Capítulo 02

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Confesso que o pedido de Liam me deixou atormentada. Eu não podia voltar para casa depois daquele baque, então fiquei a tarde toda andando pelas ruas de Londres, tentando ser o mais madura possível para não levar isso para o desespero. Caramba, eu não consigo me imaginar mentindo desse jeito para todo mundo para tentar salvar um relacionamento que eu sempre soube que nunca iria dar certo. E pior: eu não consigo me imaginar beijando Liam, segurando em sua mão ou trocando carícias. Somos amigos desde sempre e eu nunca o vi mais que um irmão. Não que Liam não seja atraente e bonito, na verdade, ele é muito, mas se tivesse alguma coisa para acontecer entre a gente, já teria acontecido há anos.

Ao mesmo tempo em que sinto que devo dar uma basta nesta história, sinto que devo ajudá-lo. Na verdade, eu não sei o que pensar nem o que fazer. Liam sempre me deu conselhos sobre tudo, mas agora quem está me deixando confusa é ele.

Sento-me em um banco em um parque próximo da minha casa quando recebo uma ligação. Procuro pelo celular dentro da bolsa, torcendo para que não seja Liam, pois odeio quando ele me pressiona. Olho no visor e abro um sorriso ao ver quem me liga. Rapidamente atendo a ligação e levo o celular ao ouvido:

- Pai? - Exclamo.

- Como você sabe que sou eu?

- Só você me liga de números restritos - suspiro.

Papai ri um pouco.

- Faz um mês que não recebo uma ligação sua - continuo. - Eu pensei que tinha acontecido alguma coisa com você. Sinceramente, eu estou muito preocupada.

- Eu tive que fazer uma viagem de última hora, Louisa. Eu estou em um lugar que quase não tem telefone e você sabe que não posso usar o meu enquanto eu estiver trabalhando. Nos mandaram para uma missão na Síria e tudo aqui está um pouco complicado. Estamos tentando resgatar o máximo de pessoas possível, mas tudo aqui é muito difícil, você sabe.

Olho para o céu nublado, segurando minhas lágrimas.

- Não gosto que você fique se arriscando nessas missões - suspiro. - Pai, você não acha que está na hora de parar? Você já deu o seu máximo, você já serviu ao seu país por quase toda a sua vida.

- Você parece a sua mãe falando - papai ri um pouco.

Acabo sorrindo ao me lembrar dela.

- Eu prometi para ela que cuidaria de você. Eu só tenho você - sussurro.

- Eu só tenho você também - sua voz vacila. - Eu vou ficar bem, eu sempre fico.

- Pai...

- Eu tenho uma boa notícia - ele me corta, tentando mudar de assunto.

Suspiro.

- Qual é essa boa notícia?

- O meu papel aqui na Síria está terminando e logo estarei voltando para casa - ele faz uma pausa. - Finalmente você pode vir morar comigo, meu amor.

Mordo meu lábio com força para conter um grito de felicidade, mas acabo derramando algumas lágrimas.

- Promete? - Minha voz está embargada.

- Prometo.

Ouço alguém no fundo da ligação chamar pelo meu pai.

- Lou, eu realmente tenho que ir agora... Eu sinto muito não poder ficar mais tempo falando com você.

- Eu entendo - umedeço meus lábios com a língua. - Só... Fica bem, certo? Por favor, não se machuque.

- Eu vou ficar bem - ele faz uma pausa. - Se precisar de alguma coisa ou de algum dinheiro, você tem o número da minha conta.

Namorados de MentiraOnde histórias criam vida. Descubra agora