Dona Maria - Sua filha é drogada

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A vizinhança estava agitada naquele dia, as mulheres na rua conversando fiado e suas crianças brincando alegremente na calçada, mas o ponto alto foi a descoberta máxima, algo horrível estava acontecendo com a filha da Dona Maria, todos do bairro já sabiam e aquilo já tinha virado um escândalo enorme.

- Vem cá, vem cá, vem cá! - A mais jovem do grupo de mulheres chama atenção de Dona Maria, que não sabia de nada que andava acontecendo com sua própria filha naquela vizinhança, ela sentia que era sua missão contar a verdade para a pobre mãe da garota. - Não é por nada não, viu? Mas andam dizendo por aí que sua filha virou a maior drogada.

"Drogada! Drogada! Drogada!"

Fazia tempo que a menina estava envolvida com os caras barra-pesada do bairro. Começou a fumar baseado por causa de um desafio perdido, mas logo não conseguia ficar muito tempo sem a droga. Era difícil conseguir dinheiro para sustentar o vício, mas ela faria qualquer coisa que fosse preciso, tudo que estivesse ao seu alcance para conseguir mais.

Quando soube que Dona Maria descobriu que estava usando drogas, logo correu para casa pois precisava desmentir aquela história o quanto antes.

- É tudo mentira mãe! - Ela gritou. - Essa vizinha que é uma fofoqueira.

- Que história é essa de drogada, menina? - Dona Maria quis saber da história contada pela vizinha, que ela era incapaz de acreditar. Sua única filha não poderia estar envolvida com drogas, era absurdo demais. Sua voz estava muito alterada e apontava o dedo no rosto de sua filha enquanto falava. - Eu não criei filha para...

A mulher não pôde terminar de falar, pois a garota deu-lhes as costas, visivelmente entediada por causa daquele sermão ridículo, e estava saindo da sala.

- Não vira as costas para mim! - Dona Maria gritou irritada e a puxou pelo braço.

- Quem você pensa que é? - A garota voltou-se com o olhar cheio de ódio, gritando muito.

- Sou sua mãe! - Dona Maria rebateu. - Não faça assim comigo!

- Você nunca cuidou de mim! Você é uma maldita! - A garota gritou de volta, segurando a mãe pelo ombro com força. - Eu odeio você! Vou quebrar a sua cara!

A menina jogou o corpo com força sobre sua mãe, fazendo-a cair no chão e desferiu vários golpes com toda força que tinha, a mulher era menor e não conseguia reagir ao espancamento, limitando-se a chorar e a tentar se desvencilhar como podia.

"E foi assim que nessa família uma mãe sofreu por sua filha."

- Sai daqui!

Dona Maria gritou quando a menina cansou de lhe socar, ou talvez pelo efeito das drogas que a estivessem deixando sem forças, e aproveitou a deixa para empurrá-la para longe. 

- Quer saber de uma coisa? - A mulher ergueu-se do chão, humilhada por ter apanhado de sua filha drogada. Ciente demais que tudo que ouviu era a mais pura verdade. 

Dona Maria arrastou a garota para fora de casa apenas com a roupa do corpo, movida pelo ódio que sentia naquele momento, tirou forças de onde não sabia que tinha. Empurrou-a para a calçada aos berros

- A partir de hoje você morreu pra mim! Você não é mais a minha filha! Você vai viver na rua!

 "Rua! Rua! Rua!"

Na vizinhança logo começou o falatório. As mulheres mais uma vez se reuniram na calçada para comentar a respeito das novidades e todos observavam a garota jogada no chão, tão dominada pelo efeito das drogas que consumia que era incapaz de levantar-se do chão.

- Vocês viram só? A filhinha da Dona Maria foi expulsa de sua casa.

- É!! - Um rapaz que havia crescido com a filha de Dona Maria comentou com desprezo. - Essas drogadas aí "tem tudo" que morrer mesmo!

- Tudo que morrer queimada! - Uma das mulheres gritou.

- Esfaqueada!

- Enforcada!

A garota ouviu as palavras que foram ditas a seu respeito e mais raiva acumulou-se dentro dela.

- Eu tô me lixando pra vocês! - Gritou para os vizinhos que ainda a olhavam com nojo. - A vida é minha, o corpo é meu, eu faço dele o que eu quiser e ninguém aqui manda em mim, não!

- Saiba que todas as coisas são lícitas, mas nem todas te convém. - Uma voz suave falou de um lugar próximo a drogada que estava jogada na calçada. Era a pequena missionária, que estava ali, observando todo aquele caos. - Saiba que Jesus te ama!

- Eu mereço! - A drogada finalmente levantou-se do chão e jogou as mãos para o alto em deboche. - Gente, fumar maconha não é pecado não, cara! Não foi Deus que fez a maconha?

Ela olhou para a missionária e fez uma careta de deboche. - Eu vou para o céu igual a você, vou sentar do lado do cara e puxar um baseado louco ainda, você vai ver.

- Você tem liberdade pra fazer o que quiser. Você é livre. - A anã respondeu com calma. - Só que não seria melhor ser guiada pela vontade de Deus, que é boa, perfeita e agradável?


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