Capítulo 2

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    - Onde você estava? – Carly perguntou quando me viu.
    - No quarto do Bradley.
    - O que? – minha irmã exclamou, com um olhar incrédulo sobre mim – Eu não acredito que você transou com o cara que eu gosto!
    Sarah e Nora se entreolharam e tomaram um gole de suas cervejas.
    - Carly! Eu não transei com ele! Que tipo de pessoa você acha que eu sou?
    Me senti magoada. Como minha irmã pode pensar que eu faria uma coisa dessas? Eu nuca transaria com alguém que eu não conheço. Principalmente se minha irmã gostasse desse alguém.
    - Então o que você estava fazendo no quarto dele? – ela perguntou como quem espera uma confissão.
    - Eu me cortei e ele fez um curativo. Algum problema com isso?
    Mostrei a minha mão e Carly pareceu ficar constrangida. Minha irmã é bem ciumenta, mas não posso acreditar que ela pensou isso de mim.
    - Ah. Desculpa, Scarlet. – ela disse, baixando o olhar.
    Um silêncio se instalou entre nós. Nem eu nem minha irmã tínhamos mais nada a falar. Mas, por sorte, Nora se arriscou:
    - Ei... vocês... querem dançar?
    Sarah logo se levantou, feliz por sair dali. Carly foi logo em seguida, relutante, mas sabia que era melhor do que discutir mais.
    - Scarlet, você vem? – Sarah perguntou, me olhando por cima dos ombros.
    - Não, vão vocês.
    Precisava ir embora. Primeiro Bradley me expulsa do quarto dele. Depois, Carly me chama de piranha. Mas eu não tinha carro, os dormitórios eram muito longe para ir a pé e eu tinha certeza de que nenhuma delas ía querer sair mais cedo da festa. Droga!
    - O que uma garota tão bonita faz sozinha em uma festa? – alguém perguntou, me tirando dos meus pensamentos.
    Virei e me deparei com um garoto loiro de olhos castanhos. Ele era alto. Tão alto quanto Bradley, mas com certeza não era tão bonito.
    - Meu nome é James. – ele completou, sorrindo.
    - Scarlet. – eu disse, oferecendo-lhe um sorriso tímido.
    - Você não respondeu a minha pergunta.
    - Ah... eu só... não gosto muito de festas.
    - Quer que eu te leve embora?
    - Sério? Quer dizer, você não precisa fazer isso.
    - Não, tudo bem. Eu já estava de saída mesmo.
    Eu sorri.
    Segui James até seu carro, estacionado na porta da casa. Era um carro bem bonito, nada comparado ao carro velho de Sarah. Não tinha nenhum arranhão na pintura e as rodas chegava, a brilhar. James devia ser rico, porque aquele carro com certeza era muito caro.
    Ele abriu a porta para mim e sorri em troca, tímida.
    O carro ligou e andamos por algum tempo, até James desacelerar.
    - O que houve? – perguntei, sem entender o motivo de termos parado.
    - Nada – ele respondeu, virando para mim e me encarando com um sorriso malicioso.
    - James, o que você está fazendo?
    - Nada... – ele se aproximou – ...que você não vá gostar.
    James segurou minha nuca e me puxou para si. Tentei esquivar, mas ele era mais forte do que eu.
    - Para com isso! – eu gritei, tentando inutilmente evitar seu beijo.
    - Sei que você quer que eu faça isso – respondeu com seus lábios colados aos meus.
    - Me solta!
    Isso fez ele me segurar com mais força. O desespero crescia dentro de mim. Não sabia o que fazer. Fechei os olhos com força. Talvez, aquilo tudo não passasse de um sonho.
De repente, James me soltou. Quando abri os olhos, vi a porta do carro aberta e James derrubado na calçada. Bradley estava em cima dele, desferindo socos em seu rosto.
- Scarlet, sai do carro! – ele gritou, ainda batendo em James.
Sem discutir, saltei do carro e corri para trás de Bradley, mantendo uma distância segura da briga.
- Agora entra na merda do seu carro e some daqui! – ele disse para James, saindo de cima dele.
James se levantou e entrou apressado no carro. Só quando ele já estava longe, Bradley olhou para mim. A fúria em seus olhos desapareceu completamente e se transformou em vergonha.
- Me desculpe por isso. – ele disse, olhando para suas mãos ensanguentadas.
- Não, tudo bem. – eu disse, oferecendo-lhe um pequeno sorriso – Obrigada.
- Ele te machucou? – disse, se aproximando e me examinando como fez há apenas algumas horas atrás.
- Estou bem.
Mas seus olhos não paravam de percorrer meu corpo em busca de alguma ferida.
- Bradley, é sério. – disse, segurando seu rosto entre as mãos. Meu toque o acalmou, e seus olhos se concentraram nos meus – Eu estou bem. Você precisa cuidar das suas mãos. – peguei-as com cuidado, examinando-as como ele tinha feito. – Eu te ajudo
Ele abriu um sorriso:
- Tudo bem.
Voltamos andando até a fraternidade.

- Desculpe por ter te tratado daquele jeito mais cedo. – Bradley falou.
Estávamos novamente no banheiro do seu quarto, mas desta eu estava lavando suas mãos. A água que caía estava tingida de vermelho. Parte por sangue de James, parte por sangue do próprio Bradley.
- Eu estava agitado. Precisava caminhar um pouco. – completou.
- Tudo bem. – sorri – Tenho sorte de você estar por perto aquela hora. Não posso nem imaginar o que ele teria feito comigo se você não...
- Não diga nada. – ele me interrompeu – Não quero que pense nisso.
- Desculpe. – disse, secando suas mãos com uma toalha – Pronto. Novinho em folha.
Bradley riu e saiu do banheiro. Tirou sua camisa suja de sangue e antes que eu percebesse estava olhando fixamente para seu corpo. E que corpo! Tinha músculos definidos que a camisa cobria. Tentei com todas as forças desviar o olhar, mas era impossível.
Ele finalmente colocou uma camisa limpa, o que me tirou do meu transe. Ele sorria para mim, como quem se diverte.
- Desculpa. – eu disse, corando.
- Tudo bem. Eu te perdoo. - fez uma pausa - Mas você vai ter que sair comigo. – seu sorriso se tornou malicioso.
- Tenho que voltar pro dormitório. Já está tarde.
- Não estou falando hoje. Sexta. Te busco às sete.
- E o que nós vamos fazer?
- Isso é segredo.
Ele arqueou as sobrancelhas, esperando minha resposta.
- Não me faça implorar, Scarlet.
- Está bem! Está bem! Mas vamos só como amigos
- Só como amigos. – ele sorriu, e eu também – Vamos, vou te dar uma carona.

Eu não vou te deixarOnde histórias criam vida. Descubra agora