O Cavaleiro das Feras

A Espada e a Flecha

A viagem estava próxima do fim, logo o grupo estaria em Corydon. Depois de dois longos meses no mar todos estavam ansioso para voltar à terra firme. Melphim mantinha sua leitura em dia com os livros emprestados por Portinari. O piromante tentara obter o máximo de informação possível sobre o destino, tanto por meio de leitura quanto conversando com os marinheiros. Ao contrario do que Melphim pensou de inicio, Avalon não era a capital de Corydon, mas uma cidade-estado dentro do território do país.

Há cinquenta anos a cidade de Avalon conseguiu independência por meio de diplomacia. De inicio Corydon não aceitou e tentou tomar a cidade á força, mas uma aliança foi feita para conquistar essa independência. A Sociedade dos Magos se aliou aos Destrianos, uma guilda de paladinos que seguia os ensinamentos de São Destrian. Com essa aliança o reino de Corydon foi desmotivado a atacar, devido ao poder militar do inimigo, assinando assim um tratado que concedia um pedaço do país a cidade de Avalon. O Arquimago então passou a governar a cidade e concedeu aos destrianos uma fortaleza fora dos muros.

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Era o inicio de uma bela manhã, o céu estava limpo, o navio pairava sobre as calmas águas da costa de Corydon. Ainda eram cinco da manhã quando as últimas horas de escuridão deixavam o brilho das estrelas se refletir no mar antes de se transformar na ofuscante luz do sol.

-Terra vista! –Gritou um dos marinheiros.

O capitão então ordenou que fossem á vela cheia, assim poderiam chegar mais rápido ao porto e poderiam descansar logo.

Na parte inferior do navio, Melphim acordou. O navio tinha três cabines na parte debaixo, duas com duas camas e uma com uma única. A cabine solitária tinha sido destinada ao jovem piromante. Uma cabine pequena e simples, apenas uma cama e uma mesa. Ele se levantou e tirou o cobertor, sentindo instantaneamente o frio matinal e voltando a se cobrir. Ele pensou em levantar, mas simplesmente se cobriu de novo e voltou a dormir. Alguns minutos depois a porta abriu-se um pouco e Isen passou o rosto pela fresta. Vendo que seu irmão dormia, decidiu pregar-lhe uma peça. Isen soltou um grito o mais alto que pôde, como se estivesse tentando intimidar alguém. O barulho despertou o irmão mais novo, fazendo com que ele saltasse da cama e começasse a olhar a sua volta a procura de alguma ameaça.

-Está levando susto à toa por quê? Está devendo dinheiro a alguém? –Perguntou Isen, entre gargalhadas.

-Não faça mais isso seu idiota, eu poderia ter atirado uma bola de fogo em você! –Berrou Melphim.

Isen ignorou o comentário e saiu do quarto gargalhando. Melphim caiu sentado na cama tentando se acalmar, mas foi aí que a asma o atacou e ele começou a tossir. Após se recompor, Melphim se vestiu e subiu ao deck superior. Ele usava uma camisa de linho branca e uma capa azul escuro com capuz. Ao chegar à parte superior do navio, viu que todos já estavam de pé e vestidos, apenas esperando os marinheiros ancorarem. Diferente do que Melphim esperava, Portinari tinha escolhido um píer vazio para aportar ao invés de um porto. Fora do píer passava uma estrada de terra que levava por dentro de um bosque.

-Por que o píer? Por que não um porto? –Perguntou Melphim.

-Eu vi sinais de fogo perto do porto com meu telescópio, então achei melhor que nós parássemos por aqui e fossemos andando, assim poderíamos fazer uma aproximação mais segura. –Explicou o alquimista.

Melphim se espreguiçou e se juntou ao grupo para sair do navio.

-Espero que não seja nada demais. –Disse ele.

O grupo saiu do navio e começou a percorrer a estrada de terra em direção ao suposto incêndio que Portinari tinha visto. Quanto mais caminhavam, mais sinais de civilização ficavam evidentes, primeiro árvores cortadas, depois pequenas cabanas de madeira, provavelmente pertencentes a lenhadores.