Amor Proibido

Quem ama, cuida.

PEDRO
A cada dia que se passa eu acho que a esquentadinha gosta mais de mim. Hoje ela até veio me pedir desculpas e sorriu. Ela sorriu para mim! Isso é um milagre. Aos poucos vou amolecendo o coração dela. Logo logo ela vai estar apaixonada por mim, sei que vai. Eu preciso dela aqui, do meu lado.
Eu não acredito que isso tá acontecendo... Não acredito que estou amando alguém que não seja eu mesmo. Essa menina me mudou.
No outro dia, quando desci para ir a escola, a Karina estava saindo de casa. Quase fui atrás, mas lembrei que se o pai dela me vê ali, ele certamente me mata. O Gael é cruel.
KARINA
Estava saindo de casa quando eu vi o Pedro do outro lado da rua olhando para mim. Ao perceber que estou encarando, ele sorri e disfarça mexendo no seu cabelo. O cabelo dele está lindo assim, todo bagunçado. Ele é lindo, aliás.
Meu Deus, Karina? O que está acontecendo com você?
Eu tenho que manter esse moleque longe de mim.
Quando estou caminhando sinto algo pegando em meus braços e por instinto dou uma cotovelada. Ao olhar para trás o Pedro está fazendo careta de dor.
Karina: Meu Deus, Pedro!! Me desculpa, não vi que era você. Mas mesmo assim, porque me segurou assim? Endoidou, foi?!
Pedro: Eu não tenho culpa, você que é bruta.
Karina: Não enche.
Digo e coloco os fones de ouvido novamente.
Pedro: Eu só queria te fazer companhia... Posso? - ele pergunta
Reviro os olhos, mas digo que sim.
Karina: Só se você ficar quieto. Agora shh, é minha música favorita.
Pedro: Você que manda.
Por mais chato que seja, gosto um pouco de tê-lo por perto. Mas isso tem que mudar. Eu não posso gostar dele... Esse garoto me irrita só por diversão, ele sabe que tenho uma quedinha e se diverte com isso.
PEDRO
Durante o trajeto permaneço em silêncio, olhando para a Karina enquanto ela escuta suas músicas. Ela precisa ver as carinhas que faz enquanto canta. É uma graça. Pena que a esquentadinha não liga pra mim, ela nem me quer por perto.
Quando chegamos juntos na escola, ela guarda o fone e entra, e eu a sigo. Ao passar pela porta do pátio a Victoria está cercada por suas amiguinhas, e quando nos veem, elas soltam risadinhas. A Karina não percebeu, é claro, mas eu sim.
Karina: Pedro, eu vou pra minha sala. Tchau...
Ela diz e sai, meio confusa. Eu também estou.
Após a Karina se afastar, o grupinho me chama.
Victoria: Veio para a escola com a esquisita? Cuidado viu, ela é descontrolada. - ela diz rindo
Pedro: Você lava a sua boca pra falar da Karina. Ela é muito legal, azar o seu de não ter tido a oportunidade de conhece-la direito.
Victoria: Eu não acredito que você tá defendendo aquela menina... Francamente, Pedro. Você já foi melhor.
Pedro: E eu não acredito que já pude ficar com você.
Digo e saio de perto, procurando meus amigos. Certamente deixei a Victoria nervosa.
Quando olho para trás, ela está me olhando com ódio. Bem feito.
KARINA
Depois que a Andressa saiu da escola eu venho me sentindo tão sozinha. Tenho alguns amigos mas não é a mesma coisa. Gostaria que o Pedro fosse da minha sala, mas ele é do B.
Quando me sento na primeira fileira, as patricinhas chegam e me olham feio. Elas ainda devem estar bravas por causa daquele dia, embora eu não tenha feito nada...
As aulas passam depressa, e na hora da saída a Victoria e seus capachos gritam meu nome. Quando vou até elas, sinto um frio na barriga. A Victoria está P da vida, posso ver em seus olhos.
Victoria: O Pedro pode ter te defendido de mim, mas você sabe muito bem que ele jamais ficaria com uma menina feito você! Se enxerga... Olha pra você, Karina, e olha para mim. É só eu estalar meus dedos que ele está comigo. Ele não te quer.
Do que ela está falando? O Pedro não me disse nada. E não sei por que, mas essas palavras doem. E sem que eu percebesse, já tem lágrimas rolando pelo meu rosto. Ouço uma voz familiar ecoar na sala. É do Pedro.
Pedro: Victoria, o que você disse pra ela? - ele diz num quase grito
Quando olho para trás, ele vem na minha direção e passa o braço pela minha cintura. Por quê ele fez isso? Já que não gosta de mim...
Victoria: A verdade. Não ilude a garota, Pedro. Todo mundo sabe do cachorro que você é. Logo tá na esquina com outra.
Essas palavras reviram meu estômago. Tento me soltar dele, mas não consigo.
Pedro: Não. Eu não vou estar. Eu gosto da Karina, e você não vai mudar isso.
Victoria: Não gosta nada!!! - ela grita - você acha que sim. Mas logo vem me pedir de joelhos para ficar com você!!!
Tento dizer alguma coisa, mas minha voz parece desaparecer.
Pedro: Você é louca... Vamos, Ka, deixa essa menina falar sozinha.
Ele diz e me empurra para fora da sala.
Não trocamos uma palavra no caminho. E eu não estou suportando esse silêncio. O que ele disse... Será?
Karina: Pedro, porque você me defendeu? Não precisava.
Pedro: Eu me importo com você.
Ele diz olhando em meus olhos. Esse garoto mente bem.
Karina: Aquilo que você disse...De mim...É verdade?
Pedro: Que eu gosto de você? - ele sorri, e eu faço que sim com a cabeça.
Pedro: Não. Eu não gosto de você.
Ele olha para o lado, e eu faço o mesmo. Ai. Fui tão burra a ponto de acreditar que ele gostasse de mim. Mas ninguém gosta de você, Karina.
Pedro: Eu não gosto de você... Eu, eu te amo, Ka.