O Castigo - 1ª Parte

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31 de Janeiro de 2016


Will levantou os olhos e contemplou a paisagem através da janela do vagão. O trem ia deixando para trás cidades pequenas e solitárias, e penetrando por campos e matas. A cada estação em que parava, desciam mais passageiros do que entravam, de modo que à altura em que o sol se pôs o rapaz era o único ocupante de toda a locomotiva.

Will segurava nas mãos as cartas de Edmund, às quais relia pela décima vez desde que embarcara. Hora ou outra, esboçava um sorriso e erguia os olhos para o horizonte, quase agradecido. As palavras do amigo lhe davam um sentimento indescritível, um sentimento que temera nunca mais sentir em toda sua vida:

- Liberdade! – sussurrou, ao mesmo tempo em que via um pequeno povoado surgir no meio do nada e se aproximar rapidamente.

O trem desacelerou, preparando-se para parar naquela que seria a última estação.

Will se levantou. Era seu ponto de descida.


Vinte minutos depois, um carro deixava a estação e levava Will por uma estradinha de terra. A um quilômetro dali, no fim da estrada, uma monumental mansão recortava-se contra o horizonte crepuscular. O Hotel Residência Mason.

O rapaz estava ansioso; desejava logo poder entrar por aquelas portas, correr para a biblioteca e revistar todos os livros, à procura dos diários que Edmund prometeu estar à sua espera. Por isso, mal o carro parou e Will desceu com um salto; sem agradecer ao motorista, caminhou em passos apressados até recepção da mansão e entrou.

Passou pelo porteiro e pelo recepcionista sem ser interrompido; era como se ambos o conhecessem. Alcançou o corredor que levava aos quartos e se embrenhou por ele, caminhando com a destreza de quem conhecia o lugar como a palma da própria mão. Ia se virando para a passagem que levava à biblioteca quando uma senhora magra, de cabelos ralos e branquíssimos, surgiu vindo em sua direção.

- Edgar! – exclamou ela, alegre em vê-lo.

- Sra. Mason – cumprimentou Will, aceitando com delicadeza o abraço que a velha proprietária lhe estendeu.

- Teve uma boa viagem?

- Boa não, excelente! – respondeu, deixando que ela ajeitasse seus cabelos maternalmente. - Obrigado por ter mandado o carro à minha busca.

- Não foi nada – os dedos trêmulos dela desceram para o rosto do rapaz. – Aliás, sinto muito pela demora em remeter a carta de Edmund. Encontrei-a apenas semana passada, debaixo de um amontoado de roupas na lavanderia...

- Não se culpe, Lily. Edmund não fazia ideia de onde a carta iria parar; só dela ter chegado aqui, já é um milagre – ele sorriu. – Agora, pode me levar à biblioteca? Precisamos encontrar os diários. Se é que eles chegaram a ser escritos.

A Sra. Mason assentiu e, tomando a dianteira, conduziu Will pela passagem.

 Mason assentiu e, tomando a dianteira, conduziu Will pela passagem

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