Prólogo

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Passava do meio dia. O ar estava quente e parado nas areias escaldantes do deserto do Saara. Uma região inóspita, onde poucas pessoas se aventuram, exceto viajantes que tentavam chegar à cidade das grandes pirâmides e perdiam-se no caminho. Essa região era conhecida como as portas do deserto, o início do território do grande faraó Herágaton. Partindo dali a comitiva real, montada em camelos, seguia para o interior do deserto buscando verificar as novas construções ordenadas pelo faraó.

Herágaton há alguns anos ordenara a construção de uma série de fortificações ao longo do perímetro de suas terras, para proteger seu império e seus tesouros de possíveis ataques de outros povos. Em posições estratégicas, as construções seriam utilizadas como quartel general para os soldados que protegiam o reino, bem como depósito, por serem próximas de rotas comerciais existentes.

E agora com as obras concluídas, Herágaton organizara uma comitiva de sumo sacerdotes, engenheiros, guardas reais e escravos com o intuito de avaliar essa nova rede de fortificações. Fazia dias que essa comitiva vagava pelo deserto e hoje em especial, dirigia-se para a última construção a ser avaliada e no dia seguinte retornaria a Mênfis, capital do Egito.

Às margens do grande rio Nilo, em uma região castigada pelo sol e pelos deuses, ficava o distrito de Samalut, o povoado mais ao sul do império do faraó. Conhecida por ser a região preferida por ele para descansar e fugir das obrigações da capital. As sombras das palmeiras e papiros do oásis de Samalut começavam a se alongar, quando a comitiva de Herágaton chegou para avaliar os novos empreendimentos.

Logo que os camelos pararam em frente ao forte e a torre de pedras, Herágaton ordenou que os engenheiros e sacerdotes o seguissem para o interior do prédio, dispensando assim os guardas para que descansassem na sombra das palmeiras nas margens do Nilo. Ao mesmo tempo que os guardas dirigiam-se para o oásis, os escravos colocaram-se a recolher algumas ferramentas e restos da construção, os engenheiros acompanhados do faraó dirigiram-se até a fortificação. Esta última, fora construída em pedra clara e arenosa, composta por uma torre de vigia e um prédio em anexo com dois andares que servia como depósito e alojamento.

Os guardas reais estavam descansando a sombra das árvores do oásis, enquanto os camelos bebericavam água diretamente do rio Nilo. Como desde o amanhecer o dia estava quente e abafado, sem nenhuma brisa ou sinal de chuva. Chuva esta que amenizaria a maior seca da história do Egito. O dia estava tão quente que a visão ficara turva e tremula ao olhar-se para o horizonte.

Assim, os guardas e escravos abanavam-se e refrescavam-se com canecas, as margens do rio. Foi neste momento que uma pequena massa de ar começou a movimentar as areias próximas, levantando uma nuvem de poeira. Logo a pequena brisa transformou-se em um vendaval. A nuvem de poeira e areia foi ficando mais densa, fazendo com que os guardas reais perdessem de vista a fortificação.

Em instantes, os mesmos estavam em posição de ataque e puseram-se a correr no meio da tempestade de areia que ali formava-se. Ao mesmo tempo, o pequeno forte era evacuado; todos corriam para fora em direção às palmeiras. No meio do caminho os dois grupos se encontraram e os guardas reais colocaram-se em torno do faraó, a fim de protegê-lo.

A tempestade de areia os pegou em cheio e em poucos segundos todos estavam cercados por areia e poeira. O vento criava espirais e carregava tudo que estava em seu caminho. Todos serravam os olhos para tentarem enxergar em meio à muralha de areia que os cercava. O faraó desnorteado, acabou caindo em meio ao grupo e tentava a todo custo se reerguer, quando um grande clarão se expandiu pelo deserto, como uma grande explosão.

O brilho atingiu tudo e a todos e os deixou cegos momentaneamente. Uma esfera de luz cercava a todos e os paralisava com um brilho reluzente e futurístico. No centro do grupo um ponto de luz azulado pairava no ar.

O Efeito ThothOnde histórias criam vida. Descubra agora