Capítulo 3 - Os De B'orquen

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 — Vamos, diga alguma coisa. – Continuava o rapaz de cabelos negros.
— Eu não o conheço. – Respondeu Kentin franzindo as sobrancelhas.
O rapaz soltou uma risada abafada e movimentou a cabeça negativamente:
— Eu sou Armin De B'orquen, primogênito do reino de Vemri. – Disse ele batendo o punho no peito direito onde ficava o brasão de seu reino.
— Sou...
— Eu já sei quem você é... – Falou Armin antes que Kentin pudesse se apresentar. – Acha que eu não saberia o nome do filho do rei que causou essa guerra. Por favor.. – Continuou ele num tom de deboche.
Kentin o olhou com um pouco de indignação e levantou-se chegando bem próximo a ele:
— O meu pai não fez nada. – Disse ele num tom ameaçador.
— Creio que não esteja sabendo das novas do seu reino, todos estão comentando. – Continuou Armin dando uma volta pelo quarto. – Que quarto escuro, eu gostei...
— Novas? – Perguntou ele.
Armin voltou-se para ele numa posição relaxada e deu um sorriso de lado:
— Que coisa, o Rei Giles não lhe contou que estava roubando das terras do meu pai? – Disse ele apoiando-se na janela.
— Seja o que esteja falando, tenho certeza de que está enganado. Meu pai nunca faria isso.
— Será? – Provou Armin. – Não se preocupe, meu pai também já mentiu muito pra mim...
Kentin o olhou por alguns segundos enquanto este sorria para ele com um ar sarcástico, logo voltou-se para a saída e abriu a porta rapidamente. Desceu as escadarias da torre com raiva e ao chegar no degrau final esbarrou-se em um outro rapaz que possuía a mesma aparência de Armin. Mas que ao contrário dele deu um sorriso amigável:
— Saudações... – Disse ele sorrindo.
— Como... como chegou aqui tão rápido? – Perguntou Kentin confuso e olhando para a escadaria.
— Eu segui o corredor. – Respondeu o jovem.
— Não se faça de desentendido, saia da minha frente. – Disse Kentin passando agressivamente por ele.
— Ei espere. – Gritou o rapaz, mas Kentin continuou seguindo com mais raiva ainda.
Kentin ignorou-o e seguiu até a escadaria que levaria a sala da Duquesa. Subiu elas com passos fortes e chegando lá em cima, na porta, encontrou dois dos príncipes que tivera visto mais cedo. O de cabelos escarlate que o tinha despertado a curiosidade inclusive, e ao seu lado, havia outro rapaz também com cabelos com uma coloração diferente, dessa vez com uma tonalidade de branco um pouco cinzento. Eles estavam conversando, quando Kentin se aproximou o de cabelos brancos pegou um relógio de seus bolso e voltou-se para seu colega dizendo:
— Talvez devamos voltar uma outra hora Castiel.
— Tolice, preciso dizer a Shermansky que não quero dois soldados atrás de mim o dia inteiro. – Falou Castiel que voltou seu olhar fechado para Kentin. – O que está olhando?
Kentin fechou a expressão como ele e o encarou:
— Nada, também preciso falar com a Shermansky. – Disse Kentin.
— O quê? Não gostou da decoração do seu quarto? – Respondeu Castiel soltando uma risada enquanto o amigo o olhava com desaprovação.
— Perdoe o meu amigo, cavalheiro. Ele não fala sério. – Disse o rapaz com cabelos claros. – Eu sou o príncipe Lysandre Madilt III, de Kaylock. Satisfação meu caro.
— Kentin Gealish I, de Maslóvia. – Respondeu Kentin afirmando com a cabeça.
— Querem parar com as formalidades? Parece que estou com meus pais. – Falou Castiel revirando os olhos. – Podemos agir da maneira que quisermos nessa ilha.
— Devo lembrar, Castiel, que estamos sendo observados. – Disse Lysandre apontando para dois guardas que não estavam tão distantes deles.
Castiel apenas o olhou com deboche, enquanto Kentin olhava os soldados:
— Então princesa, nossos reinos são inimigos nessa guerra? – Iniciou Castiel com um sorriso nos lábios.
— Não me chame assim. – Perguntou Kentin confuso. – ...nossos reinos são inimigos?
— Em que mundo está vivendo? – Perguntou Lysandre. – Você não parece saber muita coisa sobre o que esta acontecendo.
