Meu primeiro ano como universitária. Entrei na Washington High School, o mesmo lugar em que a minha irmã mais velha, Carly, estuda. Minha irmã sempre falou muito bem de lá, e quando recebi minha carta de aprovação, quase tive um surto.
É bom ter uma irmã mais velha na mesma universidade. Cheguei à três dias e Carly já me apresentou às suas melhores amigas, Nora e Sarah. Tinha medo de não conhecer ninguém e não fazer amigos, mas minha irmã já cuidou disso. Ela sempre cuidou de mim. Até quando éramos pequenas: eu tinha medo de monstros que moravam dentro do armário e acordava à noite chorando. Carly cantava musicas e dormia comigo. Ela sempre foi meu anjo da guarda, mesmo sendo apenas um ano mais velha do que eu.
Minha irmã ficou tão animada quando eu contei que ía para a Washington High School. Estávamos conversando por telefone, mas mesmo assim dava para sentir a felicidade que sua voz irradiava
Carly descobriu que uma fraternidade estava dando uma festa de início de ano e me convenceu a ir. "Você tem que aproveitar a universidade ao máximo", ela disse. Tenho que admitir que não estava tão empolgada com essa ideia. Ir para uma festa repleta de bêbados cheios de hormônios não me agradava muito. Mas Carly pode ser bem chata quando quer, e sempre consegue me convencer.Coloquei um vestido preto rendado que minha irmã tinha me dado no meu último aniversário. O vestido acabava na altura da coxa e a era justo ao corpo. Bem bonito. Passei maquiagem e penteei meus cabelos. Tenho os cabelos da minha mãe. Pretos e lisos. Já meus olhos são como os do meu pai, azuis. Carly é diferente. Quem não sabe, nunca diria que somos irmãs. Ela tem cabelos loiros e ondulados, e os olhos castanhos de nossa mãe.
Meghan, minha mais nova companheira de quarto, estava trabalhando em um remix enquanto eu colocava meus sapatos. Ela queria trabalhar em uma produtora, e eu achava que tinha muita chance.
- Tem certeza de que não quer vir? – perguntei enquanto dava uma última olhada no espelho.
- Preciso acabar esse remix. A gente se vê mais tarde. – ela respondeu sem tirar os olhos da tela.
Alguém bateu à porta do meu quarto. Carly.
- Nós não temos a noite toda, atrasadinha.
- Já estou indo! Tchau Meghan.
- Vamos logo! – Carly disse enquanto abria a porta – A noite nos aguarda.
Minha irmã deu uma risada e me puxou pelo pulso. Sarah e Nora estavam esperando no carro e buzinaram quando nos aproximamos.
Carly e eu sentamos nos bancos de trás e Sarah deu a partida.
- Adorei o vestido, Scarlet. – Nora disse virando para trás para me olhar.
- É claro que adorou! Eu tenho um ótimo gosto para presentes. – minha irmã respondeu, e nós quatro rimos.O som estava tão alto que antes de ver a casa eu já podia escutar a música. Também dava para escutar risadas e gritos, e não parecia que a festa ía acabar tão cedo.
A rua estava lotada de carros e tivemos que estacionar na rua ao lado e ir caminhando até a fraternidade.
- Ok, escute. – Carly segurou meu braço enquanto andávamos – Você não vai sair desta festa sem conversar com algum garoto.
- Carly...
- Não quero saber! – Carly disse me interrompendo – Você tem 17 anos e precisa conhecer garotos.
- Não se preocupe. – Sarah disse rindo – Tem muitos garotos bonitinhos na fraternidade, e eu não acho que eles se preocupariam em dividir a cama com você.
- Sarah! Eu quero que ela conheça um garoto, não que durma com ele! – Minha irmã respondeu e lhe deu um cutucão com o cotovelo.
- Só estou dizendo! – ela disse levantando as mãos como quem se rende e nós três caímos na gargalhada.
O quintal da casa estava lotado de gente dançando e bebendo. Garotas de roupas bastante curtas e com muito decote estavam agarradas à garotos sem camisa e pessoas fumando maconha faziam uma roda em volta de uma fogueira improvisada.
O interior da casa não estava menos cheio. Eu não conseguia nem passar sem levar uma cotovelada, mas as meninas se esquivavam com uma habilidade dos braços desastrados que só pode ter sido desenvolvida por experiência própria. Fomos direto para a pista de dança.
- Vamos Scarlet! Dance com a gente! – Nora disse me puxando para a pista
- Não... Eu... Eu não sei dançar. – respondi, tentando me desvencilhar de suas mãos.
- Ah não! Você vem dançar com a gente.
Ela me puxou uma última vez com força e me trouxe para o meio da pista. Nora, Sarah e Carly dançavam ao ritmo da música e riam. Eu nunca soube dançar, e fiquei parada no meio da pista e sorrindo sempre que uma das três olhava para mim. A música finalmente acabou e fomos até o bar.
- Quatro cervejas. – Carly pediu ao barman.
- Não. São só três. – me apressei em corrigir Carly.
- Você não vai beber com a gente?
- Você sabe que eu não bebo.
