01| A Rodovia Zero Acidentes

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EU ESTAVA DORMINDO QUANDO UM ARREPIO PERCORREU TODO O meu corpo. Meu coração descompassou, mas logo percebi que não era um mau sinal. Não tinha nenhum demônio na beirada da cama para me puxar pelo pé, pelo contrário, ele parecia mais com um anjo.

Seu corpo quente subiu deslizando contra o meu, os pelos curtos crescentes faziam minha pele pinicar. Já excitado, deixei escapar um longo suspiro. Logo seus lábios começaram a beijar meu abdômen e subiram lentamente até parar em meu ouvido.

— Eu te amo, Tomtom...

O hálito era quente e ao mesmo tempo fresco como uma leve brisa, seu tom rouco tinha um ritmo tão lento que era quase musical.

Nossos lábios se tocaram. Eu queria respondê-lo, mas nada escapava de minha garganta, senão gemidos. Eu sabia a quem pertencia a boca que me beijava, assim como a mão que pressionava minha virilha e ao me dar conta disso, o beijei com todas as forças que tinha.

Os gemidos ressoavam pela leve escuridão do quarto, seus pelos arranhavam minha pele e uma força devassa tomava por completo minha mente, corpo e espírito. Me contorci debaixo dele, algo dentro de mim estava vindo rápido como um trem-bala, mas ao mesmo tempo era como algo perdido na escuridão em busca de um ponto de luz que não estava tão perto.

A ânsia por prazer só aumentava a cada segundo, como uma avalanche de proporções catastróficas prestes a arrasar uma nação inteira. A atmosfera estava quente, mas eu me arrepiava, me contorcia, gritava.

Biiiiiiip!

Uma buzina ecoou e ao abrir os olhos percebi que tudo não tinha passado de mais um sonho. Para ter certeza de que não era real, coloquei a mão dentro da cueca.

— Que droga! — Era a terceira vez que isso me acontecia em uma semana. Um recorde!

— Thomas, acorda! — Mamãe gritou, batendo na porta.

Levantei nervosamente apressado antes que ela entrasse no quarto, mas acabei tropeçando no lençol e me estatelando no chão. Daí já era tarde demais, ela entrou.

— O Max já está à sua espera querido... — ela olhou para baixo e eu gelei — o que é isso aí na sua mão? — Mamãe parou confusa ao perceber minha desordem.

Olhei para os lados em busca de alguma desculpa válida, mas não encontrei uma melhor que esta:

Atchin! — Fingi enxugar o nariz — é apenas coriza mãe, você sabe que eu estou resfriado. — Eu disse totalmente desconfiado.

Mamãe apenas continuou me olhando com a sobrancelha arqueada, até que resolveu sair. Assim que ela fechou a porta, corri para trancá-la. Da janela, vi o jipe de Max no gramado, então corri para o banheiro e tomei um banho bem cuidadoso, apesar de rápido.

Lavei o rosto duas vezes procurando não lembrar do que tinha acabado de fazer.

A buzina ecoou outra vez e eu me vesti apressado, calcei os velhos coturnos cor de café e joguei uma muda de roupa na mochila do Star Wars, além de um livro e uma porção do que eu sempre gostei de chamar de "coisas necessárias". Desci a escada em três passos largos.

— Filho, não vai comer? — Mamãe perguntou da cozinha quando passei correndo em direção à porta.

— Sem fome. — Falei por sobre o ombro e saí antes que o Velho também me interceptasse.

Um Amor Singular | AMOSTRA GRÁTISOnde histórias criam vida. Descubra agora