01 - 100km/h

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— Mãe, eu posso comprar um livro? Será rápido, eu juro! – perguntou Isabelle, ansiosa para entrar na livraria por onde passaram, enquanto seu pai dirigia de volta para casa.

— Eu já disse que não. Sabe que é perigoso ficar nas ruas a essa hora. – Sua mãe respondeu, autoritária.

— Qual o problema, querida? – o pai pergunta. – A loja está aí em frente.

— Pois é! Deixa mãe, por favor!

A mãe assentiu, dando-lhe uma nota de vinte. De longe podia-se ver o carro, enquanto entrava na loja. A garota passava as mãos por seus longos cabelos ruivos, indecisa, olhando para os diversos livros que estavam a seu dispor.

Mordeu o lábio inferior olhando em volta. Era uma loja pequena, a cada passo que dava, podia sentir o remoer do piso velho de madeira, assim como as paredes, que estavam com a tintura descascando.

O vendedor era um homem idoso, cabelo grisalho, parecia irritado com algo. Estava sentado numa cadeira de balanço marrom, limpando uma das lentes de seu óculos na camisa.

Voltando sua atenção para os livros, notou que em cada estante de mármore, tinha uma plaquinha na lateral escrito Romance, Aventura, entre outros diversos temas.

— Com licença, quanto custam esses– foi interrompida pelo homem, que apontou para uma cartolina, onde tinha escrito: TODOS OS LIVROS POR 22 REAIS! NÃO PERCA ESSA PROMOÇÃO! – Ah, sim. Desculpe a pergunta.

Deu uma leve risada, ao escutar o homem murmurar algo como "esses jovens não prestam mais atenção em nada ao seu redor".

Assim que viu um que chamou sua atenção, foi em direção ao carro pegar mais dois reais, quando tudo aconteceu. Um caminhão, a mais ou menos 100 quilômetros por hora, com sua buzina alta e ensurdecedora chocando-se contra o carro de seus pais, lançando-os a vários metros de distância.

Em um grito, as lágrimas saíram. Juntando todas as suas forças, correu em direção ao carro, vendo as chamas cobrindo o mesmo por inteiro enquanto aquela fumaça se espalhava pelo céu. Eles estão... Mortos? - ela se perguntava, tentando se aproximar sem muito sucesso graças a quentura que rodeava o carro.

Parou de andar então, quando viu um grande vulto passar por ela, a fazendo gritar olhando em volta, com sua respiração acelerada, era uma longa estrada de terra, só o que tinham eram algumas pequenas lojas, quase todas fechadas.

Viu o vendedor da livraria correr em sua direção, a bombardeando de perguntas, as quais ela não conseguia responder. Não conseguia pensar, a única coisa que se passava por sua cabeça era sair dali.

Quando ouviu os vários passos de pessoas se aproximando é que a vontade de sair ficou mais forte. E foi o que fez. Começou a correr sem direção, tropeçando e despejando as lágrimas que não paravam de escorrer pelo seu rosto, que antes continha um sorriso, mas agora um emaranhado de confusão.

De longe avistou uma luz, rezando para que fosse algum caminhão que a levasse de encontro a morte também, mas era apenas um homem. Alto, forte, cabelo escuro e olhos vermelhos. Vermelhos como sangue, sua pele era tão pálida quanto uma folha de papel e sua beleza tão encantadora que chegava a ser inacreditável. Olhando para ele, tinha certeza de que estava diante de um anjo.

Foi então que ele começou a se mover até ela, devagar. Quanto mais ele chegava perto, mais alto o alarme em sua cabeça tocava, como se dissesse "perigo". O homem mantinha uma aparência relaxada, despreocupada. Caminhava sem pressa até ela com toda a calma até que parou bem a sua frente, sorrindo.

— Quem é você?! – Perguntou assustada, dando passos para trás.

— Christian Underwood. Prazer em conhecê-la pessoalmente. — O homem a cumprimentou, beijando as costas de sua mão.

***
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