Evangeline estava em uma sala, deitada em um divã. Ao redor dela, tripés estavam posicionados com telas em branco. Alguns homens e mulheres empunhavam aquarelas com múltiplas cores. Seus pinceis deslizavam pela superfície branca na tentativa de reproduzir a beleza da Vida.
- Façam o seu melhor. – incentivou a mulher ruiva. Era praticamente o único ponto de seu corpo que possuía uma cor diferente de branco, além de seus olhos castanhos.
Depois de longos minutos que pareciam se arrastar, a porta da Sala de Pinturas se abriu. Nathanael surgiu usando uma blusa social branca com mangas dobradas até o cotovelo e uma calça branca. Evangeline olhou como se já soubesse que Nathanael iria adentrar o local. O rapaz acenou com a mão chamando a atenção dela sem que ninguém notasse.
- Srta. Evangeline... – murmurou ele sem quebrar o silêncio instalado na sala.
- Nathanael. – Evangeline falou em um tom de voz alto que ecoou pelo salão. As pessoas se viraram ao mesmo tempo focando seus olhos em Nathanael que parecia envergonhado.
Pôs suas mãos no bolso e suas bochechas ficaram rubras. Evangeline levantou-se e era perceptível o quão bela estava. Cabelos soltos e usando um vestido justo ao corpo com mangas curtas. Duas costuras verticais enalteciam as curvas dela.
- Senhoras e senhores, eu peço desculpas, mas o dever me chama. – ela se despediu e seguiu na direção à porta onde Nathanael estava parado a espera dela.
Os dois saíram e ficaram no corredor conversando. O corredor era longo e possuía colunas formadas por estátuas de mármore que se conectavam ao teto.
- Desculpe-me ter atrapalhado... – iniciou seu pedido de desculpas quando foi interrompido por Evangeline.
- Não peça desculpas. – viu ele baixar a cabeça olhando para os próprios sapatos. Sua mão desliza pelo queixo dele e ergue sua cabeça mantendo-a no mesmo campo de visão. – Olhe para mim quando for falar. O que houve?
- Incidente em Moscou e término do cumprimento de pena em Seattle. – Nathanael falou apressadamente.
- E por incidente quer dizer que é algo envolvendo quem? – sua perguntou soava de forma retórica. – Ceifadores?
- O Anjo da Guarda Elijah reclamou de um encontro que teve com um Ceifador enquanto Harrison Potter terminou sua sentença. – pôs suas mãos nos bolsos enquanto Evangeline cruzou seus braços e coçou o queixo.
- Vai ser necessária nossa presença no Tribunal? – olhou meio decepcionada para Nathanael. – Só por que hoje é o dia da competição de natação. – ela revirou seus olhos.
- Eu posso ficar e cuidar das coisas aqui. – sorriu de canto de boca meio temeroso com o pedido e com a possível resposta negativa que teria.
- Não. Você irá comigo. Você já sabe como coordenar o Centro e no Tribunal aprenderá as atribuições e deveres de ser a Vida. – falou virando-se e andando em direção à sala de espera do terceiro andar.
- Fazer o que, não é? – Nathanael relaxou seus ombros mostrando decepção e ao mesmo tempo conformismo. Sorriu tentando acreditar que estava tudo bem quando na verdade se sentia triste.
Desceram alguns lances de escada e ao chegar ao hall principal do primeiro andar, notaram um homem de cabelos negros e algumas rugas aqui e ali. Era bem cuidado e aparentava ter quarenta anos. Suas mãos estavam para trás e sua coluna estava ereta. Parecia um soldado diante de seus superiores.
Evangeline aproximou-se e ficou cara a cara com ele. Sua mão direita deslizou pela bochecha esquerda dele que ficou meio avermelhada. Ele parecia querer sorrir, mas se conteve.
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Rest in Peace
ParanormalO que são os Anjos da Guarda senão soldados de Vida? E o que são Ceifadores de Almas senão soldados da Morte? Entre eles não existe uma batalha para decidir o futuro da raça humana. Ambos trabalham em conjunto. Mas um inimigo em comum se ergue nos b...