Capítulo 2

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— E qual é o nome dele? — Anahí me perguntou no celular no dia seguinte, enquanto eu tentava andar na esteira da academia do prédio em paz. O que era evidente que eu nunca conseguiria.

— Eu me esqueci de perguntar. — dei de ombros e voltei a fitar a televisão, que passava um programa de fofocas. — E também não era um momento propício...

— Ele se ofereceu para levar o seu lixo para fora...

— O que não é exatamente um pedido de casamento. — revirei os olhos e tomei um gole de água. — Anahí, eu nem deveria ter lhe contado isso! Eu sabia que a sua reação seria histérica.

— Olhe, Dulce, vou fingir que não estou escutando o que você me diz e vou lhe dar 10 dicas para você conquistar o seu vizinho-gato-do-andar-de-baixo.

— Eu não quero e nem preciso de 10 dicas, Ana...

— Você pode não querer, mas você precisa, acredite. — revirei os olhos mais uma vez, sabendo que não conseguiria fazê-la mudar de ideia.

— Então fale logo...

— É assim...

"... a primeira dica é: sorria. Sempre. Quando ele lhe falar algo, responda com um sorriso e com uma frase curta. Nada de frases gigantescas, Dulce María... Apenas sorrisos gigantescos!"

Como se fosse de propósito, assim que eu estava saindo da academia para voltar para o meu apartamento e tomar uma boa ducha, encontrei com o vizinho-gato-do-andar-de-baixo no salão, esperando o elevador. Eu bufei em silêncio, colocando a toalhinha ao redor de meu pescoço e terminando com a água da garrafa antes de me aproximar dele, pouco me importando em saber que estava queimando por total o meu filme com ele.

Uma hora eu era a mulher que não sabia cozinhar e por isso morreria ligando para disk-entregas e coisas do tipo. Na outra, eu era a mulher suada e nojenta.

Ótimo mesmo.

— Bom dia. — eu disse, sem dar nenhum sorriso apenas para contrariar Anahí, parando ao lado dele e esperando o elevador também.

— Bom dia. — ele me respondeu, sorrindo de leve e me encarando dos pés a cabeça. — Então alguém usa a academia do prédio... — o que ele disse me fez rir, pois realmente, ninguém sem ser eu usava aquela academia precária.

— Sabe como é, preciso perder as calorias da comida chinesa de ontem e de antes de ontem, da comida mexicana de terça-feira, da comida tailandesa de segunda-feira, da comida brasileira do domingo...

— Uau, você realmente deve gastar o seu salário por conta de não saber cozinhar!

— Hey, eu lhe disse ontem que sei fazer macarronada! Não posso ser considerada uma chef e tudo mais, mas sei me virar! — fiz uma careta, como se estivesse ofendida e depois mordi a minha língua. — Ok, eu não conseguiria viver de macarrão pelo resto de minha vida.

— Macarrão com ovos. — ele falou com simplicidade e com um sorriso nos lábios e a porta do elevador abriu.

— O que tem? — eu perguntei, entrando acompanhada dele.

— Você gosta de macarrão com ovos? — um sorriso também surgiu nos meus lábios e eu quis bater na Anahí por estar me induzindo a sorrir que nem uma idiota. — Sabe, macarrão, ovos, presunto, queijo...

— Eu gosto de macarrão com ovos.

— Eu também gosto. — ficamos em silêncio um andar, dois andares, três andares, quatro andares... — Você, hum, gostaria de... Sabe... Podemos combinar de um dia... Não sei, você faz o macarrão e eu faço os ovos e...

— Ah... — o meu sorriso sumiu e senti o meu corpo queimando em brasas. — É... Claro... Eu posso preparar o macarrão e...

— E eu os ovos...

— Sim, e depois juntamos tudo e...

— Sim... É...

Cinco andares. Seis andares. Sete andares.

— Amanhã de noite? — ele perguntou, tão sem graça quanto eu.

— Amanhã de noite. — eu concordei ao mesmo tempo em que a porta do elevador se abriu no andar dele e ele saiu.

Antes que a porta se fechasse outra vez, ele olhou para mim rapidamente com outro sorriso nos lábios e perguntou: — No meu apartamento ou no seu?

Ótimo. Parecia que estávamos marcando um sexo casual ou coisa do tipo, e não um jantar... Feito pelos dois. É.

— Para mim tanto faz.

— Então pode ser no meu dessa vez.

E a porta se fechou.

Qual era a daquele dessa vez? Significava que da próxima vez seria no meu apartamento? Quer dizer, próxima vez?

Meu Deus, ou eu estava ficando louca, ou ele já estava marcando um segundo jantar, hum, feito pelos dois e nem-um-pouco-encontro sendo que nem tínhamos tido o primeiro?

Ah, cara, seria bem mais fácil marcar um sexo casual!

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Amo tanto essa história que resolvi postar mais um pedacinho aqui! Leiam, favoritem e comentem que amanhã tem mais! Beijos de luz

10 Dicas de AnahíOnde histórias criam vida. Descubra agora