— Ele é competente demais.

— E bonito demais, sedutor, educado... Tem um ano que você não sai com ninguém. Obviamente você ficou balançada. Carlos marcou o casamento, a Dulce forçou a barra para você ser a madrinha. Tudo bem, até acredito que você estava se esforçando para segurar sua onda. Mas ai chega um moreno de tirar o fôlego, que ameaça seu emprego e também seu coração.

— Eu vou amar o Carlos pra sempre.

— Então lute! Chega na casa da Dulce, chuta a porta, entra no quarto dele e pede ele em casamento. — Cid cruzou os braços com ironia.

— Você é louca!

— Stress de novo Larissa! Vou ficar de olho em você. Nada de enfiar a cara no trabalho. Voltar a tomar o tranquilizante, e desacelerar. Marca uma consulta com sua terapeuta urgente. — falou e foi para cozinha.

— Eu não estou com saco de fazer terapia. Só preciso pensar numa maneira de resolver tudo.

— Férias! — sugeriu Cid trazendo um copo de água e um comprimido. — Podemos tirar férias. Recebi uma grana, podemos viajar.

— Tirar férias enquanto meu emprego está numa corda bamba? Sem contar que a tia Dulce está na minha cola por causa dos preparativos do casamento. — bufou.

— Você precisa dizer que não quer ser madrinha. Aliás, já devia ter feito isso.

— Não posso.

— Pode, quer e vai fazer. Não existe isso de ser madrinha do casamento do homem que você ama. Ou se é a noiva, ou não é nada. — parou pensativa — Se bem que tenho minhas dúvidas sobre esse amor.

Larissa a olhou descrente.

— Talvez o Carlos seja somente uma muleta afetiva. Alguém que você alimenta uma paixão para deixar o coração ocupado. Tenho certeza que se você o amasse de verdade, provavelmente estariam juntos, porque você é o tipo de mulher determinada.

— Determinação tem limite. A Tia Dulce nunca ia me aceitar como nora, e tem mais uma monte de problemas.

— Um monte de problemas que você criou para manter esse amor o mais impossível o possível. Se eu fosse você daria uma chance pro João Delícia.

— Você acha mesmo que faço isso?

— Tenho quase certeza. Mas preciso de só uma coisa para ter certeza.

— O que?

— A sua confissão. — sorriu largamente.

— Eu nunca tinha pensado no Carlos assim, como uma fuga.

— Pois pense, e quando chegar a conclusão me conta. Fica deitada ai no sofá, vou fazer alguma coisa leve para comermos.

— Foi por isso que mandou o café para o João Marcelo no hotel?

— João Marcelo de novo? — franziu o cenho a olhando interrogativamente. — Eu acreditei quando você disse que ele era somente um concorrente profissional. Tem alguma coisa que queira me contar?

— Cid, vai a merda. Eu vou pro quarto. Não quero comer nada.

— Preferia que me mandasse tomar no cu. Muito mais gostoso.

Larissa fez uma careta e se levantou.

— Levo o almoço no seu quarto pra você. — Cid piscou debochada.

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