— Eu confesso que estou perdido, só sei que estamos em guerra e que os principais envolvidos são o meu pai e o Rei Arnaud. – Falou Kentin pondo uma das mãos atrás da cabeça.
— Esse é o básico princesa... – Disse Castiel apoiando-se na parede.
— Me chame assim de novo e eu lhe mostrarei a princesa... – Disse Kentin se aproximando em tom de ameaça para Castiel enquanto este sorria.
— Se acalme Kentin, não precisam discutir por isso... – Disse Lysandre pondo-se entre os dois, e fazendo ambos levantarem o olhar. – Contarei um pouco do que sei... O Rei Arnaud convocou o reino de Castiel e o reino da princesa Íris, Guckavin e Éslovia, para unir-se a Vemri.
— É, contra Maslóvia, Kapia e... – Castiel pausou e fechou a expressão novamente. – Clorian... – Continuou fechando o punho com força.
— Então são esses os dois reinos que o Rei Arnaud convocou... – Disse Kentin para si mesmo.
Nesse momento a porta da sala da Duquesa se abriu e dela saíram Amélia e uma outra garota de pele mais escura:
— Oh, olá rapazes. – Disse Amélia.
Castiel desapoiou-se do muro e cruzou os braços pondo-se ao lado de Lysandre:
— Amélia. – Disse ele abrindo um pequeno sorriso. – Quanto tempo não nos vemos...
— Sim Castiel... – Disse ela retribuindo o sorriso. – Lysandre, como vai?
— Vou bem Amélia, e você? – Continuou Lysandre tomando uma das mãos de Amélia e beijando-a. – Você está magnifica.
— Eu vou bem, e obrigado pelo elogio. – Disse Amélia voltando seu olhar para a garota. – Essa, é a princesa Kimmy Fehan, do reino de Gertyn. Mas, ela prefere que a chamem de Kim.
A garota apenas balançou a cabeça afirmativamente, continuava séria. Kentin a observava com atenção, ela possuía traços lindos e os olhos verdes como esmeraldas, usava um vestido que contrastava com os mesmos. Amélia notou o interesse de Kentin em Kimmy e baixou o olhar:
— Essa conversa está deveras produtiva, mas, Castiel precisa resolver algo com a Duquesa, não é mesmo? – Disse Lysandre fazendo o foco de Kentin voltar para ele.
Castiel olhou para Lysandre e concordou com a cabeça, entrando na sala da Duquesa. Kim encarou Amélia por uns instantes e então desceu a escadaria para o grande salão, deixando Kentin e Amélia sozinhos:
— Ela é uma bela mulher. – Disse Amélia.
— O quê?
— Notei que reparou na beleza dela... – Continuou Amélia ainda com o olhar baixo.
— Tenho que concordar, ela é realmente muito bela.
— Eu gostaria de ser como ela... – Disse Amélia abrindo um sorriso fraco. – Forte, confiante... bonita.
— Por isso você gostaria de deixar de ser você? – Falou Kentin levantando uma das sobrancelhas.
— Não, eu... só... – Amélia o olhou nervosa. – Deixe para lá... foi bobagem dizer isso.
— Sim, foi mesmo. Não precisa deixar de ser você para ter essas qualidades. – Continuou Kentin.
Amélia sorriu e quando iria responder alguém abriu a porta violentamente:
— É uma afronta realmente. – Disse Castiel que saía da sala bufando em ódio. Seguido por Lysandre.
— Se acalme, não conquistará nada com tanta propagação de ódio. – Disse Lysandre calmamente.
— Não importa o que conquistarei, porei fogo no primeiro guarda que aparecer em minha frente. – Continuou Castiel cada vez mais furioso.
— Ora Castiel, ela só está tomando as devidas medidas de segurança... – Respondeu Lysandre tentando acalmar o amigo.
— Eu posso me cuidar sozinho, não preciso desses patetas correndo como bobos atrás de mim. – Continuou descendo a escadaria. – Este lugar está cada vez melhor.
Lysandre olhou para Amélia e Kentin e pediu desculpas pela cena, voltando-se para a escadaria e seguindo Castiel lentamente enquanto este reclamava alto para todos que estavam em seu caminho:
— Ah Kentin, obrigado por... – Antes que Amélia terminasse a frase Kentin já havia entrado na sala e a deixado sozinha. – ...me ajudar... – Continuou cabisbaixa, voltando-se para o corredor ao lado e seguindo.
