Era como se meu mundo estivesse caindo, não sabia exatamente o porquê, mas ouvir que estava com depressão me deixou com medo. Queria voltar a ter uma vida normal, sentir tudo da mesma forma que sentia antes, ter um prazer por viver, querer estudar. Mas a ideia de estar com depressão me dava a entender que estava louca. Em silêncio por um momento, não sabia o que falar, era como se o mundo estivesse caindo lentamente, sendo destruído ao meu redor, e não poderia fazer nada a não ser ficar sentada assistindo tudo desmoronar a minha volta. Era como se não estivesse escutando mais nada. E pior ainda, era tudo por minha culpa.
- Samantha - ouvi o psicólogo me chamar -, eu conheço essa expressão, se torturar não vai adiantar, muito pelo contrario, se culpar só vai piorar seu quadro.
- Sam... - minha mãe começou, mas o psicólogo a impediu.
- Você precisa pôr para fora, não é porque está dentro da sua cabeça que ninguém possa ajudá-la. Torne isso real!
- Dr. Júlio... - disse minha mãe, mas ele a interrompeu novamente
- Não sou médico, me chame apenas de Júlio.
- Júlio - repetiu ela -, gostaria de entender o porquê de ela estar assim.
"Assim". Era como se ao ouvir o termo sentisse uma bola de destruição em cima da minha cabeça, presa apenas por um fio, pronta para destruir o que havia sobrado da minha vida.
- Senhora Luce - disse o psicólogo do outro lado da mesa. - "Assim", não entendi ao que quis se referir, sua filha não está louca, apenas doente e precisando de ajuda, você deve tratá-la da mesma forma que tratava antes de ficar doente.
- Do-doente?
- Sim, minha querida - respondeu ele rapidamente. - Você já ficou doente, não é mesmo?
- Sim - respondi o fitando.
- É da mesma forma, só que com seu cérebro. Precisamos começar a incentivá-lo a reagir, e a principal arma que usaremos são os antidepressivos. Mas eles não serão suficientes, iremos descobrir algo que você goste, e através desse meio, junto com alguma atividade física, retomar os níveis necessários para que se sinta bem e fique melhor.
- Meu cérebro está doente - afirmei. - O que ele tem?
- Ah, sim - disse ele. - Queria explicar essa parte logo para que pudesse perceber e entender que não é sua culpa.
O encarei em silêncio esperando que ele começasse.
- Seus neurotransmissores estão com uma má comunicação, e não transmitem corretamente suas ações e emoções. Acredito que em alguns dias, logo após suas refeições, você não se sinta satisfeita, são os neurotransmissores. Existe um conjunto de células responsáveis pelas emoções, que se liga ao sistema hormonal, e ao se ligar fazem seu corpo se mover numa velocidade necessária, mas essas células baixas reduzem o funcionamento do corpo, e por isso é normal se sentir fraca, ficar triste, estressada, ter dor pelo corpo, geralmente com a baixa dessas células surge tristeza profunda.
- Pensar que nunca mais irei ser feliz novamente. - Completei.
- Isso mesmo, Samantha. É normal que surjam pensamento suicidas, é normal pensar "Eu não aguento mais". Se sentiu assim? - perguntou ele.
Pensei em apenas concordar com a cabeça, mas não ia ajudar. Eu preciso de ajuda.
- Ainda me sinto - disse quase num sussurro.
- Irei lhe ajudar, mas devo avisá-la que os antidepressivos tem uma média de duas semanas para fazer o efeito, é preciso continuar os tomando.
- Eu vou.
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O Último Despertar
Cerita PendekDepressão, bullying, preconceito, racismo, sexualidade, homofobia, desigualdade, agressão, anorexia, estupro, aborto, suicídio. Muitos se perguntam o que todos têm em comum, além, claro, da intensamente de dor que cada uma dessas pessoas que sof...