Cap.4 - Clark

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Tic-tac.
Tic-tac.
Tic-tac...

Olho para o relógio em meu pulso e escorrego na cadeira macia do meu escritório. O dia está passando terrivelmente lento, mas isso é bom para que eu me aprimore nos planos para a vingança. A vingança contra Kent Parker.

Se ele pensava que podia quebrar minha bateria - eu tenho absolutamente certeza de que foi ele - e sair livremente por aí com aquele sorriso convencido, ele estava muito enganado. Mas muito mesmo.

A secretaria Katy ou Lane, entrou na sala com um sorriso hesitante.

- Sr. Harrison está na linha quatro, senhor. - sua voz tremia, e sua mão também.

- Certo, obrigado. - agarrei ao telefone. - o que é?

- Hey, hey, hey! - Jason gritou rindo do outro lado da linha. Afastei o telefone da orelha.

- Precisa mesmo ter todo esse humor de manhã? - resmungo.

- Preciso, - riu, entre dentes. - realmente preciso.

- Para que ligou?

- Acha que pode vir a um jantar?

- Quem vai?

- Vai ser apenas uma comemoração do aniversário da tia...

- Quem vai? - repeti e ele suspirou.

- O pessoal de sempre, contando com a participação de Suzy e Kent.

Kent. Aquele nome fez meu estômago girar.

- Meus pais estaram lá?

- Bom... sim...

- Não vou.

- Mas Clark, é a tia Katrina, e você sabe como ela é apegada a você...

- Escute, Jay...

- Não. - tirtubeou, irritado. - mandarei que ponham um lugar para você na mesa. Será hoje as 20h. Leve Kent. - e desligou.

Eu definitivamente iria matar Jason. Esse insolente de bosta...

Eu iria. Mas não seria por ele, nem por qualquer um ali, seria por tia Katrina, a quem se encarregou de cuidar de mim por todo esse tempo. Bom, no ápice dos meus treze anos ao que me lembro, comecei a dar muitos problemas para meus pais, apanhei muito e bati muito no colégio. Tantas suspensões e advertências causaram finalmente a expulsão. E isso causou fúria ao meu pai. E aos meus quinze anos ele mesmo se encarregou de me colocar em um internato. E finalmente quando saí, tia Katrina me apanhou, me criou, me educou e o mais importante... me amou.

Mas como a todo ser humano, a idade a alcançou, e aos trinta anos elas não lembrava onde havia posto seus óculos. Aos quarenta não lembrava seu nome. Aos cinquenta não lembrava-se de mim.

É claro que paguei a todos os médicos para ela, até comecei a trabalhar para meu pai a troca de que cuidassem dela, mas o doutor foi bem claro, ela só estava destinada a piorar.

Fazia meses desde a última vez em que falei com tia Kath, e o motivo era por eu ser covarde, não conseguia continuar ali, ao lado dela observando-a se esquecer de quem era, de esquecer de mim...

Respirei fundo e liguei a tela do meu notebook, relendo meus e-mails, e ali pairava o relatório sobre a doença da tia Kath.

Paciente: Katrina Bone Nicholls.
Idade: 55 anos.

Dia 16 de maio de 2011.

Ossos frágeis, tremores pelo corpo, febre passageira...

22 de junho de 2013

Sugar (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora