Se tinha uma coisa que Charlotte odiava, eram os caldeirões das bruxas. Tinham alguns espalhados pela floresta de leporem, como uma forma de marcar o território delas.
A parte ruim, é que aqueles caldeirões tinham um odor horrível - proposital, claro, para afastar os humanos, já que pra eles além de um odor terrível, dava a sensação de seu corpo estar se queimando por dentro, como se chamas estivessem saindo de dentro pra fora.
Enquanto pisava em uma aranha que tentou chegar perto dela, Charlotte olhava em volta, escutando atentamente qualquer som que significasse a presença de mais alguém ali.
Estava tudo escuro, sombrio. Os bruxos gostavam daquilo, era o canto de paz deles. Tinham várias folhas secas pelo chão, o que dificultava a passagem silenciosa, fora os vários insetos que apareciam.
- Por que "larem"? - perguntou, quebrando o silêncio entre ela e os dois meninos.
- É em latim, significa "encanto". - Jonathan respondeu. - Pare de pisar nas aranhas e continue andando, Char.
- Elas me dão nojo, ficam com essas patinhas tentando subir nas minhas botas! - disse a garota, resmungando.
- Sabem outra palavra em latim? - perguntou Christian. - Tace.
- "Tace"? - perguntou Charlotte. - O que significa?
- Cala a boca! - respondeu, olhando para a garota com uma expressão irritada.
Charlotte se calou, revirando os olhos enquanto continuava andando. Sabia que o combinado tinha sido de que todos deveriam ficar calados e prestar atenção em qualquer barulho suspeito, qualquer sinal de bruxos.
Pisou mais uma vez em um inseto, quando ouviu um barulho. Parecia um galho se quebrando, ou alguém andando por folhas secas, não sabia ao certo, mas os outros pareceram perceber já que pararam de andar e prestavam atenção no lugar de onde o barulho veio.
Em um rápido movimento, todos pegaram suas espadas, Jonathan apertava o cabo com força, esperando alguém aparecer. Christian tinha uma expressão relaxada, tinha uma adaga na mão esquerda e uma espada grande na mão direita, atento dos dois lados da floresta.
Mais uma vez ouviram aquele barulho, dessa vez mais alto.
- Vamos nos separar, assim fica mais fácil encontrar alguma coisa. - sugeriu Charlotte, começando a andar.
- Certo. - disse Jonathan. - Tomem cuidado e concentrem-se nos sons.
Todos afirmaram e então começaram a andar em direções opostas, focando no barulho que tinham escutado anteriormente.
Charlotte respirou fundo, andando mais um pouco até que viu um vulto preto passando entre as árvores. Segurou com mais firmeza o cabo da espada e chegou mais perto daquela sombra, que aos poucos ia dando a forma de um homem.
Ele estava com as costas encostadas no tronco de uma das árvores, tinha o cabelo tão escuro quanto o céu e os olhos no mesmo tom, talvez até mais negros. Era alto, forte e lindo, extremamente lindo. Ele tinha uma beleza que Charlotte jamais tinha visto antes.
Soltou a espada, enquanto o homem se aproximava e ficou olhando em seus olhos. Era algo hipnotizante, fantástico. A loira sentia uma forte atração por ele e aumentava ainda mais a cada passo que ele dava em sua direção.
Assim que já estava bem perto, o homem levantou uma das mãos, acariciando o rosto de Charlotte, que sentiu a pele queimar com o toque. Mas não se importava. Ele era um anjo. Seu anjo. Sabia que poderiam ser felizes para sempre, juntos. Ele iria protegê-la, não importa o que acontecesse.
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Protetores - O muro de Krapios
FantasyApós a morte de seus pais, Isabelle Fretcher se depara com um mundo novo, com pessoas novas, descobrindo coisas que ela achava não serem reais. Tudo isso aconteceu graças a Christian Underwood, que lhe mostrou essa nova forma de enxergar o mundo...