Chegaram em casa no fim da tarde, Cid se jogou no sofá enquanto Larissa guardava suas compras na geladeira. Escutou seu celular tocando dentro da bolsa e correu para atender.
— Sr. Schneider?
— Olá Larissa! Já disse que pode me chamar de Felipe. Como vai?
— Vou bem, e o senhor?
— Não sou tão velho assim, mas vou bem. — parou por um instante e Larissa pôde ouvir sua respiração. — Tentei ligar ontem, mas me disseram que você teve uma indisposição. Espero que esteja bem.
— Estou sim, obrigada. Algum problema?
— Ia mandar entregar para você algumas cortesias, para a corrida domingo. Como me informaram que você não ia ao banco hoje, pensei em mandar na sua casa.
— É muita gentileza.
— Por favor, passe seu endereço pra minha secretária. Vou passar contato dela por mensagem. Espero vê-la no domingo.
— Obrigada.
Se despediram rapidamente e Larissa ficou com o telefone parado no ar, sem entender a ligação. Ele poderia simplesmente ter enviado as cortesias para o banco, mas a atenção excessiva a intrigou. Ela continuava parada com o pensamento longe, enquanto Cid a olhava interrogativa.
— Algum problema no banco?
— Não. — respondeu enquanto digitava uma mensagem para secretária de seu cliente.
— E o Carlos? — Cid perguntou quando Larissa sentou ao seu lado no sofá.
— Acredita que ele falou que ia me apresentar um amigo da Janaina?
— Sem noção. Também, não tiro a razão dele. Você precisa abrir o jogo com ele.
— E dizer o que? Oi, eu alimento uma paixão platônica por você desde os meus quinze anos e não sei se o que sinto por você é real ou produto da minha imaginação.
Cid gargalhou do seu senso de humor.
— Doeu?
— Ser chamada de gorda encalhada? Doeu!
— Não acho você gorda. Acho a Dulce gorda, chata e mal amada.
— Ela é sua irmã!
— Nem por isso ela se tornou uma pessoa melhor. Quanto mais velha, mais chata. E sua mãe está ficando igual. — fez uma careta.
— Não fala da minha mãe.
— Definitivamente eu sou a ovelha negra. — Cid bufou e colocou os pés no colo de Larissa. — O que acho é que devemos abrir aquela torta de chocolate e comer mais alguns pedaços.
Larissa titubeou, mas antes que a consciência pesasse se levantou para servir duas generosas fatias.
Quase oito da noite, as duas estavam esticadas no sofá assistindo uma maratona de séries. Haviam comido quase toda a torta. Cid se espreguiçou e se levantou.
— Pelo visto, Yoga no Ibirapuera e Japa furou né? —Larissa se encolheu no sofá envergonhada.
— Vou ligar pra galera e ver qual é a boa da noite, topa?
A sobrinha negou e começou a procurar um filme para assistir.
— Você precisa sair, ver gente, dar. Há quanto tempo você não dá uma pimba na gorduchinha?
— Gorduchinha é seu rabo.
— Anda Larissa, responde? Seis meses? Oito meses?
— Um ano... — respondeu baixinho — E me arrependo amargamente de ter seguido seus conselhos. Onde já se viu dar pra alguém que você conhece na balada.
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Procurando Você
Chick-LitA busca desenfreada por algo que nos completa, ou pelo menos deveria completar. Será o amor o bálsamo para todas as feridas da alma? Cicatrizes por algo que vivemos ou deixamos de viver. Marcas latentes de uma buscar desenfreada por algo que não sa...