Maria Eduarda - A prostituta

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"Lá, lá, lalá, lá, lá, lá, lalá, lalaá!"

São muitas crianças reunidas, meninos e meninas, felizes em viver sua inocência sem maiores preocupações na vida além do que comer no almoço ou qual desenho assistir depois que voltarem da escola. Brincar na rua com os amiguinhos que é muito gostoso, não? Qual criança não vive essa realidade? Acho que nenhuma.

- Maria Eduarda! - A mãe dela está bem irritada, e gritar assim é tudo que precisa para atrair atenção de todo mundo que esteja passando pela rua, e isso é ótimo! - Vem aqui agora!

A menina se aproxima da mãe com cuidado e um pouco de medo e logo é agarrada pelo braço, num apertão que deve estar doendo muito agora. A meninininha já está chorando, pois as unhas de sua mãe sendo enfiadas em sua pele fina e macia machucam bastante.

- Se você continuar desse jeito vai ficar igualzinha a sua tia! - A mãe da menina cospe as palavras na cara dela. - Uma vagabunda! Uma prostituta!

A mãe irritada volta para dentro de casa e em seguida as crianças fazem uma ciranda ao redor de Maria Eduarda e começam a girar e gritar:

- Prostituta! Prostituta!

Ela tampa os ouvidos mas não vão ser seus dedinhos delicados que vão fazê-la deixar de ouvir os gritos de seus amiguinhos, num coro de ofensas.

Mais tarde, Maria Eduarda está encolhida num canto da sala, ainda chorando por todas as coisas feias que sua mãe lhe disse na frente de todos os seus amigos, quando seu pai chega. Maria Eduarda corre para seus braços num abraço carinhoso. Ele é o único que entende como ela se sente, sempre cuidadoso e pronto para dar-lhe amor.

- E aí, filhinha? - Ele pergunta enquanto acaricia sua cabeça com delicadeza. - Já está quase no ponto, não? - O pai de Maria Eduarda pergunta baixinho em seu ouvido enquanto a conduz para perto do sofá, onde senta confortavelmente. Ele sabe que neste horário a esposa está muito ocupada com a preparação do jantar, então pode divertir-se um pouco com a filha sem maiores interrupções.

"A boca tem poder para dar vida e morte, a boca tem poder para dar vida e morte, a boca tem poder para dar vida e morte."

- Vem cá sentar no colinho do papai! - Ele chama com a voz rouca, quase num sussurro, batendo com as mãos nas próprias coxas, mostrando a própria filha o que deve fazer.

"Colinho do papai, colinho do papai, colinho do papai."

Alguns anos depois Maria Eduarda vai para a balada, ela ainda é adolescente mas já sente como se fosse uma mulher e age como tal. A vida mostrou-lhe desde cedo qual era o seu lugar, seus pais mostraram a dureza da vida através de suas ações e ajudaram-na a moldar um caráter duvidoso. Suas roupas são provocantes e sensuais, ela abusa dos decotes e nos cortes de saia mostrando a maior parte de seu corpo. Tem um grupo de rapazes ali do lado de fora da boate e ela sabe o que eles querem de verdade.

- E aí, gato? - Sua voz é doce, mas decidida. - Está a fim de um programa?

Logo ela é cercada pelos rapazes que começam a tocar seus cabelos e braços, fazendo carinhos indecentes.

- Satisfação garantida! - Ela ri orgulhosa. - Já falei essa frase milhares de vezes, ainda mais para um gato como esses!

Maria Eduarda está cercada de todos os lados e eles começam a apertar seu braço, mantendo-a presa.

- E aí, moreninha? - Um grita e bagunça seus cabelos. - Nós queremos de graça!

- O que é isso? - Ela grita e tenta se desvencilhar, mas eles são muito mais fortes que ela e tentam tirar sua roupa. - Parem, me soltem!

- Ah, você não vale nada! - O outro grita. - Tu é um lixo!

Eles a empurram para longe enquanto gritam:

- Lixo! Lixo! Lixo!

Com raiva ela se levanta do chão e limpa a sujeira de suas roupas.

- Eu sou um lixo mesmo! - Admite em voz alta enquanto o grupinho se afasta sem ao menos dar-lhe atenção. - Tenho apenas 14 anos e a vida inteira pela frente!

Ali perto na calçada da boate, a pequena missionária observa tudo, mas não consegue ficar calada ao ouvir as palavras daquela menina tão jovem.

- E se você morrer? Para onde você vai?

- Eu não tô nem aí para a morte! - Maria Eduarda fala ainda irritada. - O importante é que Satanás me dá dinheiro enquanto estou viva.

- Jesus quer te dar algo melhor que dinheiro. - A anã fala com carinho. - Ele quer te dar paz, amor, carinho. Saiba que Ele pode fazer abundantemente mais do que pedimos ou pensamos. Saiba que Jesus te ama.

O Jardim do Inimigo - CIA NISSIOnde histórias criam vida. Descubra agora