rio de janeiro, dezoito de abril de 2015
"Não estamos preparados para grandes mudanças. O ser humano, infelizmente, aprendeu a viver seus dias pautados na inércia e sobriedade. Não nascemos para aguentar grandes abalos sísmicos, grandes terremotos ou ainda as grandes guinadas que só a vida, em seu antagonismo poético entre lucidez e loucura, consegue realizar. Mas a verdade é que a vida, em si, já é um abalo sísmico.
Abalos sísmicos mudam algumas rotas. Caminhos se sobressaem diante de outros, ou ainda transpassam alguns. Algumas vezes, eles desfazem alguns nós para reatar outros. Nada foge do controle do destino, e o nosso papel diante da vida é manter mente e coração equilibrados, maduros e sadios para os grandes abalos que sofreremos "a posteriori", sejam eles bons ou não tão bons assim. A vida é a tradução perfeita da expressão muçulmana maktub: estava escrito. Nada barra a ação implacável do destino.
Não estamos preparados para grandes mudanças, mas isso não quer dizer que não possamos fazê-lo ao longo da nossa caminhada pela terra. A cada dia somos surpreendidos pela implacável dominação do destino. Onde vamos, o que fazemos, com quem falamos e quem conhecemos. Nada, nada foge do controle do destino. Nem mesmo os abalos sísmicos.
Pode ser que sua vida esteja prestes a sofrer um desses abalos. Você está preparado?"
"Acerto de contas com o destino", de Amélie Von Doorf, foi o livro que eu escolhi para ser meu companheiro de cabeceira. Sempre acreditei na "ação implacável do destino" sobre nossas vidas e sobre tudo aquilo que fazemos, pensamos e falamos. Nada, absolutamente nada foge do seu crivo na hora de escrever nossas histórias. E era isso que fazia minha cabeça latejar em plena madrugada. Eu era covarde diante da vida. Tinha medo que minhas escolhas influenciassem negativamente a ação do destino sobre mim.
E de escolhas negativas, meu amigo, ah... Essas eu conheci bem, detalhadamente. Pensar nelas foi quase automático. Comecei a olhar para o teto, a cantarolar uma música qualquer, mas as lembranças vieram com mais força do que eu imaginava. Não que doesse pensar nisso, mas lembrar me colocava ainda mais contra a parede; "e se tudo isso influenciar no meu destino?". Mal sabia eu que meu destino já havia sido traçado. A Amélie, inclusive, pontua isso em seu livro.
"Sobre o destino.
Já estamos fadados ao destino. Não existe ação ou reação que mude aquilo que está preparado para nós. Quem escreveu nossa história, a fez com caneta esferográfica azul. Nossas ações podem tardar ou adiantar algumas coisas, mas mudá-las drasticamente, jamais. Entenda uma coisa: aquilo que está predestinado a ser seu, será seu. Talvez hoje ou mês que vem, mas será. Enquanto o que é seu não vem, prepare sua alma. A vida continua sendo um completo jogo de abalos sísmicos".
Há um tempo, meu destino se cruzou com o do Lucas, um rapaz meio baixinho, de barba por fazer, olhos azuis e cabelo preto que, coincidentemente, cursava o último ano do ensino médio no mesmo colégio que eu. Como sempre acontece nas histórias ficcionais, ele era o garoto mais bonito do colégio e todas, absolutamente todas as garotas com quem já havia conversado diziam ter uma quedinha por ele. Eu me orgulhava em dizer que nunca havia gostado dele, até dizia que ele era "nojento demais para o meu gosto", mas acabei me contradizendo um tempo depois.
Aos dezesseis anos, só havia namorado um rapaz, o Rafael. Fui apaixonada por ele durante bastante tempo, mas quando começamos a namorar, o encanto simplesmente acabou. Sempre deixei que o destino fizesse o trabalho dele em paz, sem muitas interrupções minhas. Depois de terminar com o Rafa, prometi para mim mesma que não iria correr atrás de ninguém. O destino faria sua parte e traria a pessoa certa para mim na hora certa.

VOCÊ ESTÁ LENDO
rio, são paulo e um caso de amor
RomansaMariana é uma carioca que acredita piamente na ação do destino. Tem como livro de cabeceira o romance "Acerto de contas com o destino", de Amélie Von Doorf, e vive repetindo por aí que "o destino é uma boa peça da vida para unir outras vidas". Para...