Capítulo 4

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Calma, vai dar tudo certo, eles vão lhe salvar. É apenas uma crise, sempre passa.

 Acordei no meio da manhã em pânico, havia despertado do meu pior pesadelo novamente. A ideia de meu cérebro estar doente me assustava, tinha medo do que a sociedade pensaria de mim. Uma pessoa com meu QI, se afastar do que gosta por um problema no cérebro. Quanta ironia.

Me sentia sozinha, solitária. Não parecia que minha mãe havia saído há dois minutos, e sim dois meses. Ela tinha avisado que iria ir ao mercado comprar algo que precisava, e como eu não queria ir, fiquei em casa. Mas agora tinha certeza de que era uma péssima ideia. Era como se o mundo estivesse caindo sobre meus ombros, como se toda a dor que existisse estivesse sendo depositada em mim. E não sabia quanto tempo aguentaria.

Não sei exatamente quanto tempo passou, talvez dez minutos, ou uma hora. Era como se meu último fio de força estivesse perdendo a força a cada segundo. Sabia que se ficasse por muito tempo sozinha  iria de um jeito ou outro por um fim nisso. Eu não aguento mais esse peso, essa dor e o vazio que estavam dentro do meu peito. Me obriguei a ir até o banheiro, talvez algumas lâminas pudessem aliviar essa dor. Era isso, a dor física iria diminuir o que sentia por dentro. Era isso, começaria com meus pulsos e em seguida colocaria um fim de tudo. Antes que pudesse começar, ouvi um barulho seguido de séries vibrações. Era meu celular.

- Sam, está me ouvindo? - não precisei ouvir mais nada, sabia quem era.

- Renato...

 -Sam, está tudo bem?

- Eu não aguento mais, eu não quero ser um peso morto para você.

- Você nunca foi, Sam - disse ele calmamente do outro lado da linha. - Sua mãe está em casa?

- N-não, ela precisou ir ao mercado, há uns vinte minutos - senti uma lágrima descer pelo meu rosto, eu não aguentava mais toda essa dor. -  Eu não tô bem, Renato.

- Sam, não faça nenhuma besteira, ouviu? Me promete que não vai fazer nada, Samantha!

- E-eu não vou fazer. - Respirei fundo algumas vezes tentando me acalmar, ou até mesmo conter as lágrimas que caiam desesperadamente sobre minha cama. - É só mais uma crise, vou ficar bem.

- Você sempre diz isso - retrucou ele rapidamente.- Continue falando comigo.

- Tá - respirei fundo novamente. - Como sabia que precisava de você?

- Eu só senti que você não estava bem, sabia que se estivesse dormindo iria me matar por acordá-la, mas eu precisava saber se você estava bem. É algo impossível de explicar. Eu só sentia que você precisava de mim.

Não sabia o que falar, mesmo que ele soubesse, estava me ajudando mais do que imaginava, estava me dando tanta força, que ao lado dele sabia que talvez um dia toda essa dor ia passar.

- Sam...- disse ele calmamente do outro lado. - Está no seu quarto?

- Sim, estou.

- Poderia descer e abrir a porta para mim? Estou morrendo de frio aqui.

- Você está na porta? - eu sempre me esquecia que ele não morava longe, o que fazia sempre estar por perto quando eu precisava. Mesmo quando numa manhã poderia estar estar os hobbies que tanto amava

- Você não existe, sabia? - levantei rapidamente me enrolando ao cobertor. - Já estou indo.

- Se você demorar muito, irá encontrar picolé de Renato na sua porta.

Pela primeira vez em horas vi um motivo para sorrir de verdade.

- Isso - disse ele do outro lado. - Sinto falta da sua risada, seu sorriso é lindo demais para não estar estampado no seu rosto sempre.

O Último DespertarOnde histórias criam vida. Descubra agora