Capítulo 39

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Quando percebo o que estou fazendo empurrou Murilo furiosa por ele ter me beijado.
Ele não tinha o direito de fazer isso, ele tinha que me respeitar.
Sei que também fui culpada por corresponder aquele beijo, mas eu não queria ter feito aquilo. Eu beijei ele pq me vi sem saída.

- Murilo sai daqui, eu não quero te ver nunca mais, some da minha vida, se afasta de mim - grito furiosa com ele.

- Jujuba me desculpa, eu não tive essa intenção, eu não sei o que me deu, eu fui impulsivo, isso não vai voltar a se repetir, me desculpe por favor Jujuba - Murilo diz aos prantos.

- E não vai, porque eu não quero te ver nunca mais, some da minha vida.

- Jujuba por favor me desculpa.

- Para de me chamar assim, chega! Some daqui agora, desaparece, vai viver sua vida e me esqueça - grito com mais raiva.

- Se é assim que você quer, farei! Por amor a você.

- Amor! - solto uma risada sarcástica.

- Adeus Júlia!

- Ótimo, tchau.

Murilo sai e naquele momento bate um aperto em meu peito, sinto um vazio em mim.
Talvez eu tenha sido dura demais, sendo que eu também tinha culpa.
Mas depois me resolvo com Murilo, agora preciso saber o que fazer com Miguel.
Como vou contar que beijei outro e que gostei?
Enquanto fico pensando no que fazer meu pai desce e me chama pra me levar lá na casa de Miguel.

- Está tudo bem filha? - meu pai pergunta vendo minha angústia.

- Sim, só estou com um pouco de sono - digo fugindo do assunto, não quero preocupar meu pai com bobagens.

Chego até  casa de Miguel e entro, ele vem todo amoroso me receber.

- Como está a melhor namorada do mundo? - diz e me da um beijo.

- Só com um pouco de sono.

- Não parece ser só sono.

- Mas é - digo e entro no quarto rápido, sentindo meu coração palpitar.

- Amor? O que aconteceu?

- É que...

Não consigo terminar a fala e começo a chorar.

- Me diz o que aconteceu com você meu amor, não gosto de te ver assim.

Enfim tomo coragem de falar.

- Murilo e eu nos beijamos - digo tão rápido que nem sei se deu pra entender.

- Como assim se beijaram?

- Ele me beijou e eu me deixei levar, não vou mentir pra você.

- Eu não estou acreditando nisso Júlia, por que você fez isso comigo?

- Eu não fiz nada de caso pensado, foi tudo tão rápido que quando dei por mim eu já estava beijando ele.

- Eu sempre soube que essa amizade não daria certo.

- Eu sei e já briguei com ele e falei pra ele se afastar de mim.

- Mas agora já é tarde Júlia.

- Miguel por favor, me desculpa, eu sei que o que eu fiz foi muito errado, mas eu amo você, talvez eu tenha culpa, por alimentar de certa forma esperanças nele, mas eu amo você.

- Acabou Júlia, o que você fez não tem perdão.

- Miguel não - digo entre soluços.

- Acabou Júlia, você me traiu por que quis.

- Não foi bem assim.

- Traição é uma escolha, não um erro e vc escolheu isso.

- Me perdoa - me ajoelho no chão agarro em suas pernas chorando.

- Preciso de um tempo longe de você, mas acabou Júlia, acabou - Miguel diz frio sem derramar nenhuma lágrima.

- Não - digo chorando ainda mais.

Ele pega em meu braço brutalmente e me arrasta até a calçada de sua casa.

- Vai embora Júlia - diz sério.

Ele pega minha mochila e a joga em mim.
Ele me da as costa e entra em sua casa.
Fico ali pensando no que fazer, meu namoro acabou, o amor da minha vida me abandonou e tudo por minha culpa.
Caminho sem rumo ali no bairro, até que dou de frente com a praça em que nós ficamos várias vezes.
Vou até a praça, me encosto em uma árvore, sento e me debruço em meus joelhos e deixo as lágrimas caírem.
Fico pensando em tudo o que aconteceu, acho de certa forma eu dei alguma esperança para Murilo, por que eu nunca cortei os assuntos dele quando ele disse que gostava de mim e sempre o tratava normal e até por ter ficado com ele, tudo isso influenciou muito para iludir os sentimentos dele.
E eu enganei o Miguel, querendo ou não eu o enganei, acabei cedendo ao beijo de Murilo e isso foi uma traição, eu deveria ter me afastado quando Murilo começou a falar todas aquelas coisas.
Encosto minha cabeça na árvore e fecho os olhos, tentando pensar em alguma coisa pra resolver a situação.
De repente alguém se aproxima e pela voz já sabia bem quem era.

- Sei que você está brava comigo e disse que não queria mais me ver, mas percebi que você está mal e resolvi me aproximar pra ver se você está precisando de algo, mas se quiser que eu vá embora, eu vou - Murilo diz me olhando triste.

Não respondo, apenas me levanto e lhe dou o abraço chorando.
Precisava de um ombro amigo naquele momento e Murilo era incrível, mesmo depois de tudo que eu disse ele ainda se preocupava comigo.

- Me desculpa Murilo, me desculpa mesmo, eu fui muito dura com você, a culpa também foi minha, esquece o que eu disse tá, me desculpa - digo chorando mais ainda.

- Fica tranquila ta, sei que fui imprudente, a culpa foi minha.

- Mas eu não devia ter falado daquela maneira com você.

- Está tudo bem. Vamos, eu te levo pra casa.

- Não! Me leve pra outro lugar, não quero dormir em casa hoje - digo mais calma.

- Quer ir pra casa de alguma amiga? Ou se quiser pode ficar na minha também.

- Pode ser na sua se você não se importar.

- Claro que pode, mas a Bruna esta lá.

- Pensei que ela estivesse internada - digo surpresa.

- Ela está, mas o médico deixou ela passar esse fim de semana em casa, pra ver como ela está.

- E será que eu num vou atrapalhar?

- Não. Pelo contrário, vamos saber se ela está um pouco recuperada, sua presença vai ser bom.

- Beleza, mas por que esse fim de semana, num tem nada em especial ou tem?

- A Cecília, irmã da Bruna está vindo pra cá, chega amanhã de manhã.

- A Cecília?

- Sim, conhece? Ela tem um trauma desde de pequena e até hoje não fala nada.

- Conheço, vamos então - digo fugindo do assunto.

- Tá - Murilo diz desconfiado.

Um Amor Pra Recordar [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora