Capítulo 2 - Selvagem

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Perdoem a minha demora, minha saúde não anda a das melhores então eu tenho alternado entre dores e escrita. Diminui o capítulo para não ficar tão mais cansativo. Obrigado.


Talvez nada aparente tenha mudado, mas então, surpreendentemente na semana seguinte a escola inteira sabia que eu me chamava Heric e então todos começaram a me cumprimentar na segunda-feira, foi tudo muito louco, me sentia uma estrela.

-Chegou o melhor vocalista de Sullísman. -Cumprimentou-me a negra.

-Bom dia, a mais exagerada. -Sentei-me ao seu lado.

-Como tem passado? -Perguntou, olhando para frente.

-Com tédio, e você?

-Na boa.

Olhei para a frente e pela primeira vez eu pude ver claramente aqueles olhos verdes. O mesmo cara das últimas vezes vasculhava o pátio da escola em busca de alguém, até que seus olhos verdes vivos encontraram os meus. Foi como se uma forte onda de eletricidade corresse por entre minhas veias. Aquele olhar me hipnotizou, me tirando qualquer outro foco. Seu olhar era provocador, quase selvagem. Por um momento eu esqueci do lugar em que me encontrava e de todas as pessoas que ali estava, essa troca só foi cortada por uma cabeça loira que entrou na frente daquele homem.

-Alô, querido? É da terra, isso mesmo, planeta terra.

A negra estralava os dedos em minha frente, me puxando pra realidade.

-Desculpa. Do que estava falando? -Pergunto.

-Na verdade nada, só vi que você estava realmente muito aéreo e quis te chamar pra realidade porque sou estraga prazer.

Sorri e voltei a procurar o mesmo dono do olhar no meio daquele monte de gente e acabei não encontrando, ouvindo um agudo sinal nos avisar que era hora de ir para as salas.

Entrei e sentei-me na cadeira, olhei pela janela e pude perceber que o céu estava mais azul do que nunca. Uma garota loira sentou em minha frente, sorrindo, eu logo lembrei de onde a vi.

-Olá, eu sou Lorena. -Esticou a mão e eu a apertei.- Você é o garoto que canta bem né?

Sorri.

-Olá, eu sou Heric. -Ela confirmou com a cabeça.- E sim, dizem que canto bem, tipo minha mãe.

Rimos e ela inclinou um pouco a cabeça, me observando.

-Tenho um convite irrecusável a te fazer. -Arrumou-se na cadeira e me olhou com maior intensidade. -Meus pais têm um restaurante. Um ambiente muito legal e romântico, e eles estavam querendo fazer algo especial esse final de semana, como música ao vivo, só que não queriam sertanejo, e estávamos a procura de alguém pra cantar.

Já sei quem falou de mim, querem ver?

-E então a Margot nos mostrou um vídeo seu cantando, daquele dia que veio uma cover na escola e eu faltei. Então pensei “uau, ele é perfeito. Canta bem, com alma e força.”, mostrei aos meus pais e eles amaram. Agora estou quase te implorando pra cantar lá no sábado. A gente paga.

Eu já tinha pensado em aceitar antes mesmo de ela envolver o dinheiro, mas com isso foi um empurrão, afinal, nem só de elogio vive um artista. Além do mais, seria ótimo para que mais pessoas me vissem.

-Eu aceito, claro. -Sorri.

Ela quase pulou em meu colo de felicidade.

-Ótimo, muito obrigado. Eu te mando mensagem acertando o valor e tudo o que você vai precisar.

Assim que a loira levanta o professor entra na sala para dar sua aula, e a primeira coisa que passa em minha mente é “Será que o cara dos olhos verdes estará lá?”.

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