Capítulo quatro

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Encarando os fatos

O dia mal estava começando a clarear e Demétrius já estava em pé, caminhando até ao closet colocou um traje de corrida e saiu para espairecer o pensamento. A noite não tinha sido fácil, a constatação de ter estado com Charlie de uma maneira tão impessoal não fez muito bem ao seu ego.

Enquanto corria pelo parque meditava nas informações que tinha lido sobre ela, casada, viúva, mãe de um filho ainda na adolescência. Ela ficara grávida na adolescência. Isso só podia significar uma coisa: ele era o pai. Se ele era o pai, porque ela nunca fez contato, porque nunca o procurou. E porque sua família nunca mencionou nada a respeito da gravidez ao seu pai. Isso é imperdoável, embora ele tenha partido repentinamente, ela sabia onde ele estava, vinte e quatro anos haviam se passado, o filho dela deveria estar mais ou menos com esta idade, ou melhor o filho deles. Estava consternado, uma amargura no coração o estava incomodando. Essa criança fora criada sem a presença dele, talvez jamais soubesse da sua existência. E atualmente era um jovem candidato a um futuro advogado promissor. Mesmo sem ter certeza deste parentesco com o filho de Charlie, era preciso procurá-la para saber a verdade sobre esta gravidez na adolescência. Embora ele tenha sido um cafajeste, ele tinha o direito de saber sobre a gravidez, ela não poderia ter omitido esta informação, ela tinha muita coisa para explicar e muita coisa para perdoar.

A irresponsabilidade dele teve consequências muito mais sérias do que ele imaginava. Mas, teria que ser uma coisa de cada vez, agora precisava de afastar o fantasma de Aleska e da juíza Kimberly da sua vida profissional. Sua mente trabalhava a todo vapor, não era à toa que o consideravam frio e calculista, sendo assim, era preciso criar uma estratégia que o levassem para longe dessas duas sanguessugas, todas as ações de Aleska só demonstravam uma coisa: ela queria derrubá-lo, e os motivos deveriam ser pessoais, como explicar uma situação assim, só o fato de sair algumas vezes com ela, não seria indício que também se beneficiaria dos privilégios concedidos pela juíza. Ele tinha sentido premeditação nas palavras de Aleska, e agora seu instinto estava lhe mostrando que tinha razão. Quantas vezes será que Aleska deve ter usado seu nome para conseguir facilitar sua vida dentro dos departamentos. Ainda deu mais algumas voltas no quarteirão até chegar a sua residência. Com alegria viu o carro de sua secretária-faz-tudo estacionado na frente de seu portão. Entrou pelo portão da garagem e a viu na cozinha junto do fogão. Ele abriu um enorme sorriso para a mulher.

— Carmensita, o café já está pronto? Gritou Demétrius de modo amigável, enquanto tirava o calçado para entrar em casa.

— Já está prontinho. Vá para seu banho que estou terminando de fazer algumas panquecas e ovos mexido.

Ele passou pela cozinha, atravessou por um corredor e subiu as escadas que dava acesso ao andar de cima onde seu quarto estava, ao entrar sentiu o aroma agradável de lavanda, sua secretária doméstica já havia passado por ali, e feito a higienização do ambiente, ele pegou uma toalha limpa e foi para o banheiro, tomou uma chuveirada rápida, fez a sua barba, em seguida colocou apenas um roupão e foi tomar seu café. Ao entrar na cozinha ele visualizou Carmem ela estava de costas para a entrada da cozinha, Carmem era uma mulher de mais ou menos uns 45 anos, seus traços eram finos, possuía um par de olhos bem escuro, cabelos negros, tez morena, era de estatura baixa, talvez chegasse a ser do tamanho das pernas de Demétrius, o volume avantajado dos quadris exaltava suas nádegas, dando-lhe um toque muito especial, sempre se vestia com tons escuros, e sempre usava maquiagem, diga-se de passagem, destacava os olhos e os lábios. Era uma mulher com um charme natural, mas não era o tipo de mulher que Demétrius gostava de levar para a cama. Carmem era uma profissional que muitos desejam ter, habilidosa e muito criativa, ela possuía um espírito de otimismo incomum na maioria das mulheres, muito metódica, organizada e franca, ela ganhou o coração de Demétrius em pouco tempo, de simples empregada, passou a ser a pessoa de confiança e também a confidente. Muitas vezes, Demétrius conversava com ela por horas, afim de reforçar seus pensamentos ou mesmo modificá-los, Carmem era uma pessoa sábia, e na simplicidade, ele encontrava a luz que precisava.

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