Capítulo 5

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Gisella acordou com o barulho da chuva forte e abriu os olhos já sabendo onde estava. Sentiu uma pequena decepção quando olhou para o lado e não viu Adan. Suspirou. Quando o momento de paixão acabou, ele pediu que fosse embora ainda naquele dia, lembrou, seu tom foi frio apesar da expressão suave.

– Arrume suas coisas. – ele disse imponente, se vestindo com atitude. – Quero que vá embora ainda hoje.

Claro que não poderia fazer planos para aquele dia, tinha pretensão de ir embora mesmo, como havia planejado anteriormente, mas isso foi antes de fazerem sexo. Mas, pensou num repente, o que teria mudado? Nada, respondeu em seguida. Certamente, Adan esperava mesmo que fosse embora ainda pela manhã. Sentiu outra pontinha de tristeza e engoliu seco.

O banho demorado foi uma despedida do chuveiro ali da casa de Adan. Secou-se vagarosamente exalando o perfume da toalha felpuda, seus olhos pousaram no chão, e ela se lembrou dos momentos de paixão ao ver sua camisa abandonada ali e estremeceu. Foi algo diferente de tudo o que já viveu, nunca sentiu tanto prazer nos braços de um homem. Teria ele percebido o quanto foi esplêndido com aquele sexo? Jogou a mochila nas costas e desceu certa de que aquele seria seu último dia em Ville Kood.

Encontrou Pietra sentada, tomando café em um copo de vidro. Costumes simples de alguém que morou em fazenda.

– Bom dia. – murmurou ruborizada.

– Sente-se, vou servir seu café. – ela disse em tom seco.

Obedeceu. Não sabia o quanto Adan já tinha dito sobre si, entretanto, a contar pelo tom frio e a expressão séria da outra, percebeu que algo ao menos ele tinha mencionado.

Sorveu um gole da bebida forte e respirou fundo.

– Está chateada comigo? – arriscou sem encará-la.

A princípio achou que ela não fosse responder, mas Pietra lhe lançou um olhar platônico longe de ser acusador.

– Como poderia? – deu de ombros. Em seguida sentou ao seu lado servindo as fôrmas á sua frente. – Adan me pediu para chamá-la de Giselle.

– Gisella. – corrigiu hesitante.

– Eu não preciso dizer que fiquei sim, chateada, mas não por mim.

– Ele contou tudo?

– Contou o que achou que devia. Não me diz respeito muita coisa, – ela comentou deixando o copo de lado. – porém, meu receio foi o que fez com ele.

– Eu não fiz! – defendeu-se.

– Calma, eu não estou julgando-a pelo passado que graças a Deus já passou. Aconteceu. Se foi.

– Então...?

Pietra encarou-a séria, agora seus olhos eram maternos, doces bem como suas palavras.

– Porque a mochila? – indagou apontando para suas costas.

Por quê? Pensou que fosse ouvir outra coisa e piscou várias vezes ao absorver a pergunta.

– Eu estou indo embora.

– Como pode? Está chovendo forte, – ela ergueu-se e abriu a porta, revelando o tempo pesado. – ninguém consegue sair da vila com este tempo.

Realmente, a porta aberta evidenciava um temporal feroz lá fora. Mas nem aquilo, podia segurá-la.

– Eu sei, mas acho que minha moto já está pronta.

Eu Corro Para VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora