Capítulo 3 - Note

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Capítulo 3 - Note

Sempre ouvi dizer que o passado sempre será importante pra sua história, independente de como ele tenha sido, mas um passado forma um futuro. Eu não sei se concordo com isso, mas acho bem interessante essa visão.

As vezes eu sou realmente nostálgico, e hoje é um dia assim, em que eu paro para lembrar tudo aquilo que já me aconteceu. Relembrar é viver.

Acordo assim que o despertador faz o seu escândalo matinal ao meu lado, levanto-me arrastando e vou ao banheiro, quando me preparo para tomar um banho, ouço minha mãe gritar:

-Heric, desce aqui.

Visto um roupão e desço, encontrando uma senhora muito elegante com seu terno azul clarinho e o cabelo em rabo de cavalo.

-Você não tem aula hoje, sua diretora ligou e ele estão resolvendo um vazamento na escola. Eu estou indo para uma reunião agora, volto tarde, eu acho. Seu irmão está dormindo mas logo acordará para ir a faculdade. -Pegou sua bolsa e chaves, me dando um beijo na testa logo em seguida.- Só tente deixar a casa em pé, okay? Te vejo mais tarde.

Saiu e logo em seguida ouvi o barulho de motor do carro. Virei-me e subi para meu quarto, me joguei na cama e peguei meu celular. Entrei em redes sociais e fui passando e olhando as publicações alheias. Acabei pegando no sono de novo.

"O local estava escuro, e eu podia ouvir um barulho de gotas caindo freneticamente, havia uma respiração ao meu lado, um perfume que eu já conhecia, mil coisas vieram há minha cabeça, até que uma luz fraca, vinda de uma janela iluminasse aquele local todo, quando minha visão se acostumou. Era um quarto, parecia um quarto de hotel de estrada, e ao meu lado estava a pessoa que mais me machucou, totalmente nu, coberto apenas por um lençol azul, Enzo respirava tranquilamente, um sono tão relaxado que me irritou, levantei, ainda nu, e procurei por qualquer roupa que aparentava ser minha, achando apenas a cueca e a vestindo, fui em direção a porta.

-Fica mais um pouco. -Pude ouvir sua voz ainda mais grossa pelo sono, seus olhos semiabertos passeavam pelo meu corpo.

-Vai à merda! -Respondi.- Cade minhas roupas?

-Eu te digo se ganhar mais um beijo. -Riu.

Idiota.

-Tudo bem, eu vou de cueca, qualquer coisa pra ficar bem longe de você. -Revirei os olhos.

-Ontem você queria ficar bem pertinho de mim, inclusive parecíamos um corpo só. Você foi melhor do que nunca. -Sorriu.

Ah, aquele sorriso que me fez ceder tantas vezes, que me fez repensar um milhão de vezes, e que me tirou todos os problemas durante algumas noites e foi um deles em tantos outros dias.

-Isso foi quase um abuso e você sabe disso. Tinha droga na bebida que aquela garota estranha me fez beber. Mas pode ficar tranquilo, não voltará a acontecer.

-Por que? -Sentou-se na cama. Seu corpo negro e definido parecia ainda mais irresistível.

-Porque eu não vou ser mais o seu brinquedo sexual, sentimental, ou qualquer outra coisa. Eu cansei desse jogo de pegar e largar. -Pude sentir as lágrimas se formando em meus olhos, e respirei fundo.

-Qual é? A gente se pega, se curti, tem uns momentos legais, se gosta, precisa mais que isso?

-Preciso, é lógico que eu preciso de muito mais que isso. Mas eu não vou discutir com você, okay? Apenas não me procure mais.

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