O Cavaleiro das Feras

Andarilhos do vácuo

Portinari acordou cedo no dia seguinte, deslizou um pedaço de papel por baixo das portas de cada quarto onde seus companheiros estavam e saiu.

Merrick acordou às oito da manhã, foi logo para o banho a fim de ter tempo para lavar seus cabelos loiros e longos. Aproveitou também a oportunidade para polir sua prótese mecânica. Vestiu-se, embainhou seu florete e caminhou em direção à porta até pisar em um pedaço de papel. Abaixou para apanhá-lo e leu.

"Podem dormir até tarde e sair para dar uma volta na cidade se quiserem. Deixei uma quantia de mil coroas embaixo de minha cama, o que significa que são duzentos e cinquenta para cada um de vocês. Isso é para comprar roupas, equipamento e coisas do gênero. Lembre-se que devemos parecer sérios e de respeito durante o congresso, logo, façam boas escolhas. John se juntará a nós essa noite para nos informar sobre os procedimentos da ocasião. Tenham um bom dia.

Oliver Portinari."

Merrick sorriu ao saber que estaria parcialmente livre de perturbações durante o dia, guardou a carta e saiu para comprar um traje novo. Apesar de um pouco antigo, continuaria a usar seu florete, tanto pela qualidade de seu aço quanto por seu valor sentimental. O florete tinha sido um presente de seu amigo e mestre, O Bastardo Grisalho, aquele que o treinou quando ainda era garoto e que foi o mais próximo de uma figura paterna que teve durante a vida. Merrick já usava o florete há anos, sempre o reparando, afiando e polindo para que continuasse belo e elegante. O espadachim tinha um gosto compulsivo por beleza. Esforçava-se para sempre estar o mais belo possível, isso incluía usar armas e roupas elegantes. Merrick então decidiu que deveria levar seu florete a um ferreiro para afiá-lo. Comeu algumas frutas no café para manter a boa forma e saiu.

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Melphim acordou revigorado, era como se todo o estresse acumulado em sua cabeça durante a viagem tivesse evaporado enquanto dormia. Ainda sim um pensamento o incomodava. Ele puxou o cobertor e enrolou em seu corpo sentado na cama, deixando apenas seu rosto a mostra. Começou a pensar na moça com quem conversara ontem, embora sua memória estivesse um pouco turva. Esforçava-se para lembrar mais sobre a conversa, mas sem sucesso. Ele se lembrava de estar triste e de ela ter o ajudado a se sentir melhor, mas não lembrava por que nem como.

Melphim então se levantou e abriu a janela tendo uma visão belíssima da cidade. As ruas estavam cheias de vida, pessoas conversavam, crianças brincavam, idosos sentavam-se nos bancos de uma praça próxima e riam juntos. A cidade provocou um bem estar quase instantâneo nele, mas logo a alegria acabou, pois se lembrou de que provavelmente teria que acompanhar Portinari para algum lugar desinteressante. Melphim se virou para apanhar suas roupas e se deparou com um pedaço de papel passado por baixo da porta. Era o mesmo recado que Portinari tinha passado a todos os outros. Um sorriso se abriu no rosto de Melphim após ler o recado. Era ótimo saber que poderia passear um pouco pela cidade. Melphim vestiu uma blusa de pano azul com mangas curtas e um colete de couro, seguida de calças brancas e botas de couro. Apanhou uma mochila para trazer o que poderia comprar. Percebeu que seu cabelo estava um pouco grande, então pegou um pedaço de fita e o amarrou. Apanhou o dinheiro no quarto de Portinari e saiu ansioso para passear pela cidade com seu irmão.

Ele desceu as escadas e viu Isen e Gwyneth tomando café da manhã juntos sem perceber sua presença. Ele levantou o braço e encheu os pulmões para gritar um bom dia. Mas antes que pudesse emitir qualquer som viu os dois trocarem alguns beijos. Melphim sentiu-se estranho e hesitou. Não pode deixar de sentir um pouco de ciúmes dos dois, mas ainda sim não queria atrapalhar eles. Resolveu então que iria sozinho e caminhou discretamente em direção à porta da taverna. Ao sair se deparou com uma rua cheia de vida e coisas interessantes, conversas, jogos de cartas, comercio e varias outras. Infelizmente era tímido demais para tentar iniciar uma conversa com qualquer pessoa.