- Está bem... São três. – ela bufou em resposta e o barman foi buscar as bebidas.
- Carly! Meu Deus! – Sarah sussurrou apontando com a cabeça para altura ponta do balcão – Aquele não é o Bradley Shan?
- Quem é Bradley Shan? – perguntei confusa dirigindo o olhar para onde as três olhavam.
Meus olhos focaram em um garoto alto e moreno. Seus olhos eram verdes e seu cabelo castanho era comprido. A parte de cima estava presa para trás, o que trazia um ar bagunçado e ao mesmo tempo fofo.
- Quem é Bradley Shan? – Nora respondeu surpresa é um pouco alto demais. Ela se assustou com seu tom e suas bochechas coraram, provavelmente com medo de que alguém tenha ouvidos. Por sorte, ninguém pareceu notar – Bradley é simplesmente o garoto que a sua irmã tem uma quedinha desde que chegou na faculdade.
- Por que você nunca me contou? – perguntei à Carly, que encarava Bradley descaradamente.
- Ah, ele é perfeito demais. Nunca ficaria com uma garota como eu. – ela suspirou.
- Você está brincando? Carly, você é linda! Poderia falar com ele quando quisesse.
- Se acha que é tão fácil, vá você falar com ele. – ela disse, com um olhar maldoso sobre mim.
- Eu não quiz dizer isso, é que...
- Ah não! Você vai falar com ele! – Nora disse, me dando um leve empurrão.
- Vai! Se você for, eu falo com ele quando as aulas começarem, prometo. – minha irmã disse levantando uma das mãos em um exagerado gesto.
- Está bem, está bem. – bufei – Mas você prometeu.
Andei relutante até Bradley. Podia ouvir as risadas de minhas amigas atrás de mim, abafadas pelo som da música. Não sabia o que falar. Ah! Oi Bradley! Sei que você não me conhece, mas quer conversar? Meu Deus! Seria um desastre.
Ele estava sozinho. Achei estranho. Quem fica sozinho em uma festa? Bem, seria mais fácil assim.
Precisava fazer isso. Pela Carly.
- Oi! – Oi? Mas que droga Scarlet!
Bradley se virou e me olhou. Nossa! Ele é alto!
- Oi. – ele sorriu.
- Sou... Sou Scarlet Jonson.
- Espera. Você é irmã da Carly Jonson?
- Sim. Conhece minha irmã?
- Nunca falei com ela. Mas temos algumas aulas juntos.
- Ah... Entendi. – Meu Deus! Dá pra essa conversa ficar mais constrangedora?
Um cara bêbado tropeçou e caiu em cima do balcão, entre nós dois. A garrafa que ele segurava quebrou e vidro se espalhou pelo balcão. Por sorte, o cara não se cortou, mas um caco de vidro fez um pequeno corte na minha mão esquerda. O bêbado saiu andando, cambaleante, e deixou sua sujeira para trás. Não que eu esperasse que ele fosse limpar alguma coisa. Não é nem capaz de ficar em pé.
- Ei, você está bem? – Bradley me perguntou, examinando meu corpo.
- Estou bem, só fiz um pequeno corte, nada demais. – respondi, olhando para a minha mão e dando um leve sorriso para acalmá-lo.
- Você precisa cuidar disso. Vem, eu te ajudo.
Bradley me conduziu até um quarto. Não era muito grande, mas tinha um banheiro. A porta estava trancada. Eu entendo. Também não ia querer ninguém entrando no meu quarto.
- Esse é o seu quarto? – perguntei enquanto ele me levava até a pia para cuidar do meu corte.
- É. Sei que não é grande coisa, mas pelo menos não preciso dormir no chão. – ele sorriu, e eu retribui.
- Não. Eu gostei.
Bradley colocou minha mão debaixo d'água. Minha mão ardeu ao contato do corte com a água fria, o que me arrancou um pequeno suspiro.
- Está doendo muito? – ele perguntou, me encarando com aqueles lindos olhos verde.
- Não. Está tudo bem.
Ele limpou meu machucado e fez um curativo.
- Pronto! – ele disse, sorrindo para mim – Novinha em folha.
- Obrigada.
- O prazer é todo meu. – brincou, fazendo uma reverência, o que me arrancou um sorriso.
Estávamos andando até a porta quando vi, sob a sua cômoda, um cartão de visita do hospital para crianças com câncer onde sou voluntária todo mês.
- Você já foi para lá? – perguntei, apontando para o cartão.
Bradley ficou tenso. Dava para ver ele engolindo em seco.
- Não, eu só... É melhor você ir. – ele gaguejou, me levando até a porta.
- Eu disse alguma coisa?
- Não. Você não fez nada. Só estou cansado. É melhor você ir. A gente se vê segunda. – ele disse, e fechou a porta.
O que houve?
Confusa, desci as escadas e voltei para o bar.
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Eu não vou te deixar
RandomScarlet vai para a mesma universidade em que sua irmã mais velha, Carly, está. Tudo está indo muito bem até que ela conhece Bradley Shan, o garoto que Carly gosta. Todos pensam que Bradley é perfeito. Ele tem o cabelo perfeito, o rosto perfeito, o c...