Brinco de ser pessoa,
Encho-me de sonhos
Ideologias, visões.
Construa minhas mãos:
Tão grande a palma
Para caber meu mundo.
Construo meus pés:
Firmes como raiz.
De peito aberto ponho
Órgãos, ossos e músculos.
Coloco o sangue,
Terá sangue vermelho
Como a terra em que nasci.
Dou-lhe olhos,
Verá o belo mundo.
Dou-lhe ouvidos,
Escutará belas canções.
Dou-lhe o tato,
Sentirá o medo.
Dou-lhe a boca,
Contará histórias.
Dou-lhe nariz,
Sentirá o doce perfume.
Falta a alma,
Será sofrida,
Fria como noite...
Seca como deserto...
Terá medos
Preceitos, vazio
Inveja, raiva, rancor...
Mas nem tudo é dor,
Terá fé no final.
Crio uma pessoa
Dentre todas as outras
O que te faz minha?
Nada, está solta.
Voltarei a vê-la?
Um dia, talvez,
Será minha.
Sou uma pessoa
Dentre todas as outras.
Quão sozinho sou
Pra criar outra.
E o ciclo continua...
Brinco de ser pessoa...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ensaio sobre a madrugada
Poesiaviva de narrar visões e não minhas histórias, pois estas posso subverter e colocar minha ideologia.