Capítulo X - Por Valentina

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Fui para o trabalho mais cedo e pedi liberação a tarde para o Dr. Beltz a fim de tratar de um assunto pessoal. Já estava de saída na hora do almoço para me preparar para a audiência quando o meu telefone celular tocou. Era da escola da Tarcilla me avisando que ela tinha passado mal e havia sido encaminhada para o hospital mais próximo. Não me deram maiores informações sobre o ocorrido. Fui correndo e só deu tempo de ligar pra Rose e pedir pra ela passar na minha casa e buscar os documentos pessoais de Tarcilla e se encontrar comigo no hospital.

Quando cheguei ela ainda estava no ambulatório e não me deixaram saber muita coisa. Ela estava inconsciente e a enfermeira me avisou que ela estava bem. Fiquei do seu lado até a médica chegar e pedir a internação. Eu estava tremendo como uma vara verde, sem saber o que fazer. Quando a levaram para o 2º andar, a médica pediu que eu aguardasse do lado de fora, que ela ia ser examinada e iam retirar sangue para exames. Então depois de mais de uma hora de espera, a médica me chamou. E não foi só isso. Eu não sei como, mas o Lorenzo apareceu imediatamente após o chamado da médica. Aquela altura do campeonato eu não me importaria se chegasse o Papa.

- O que você tá fazendo aqui Lorenzo?

- O mesmo que você!

Depois eu cuido disso.

- Doutora, como ela está?

- Ela precisou ser sedada, porque estava com muitas dores abdominais. A febre também já está sob controle.

Sedada??? Minha Tarcilla não!

- Eu preciso que vocês fiquem calmos. Vou tentar explicar de uma maneira mais simples o que está acontecendo. Mas antes eu preciso fazer algumas perguntas, ok?

- A Tarcilla tem apresentado alguns sintomas de vômitos ou infecções urinárias nas ultimas semanas ou meses?

- Não. Somente a febre já se apresentou uma 3 ou 4 vezes nos últimos dois meses. Quando a levei no médico, eles trataram como virose. (respondo)

- Entendo. Ela possui alguma doença genética familiar? Por parte da família da mãe ou do pai?

- Não que eu saiba!

Olho para Lorenzo e essa é uma situação atípica. Não sei nada da família dele. Então ele responde:

- Não!

Depois de um interrogatório da médica, ela revela:

- Bem, nós já descartamos a apêndice. Ainda precisamos de alguns exames para confirmar, mas a princípio posso adiantar que a Tarcilla está com sintomas de complicações renais.

- Como assim Doutora?

- Não sabemos ainda se trata de insuficiência renal. Se for o caso, em crianças é uma condição grave que pode afetar o desenvolvimento, bem como o bem estar social e emocional da paciente. A doença se define como a falência parcial ou completa dos rins.

- Ahhhh meu Deus!

- Por favor "mãezinha", eu preciso da senhora calma, tudo bem?

Eu assenti, já com lágrimas nos olhos.

- Bem continuando, essa doença pode ser aguda ou crônica. A Aguda não deixa de ser menos grave, mas se for tratada precocemente e de forma adequada, pode ser reversível. A maioria das crianças que sobrevive a esse tipo de doença recupera a função renal o suficiente para viver uma vida normal. Já a crônica é muito mais delicada, é uma doença silenciosa e irreversível. Os sinais de falência do órgão aparecem quando já perdeu mais de 70% da sua função.

Eu não consigo mais ouvir nem entender nada. Só penso na minha pequena sofrendo.

- Então temos dois pontos. Precisamos confirmar se realmente é insuficiência renal e de qual das duas se trata a doença da Tarcilla.

Recomeço forçadoOnde histórias criam vida. Descubra agora