Capítulo 10

505 42 0
                                    

A voz de Anahí começou a martelar em minha cabeça logo que terminamos de comer e quando o vinho em nossos copos acabou. A voz de Anahí era realmente irritante quando você estava tentando se concentrar, mas tudo o que conseguia fazer era escutar: "Se, eu repito, se você perceber que é a hora de 'dar mais um passo na relação' e apimentar um pouco as coisas, deixe-o conduzi-la... Não só os beijos, como as caricias e toda a situação... Mas isso apenas na primeira vez! Na segunda, mostre quem manda e seja uma verdadeira femme fatale!"

Ok, Anahí, obrigada.

Se eu quiser falar sobre sexo, posso muito bem pegar um telefone e ligar para um disk-sexo, um beijo.

Mas a voz continuava ali e pelo jeito não sairia nunca!

Christopher deve ter notado que eu estava quieta – o que, diga-se de passagem, é bem fácil de se reparar, já que eu nunca fecho a boca – e estranhou. Senti o roçar dos dedos dele em meu ombro, para depois subirem pelo meu pescoço e pousarem na minha orelha, afastando alguns fios de cabelo para trás dela.

Eu senti vontade de gritar.

Christopher era tão sensual e conseguia fazer com que os próprios movimentos fossem tão sensuais que chegava a dar raiva! Como ele conseguia? Como?

Aquela era uma pergunta que não queria calar.

— Uma moeda de ouro pelos seus pensamentos.

— Prefiro um beijo pelos meus pensamentos.

Ele sorriu enquanto aproximava e me beijava de leve. Ele sorriu quando eu abracei e me acomodei em seus braços. Ele sorriu quando eu sussurrei em seu ouvido: "estou pensando se você não quer conhecer o meu quarto..."

Como resposta, ele segurou firme em minhas duas coxas, ficando de pé comigo em seu colo e sorrindo ainda contra uma de minhas bochechas.

— Será um prazer. — ele respondeu, com a voz tão rouca que eu poderia ter um orgasmo fácil se ele falasse outra palavra naquela tonalidade...

Isso tigresa! Anahí gritou em minha mente. Acaba com ele!

Chega, né, Ana?

Câmbio, desligo!

"Oitava dica: dê tudo de si na cama."

— Uau. — ele disse.

— Uau. — eu repeti.

Não conseguia falar mais nada, nem se eu quisesse, e aquilo só acontecia em raras ocasiões... Digo, a minha boca ficar fechada.

Os meus olhos ainda estavam girando, como se estivessem em órbita, e tudo o que eu conseguia ver era os pontinhos que piscavam no teto do meu quarto como luzinhas de Natal. Christopher me deixara... Sem palavras.

— Se eu disser que agora eu tenho a certeza de que eu deveria ter encontrado você há mais tempo, soaria estranho? — a voz dele, tão rouca quanto antes, me perguntou, e eu balancei a cabeça, negando veemente.

— Não. — respirei fundo para conseguir seguir o assunto: — Eu acho que eu não sabia o que era sexo até hoje. — uma gargalhada (pude sentir que estava cheio de orgulho) saiu da boca dele e senti como o meu corpo era guiado facilmente por ele até os seus braços. — Nossa Christopher... Uau.

— Assim o meu ego infla.

— Que infle. — ergui o rosto para mirá-lo nos olhos. — Eu deveria ter escutado Anahí e ter ido pedir uma xícara de açúcar assim que você se mudou para o apartamento aqui de baixo... — ele deu outra gargalhada, só que dessa vez, mais alta.

— Sim, você deveria ter ido pedir uma xícara de açúcar... — o rosto dele se afundou nos meus cabelos, o suficiente para eu emudecer.

Minhas mãos ganharam vida própria e se perderam na barriga dele, assim como a minha boca procurou a boca dele sem nem eu perceber. Logo eu estava sentada sobre ele, beijando-lhe sem pudor, e murmurando em seu ouvido: — Segundo round?

Ele sorriu e respondeu: "pode acreditar que sim..."

10 Dicas de AnahíOnde histórias criam vida. Descubra agora