Na sala da Duquesa Kentin avaliava a decoração, haviam algumas penas de pavão bastante exuberantes em cima da mesa de centro, e algumas cabeças de animais penduradas nas paredes. A Duquesa estava sentada em uma cadeira com um formato diferente, possuía uma forma de um elefante, o que fez Kentin rir baixo pois era irônico a Shermansky estar sentada em uma cadeira dessas:

—Oh, príncipe Kentin. – Disse a Duquesa aovê-lo. – A que devo a honra?
— Eu vim reivindicar meu colega dequarto. – Disse Kentin pondo as mãos atrás das costas. – Ficar com o filho doinimigo de meu pai é desconcertante, Duquesa.
— Ah querido, não se preocupe, estãoaqui para não se envolver na guerra entre seus pais, significa que podem viraramigos. – Disse Shermansky.
— Deve avisar isso a ele então, para quenão faça comentários inoportunos sobre Maslóvia. – Continuou Kentin um pouconervoso.
— Queira perdoar-me Alteza, ireiresolver isso pela manhã... volte para seus aposentos, já está tarde. – DisseShermansky.
Kentin afirmou com a cabeça e se retiroudo local, voltando para a escadaria da torre. Os corredores já estavam vazios,todos já deveriam estar em seus respectivos quartos. Ele subiu a escadariacalmamente tentando concentrar o desconforto que teria ao reencontrar Armin, aochegar ao topo da torre, da porta do quarto ouviu vozes discutindo.Aproximou-se da porta para ouvir melhor:
— Armin, não acredito que o provocoudessa maneira. – Dizia a voz familiar.
— Ora Alexy, eu não o provoquei, apenasfiz alguns comentários... – Continuou Armin dando um pequeno sorriso.
— Impressionante, passaremos cinco anosjuntos, no mínimo você deveria tentar ser amigo dele. – Continuou a voz.
— Alexy... – Prosseguiu Arminpausadamente. – Nós seremos amigos, grandes amigos.
A voz iria começar a falar, masacidentalmente Kentin empurrou a porta que fez um pequeno estalo fazendo-osficarem quietos:
— Tem alguém ouvindo nossa conversa... –Falou Armin.
Nesse momento Kentin entrou no quarto edeu-se de cara com os dois, ficara um pouco confuso pois ambos tinham a mesmaaparência. Os dois de cabelos negros e olhos azulados. A única coisa que osdiferenciava era o tom de azul que carregavam em suas vestes, um era mais claroe o outro um pouco mais escuro. E claramente, as expressões que ambos faziam,Alexy estava sério e Armin aparentava indiferença:
— Seu pai não lhe ensinou que é feioouvir a conversa alheia? – Disse o rapaz.
— Vocês não estavam conversando muitobaixo. – Respondeu Kentin entrando no quarto. – Terei que aturar dois de vocês?Eu devo merecer...
— Ora não se preocupe, meu irmão épacífico. – Disse Armin sorrindo.
— Sério? Não aparenta ser... – RespondeuKentin.
— Perdoe-me, me chamo Alexy. Satisfaçãoalteza Masloviana. – Disse Alexy estendendo sua mão. – Não precisa seapresentar, sei quem é você.
— Não me admira, aparentemente ambossabem quem eu sou. – Disse Kentin sem estender a mão para retrocede-lo.
Alexy tirou a mão com insatisfação, evirou-se para o irmão que dava de ombros:
— Se iremos dividir esse quarto, émelhor que tentemos deixa-lo o mais amigável possível. – Disse Alexy positivo.
— Diga isso a seu irmão, que só meprovoca desde que nos falamos pela primeira vez. – Disse Kentin cruzando osbraços.
— Não se preocupe Kentin, irei mecomportar. – Respondeu Armin com um sorriso sarcástico.
— Hum. – Respondeu Kentin sem confiançanas palavras dele.
— Se me permitem, irei dormir agora.Amanhã entregarão os roteiros de aula e atividades, preciso estar bempreparado. – Disse Alexy indo em direção a uma das camas.
— É uma boa ideia meu irmão. – RespondeuArmin indo para uma das outras que sobraram.
Kentin os observou deitarem-se e logo emseguida fez o mesmo, virou-se para cima da cama e encarou o teto:
— Não sei o que poderá acontecer nessescinco anos, mas com certeza não quero que eles estejam presentes. – Disse parasi mesmo enquanto encarava Armin e Alexy com o canto do olho.

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⏰ Última atualização: Oct 19, 2016 ⏰

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