A areia era quente. O ar carregado e abrasador. O sol brilhava como mil bombas atômicas explodindo ao mesmo tempo no horizonte. Alex sentia-se cansado e quase cego por ter que correr, contra o vento, em direção ao topo de uma duna, enchendo suas roupas, tênis e olhos de areia.
Todavia, o sentimento que o mais preenchia naquele momento era o de impotência e frustração, por não conseguir mover suas pernas. Quanto mais tentava se mover, mais enterrava-se na areia, fazendo com que o cume da duna e a pessoa que lá estava caída, se tornassem inalcançáveis.
Quanto mais força fazia para desenterrar suas pernas da areia, mais o vento soprava e o enterrava novamente. Tudo o que conseguia fazer era estender os braços e tentar alcançar a pessoa a sua frente, desacordada e afundando na areia.
Com suas forças esgotadas, tentou pela última vez desenterrar-se. Impulsionando-se. Esticando-se ao máximo, seus dedos tocaram as roupas da pessoa que ele tentava ajudar. Movendo-se mais alguns centímetros, conseguindo agarrar a manga da camisa, a qual identificou como uma moça. Ao puxar seu braço, visualizou o rosto. A garota era jovem, com longos cabelos cor de chocolate, um rosto simétrico, porém os demais detalhes perdiam-se na confusão de vento, areia e poeira.
-Voo 321 com destino ao Cairo, embarque imediato no portão 20.
Alex largou a camisa da moça e tentou olhar para os lados e ver de onde vinha aquela voz. Porém, não conseguia ver nada através da tempestade de areia.
Aos poucos o calor foi passando, o céu escurecendo e o mundo perdendo forma. Vozes e sons estranhos gritavam dentro de sua cabeça.
-Alex, acorda, Alex! É o nosso voo sendo anunciado.
Com um grande clarão, a visão de Alex entrou em foco e ele estava novamente sentado em um banco pouco confortável. Com alguns segundos, lembrou-se que estava no Aeroporto Internacional Charles de Gaulle na cidade de Paris.
A sua frente em outro banco da sala de embarque, estava a moça que ele tentava em vão ajudar em seu pesadelo. Agora com as luzes amareladas do saguão, seu rosto estava mais nítido e Alex conseguia ver cada detalhe que a formava. Olhos castanhos, nariz arrebitado, maçãs do rosto vistosas e pele dourada, formavam o rosto da garota.
- Alex, vamos! Todos já estão indo para a fila de embarque e você já dormiu o suficiente.
A garota que o acordara e estava em seu pesadelo, chamava-se Sophie, sua melhor amiga. Estudavam juntos e eram membros da comissão de formatura, sendo ela presidenta do grupo de xadrez da universidade na qual estuda. Certamente seria homenageada na cerimônia de formatura, pelo brilhante desempenho universitário.
-Você está dormindo? Levanta ou vai querer ficar ai sentado sete horas, como ficamos em New York. - afirma Sophie.
-Calma, já estou acordado. – disse Alex,que levantando-se, recolhe sua mochila e os fones de ouvidos no banco ao lado. Meiosonolento acompanha Sophie à fila de embarque. Mentalmente conta os amigos eprofessores, sua preocupação é não esquecer ninguém em plena Paris.

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O Efeito Thoth
AdventureO jovem Alex Bass nutriu, desde sua infância, um forte apreço pela mitologia egípcia, tornando-se estudante do curso de história da Universidade de New York. Seu sonho sempre fora conhecer a Cidade do Cairo com suas magníficas pirâmides do Planalto...