One Life

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Hoje
Canadá
Uma lembrança

- O que foi aquela festa? Céus, estou exausta. - Me joguei no banco de trás do carro, dramatizando.
- Foi mesmo incrível - uma voz dissera ao se sentar do meu lado - Mas não foi a festa que me cansou - seus olhos se mantiveram fixos na janela, enquanto seus lábios tentavam conter uma risada maliciosa.
- Ah, não? - fiz me de desentendida.
- Com toda certeza que não, minha cara - disse sério, ao me encarar.

Ficamos nos olhando, até começarmos a rir descontroladamente, parei ao perceber que ele estava sério outra vez. O olhei confusa, e em questão de segundos, senti seus lábios tocarem os meus.
O beijo começará devagar e não demorou muito para se intensificar. Era o que eu amava entre nós, tudo sempre ser tão intenso. Senti sua mão tocar minha coxa, e ao receber aquele toque meu corpo inteiro se incendiou, me fazendo querer mais daquilo. Levei minha mão a sua nuca, o puxando para mais perto. Em um gesto rápido, ele parou de me beijar e tirou sua mão de onde estava. Mas ainda podia sentir o calor em minha pele.

- Por favor, não para - pedi.

Senti outra vez aquela mão quente me tocar, agora as duas seguravam meu rosto, enquanto sua testa encostava na minha. O encarei, ele ainda mantinha os olhos fechados, sua respiração estava pesada, assim como a minha.

- Eu te amo - dissera quase em um sussuro.

Senti um sorriso se formar em meus lábios, meu coração acelerar e uma felicidade crescente sobre mim. Ele abriu os olhos, e sorriu ao me ver sorrir. Coloquei minha mão em seu rosto, entre tantos sorrisos no mundo, aquele era o meu preferido. Percebendo que não havia dito nada, dei-lhe um breve selinho e ainda com meu rosto perto do seu.

- Eu.. eu também. - vi seu olhar se desviar do meu e encarar mais uma vez a janela. Não entendi, até que senti uma forte luz sobre nós. Estava vindo em nossa direção, de repente tudo escureceu.

Abri os olhos em um susto, meu coração estava acelerado, minha respiração ofegante e meu corpo molhado de suor.
Me endireitei na cama e fitei o teto, estava acostumada a ter sonhos como aquele mas isso era algo que eu estava disposta a deixar para trás também, mesmo sabendo que era algo que não estava sobre meu controle.

Resolvi tomar um banho para tentar espantar a preguiça o cansaço, e a dor no peito que aquele sonho trouxera. Para minha surpresa funcionará, não para a dor é claro. Sabia que nenhum banho, ou uma vida inteira seria capaz de arrancar aquela dor que carregava.
Senti as lágrimas se formarem em meus olhos, afastei uma que lentamente escorria em meu rosto, e junto com ela as lembranças do sonho.

Sai do banheiro, para procurar algo para vestir em minha mala que ainda continha todas as minhas roupas. Não tive tempo para desfaze-la, havia chegado tarde e me ocupado em esvaziar as caixas.

Escolhi um short jeans preto, levemente desfiado na borda e uma camiseta bege de seda, sem estampa. Quando terminei de me vestir e pentear meus cabelos que agora estavam com um comprimento consideravelmente grande, em um tom castanho escuro.
Desci para o andar de baixo, para tomar meu café da manhã.

Por sorte, ainda tinha alguns biscoitos que Sophie fizera. Peguei a vasilha e fui para sala, comi alguns enquanto assistia Nashville*. Uma coisa brilhante em cima da mesinha de centro, tirou a minha atenção da tv. Cerrei os olhos, e vi a caixinha de vidro onde guardará a flor de papel que Andrew me dera. Senti um súbito sorriso se formar em meus lábios, que logo desfiz ao abrir minha boca em O quando vi Jeff* cair da sacada.

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