2/ Forget

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Eu estava me entupindo de sorvete, em meu dormitório, junto com Jodie, que resolveu me acompanhar. Nós colocamos o filme mais clichê possível e assim assistimos.

Eu não prestava atenção no filme.

Eu só conseguia pensar nele. Tipo, uau, o que diabos realmente aconteceu ali? Foi a coisa mais estranha que aconteceu durante esses anos. E não, minha vida não é lá uma montanha russa, com acontecimentos emocionantes, por isso acho que minha vida já é o clichê por si só. Fiquei o resto do filme martelando o que ele me disse. Suas palavras. Sua voz. Seu olhar. E também, claro, no que ele me fez passar na frente de todos.

Merda, eu não conseguia parar de gostar dele. Juro. Nunca entendi exatamente o que eu sentia e como é possível você gostar de alguém por tanto tempo mesmo que esse alguém nunca tenha te dado bola? Talvez fosse pela vibe de badboy que ele passava e isso fosse extremamente sexy? Talvez o fato de eu sempre querer viver um clichê com garotos como ele? Ou talvez pelo fato dele ser intocável e eu automaticamente o coloco num pódio por isso. Eu sei, isso chega a ser falta de amor próprio. Mas óbvio que não sou a única.
O jeito diferente dele. O modo como ele vê as coisas, quando não está sendo estúpido junto com Dam. Quando está distraído. Quando está fumando, perdido em pensamentos. Quando ficava nervoso, e assim, mexia em seu cabelo involuntariamente. Ah sim, com certeza isso foi anos sendo uma stalker que deu certo.

Eu o observava sempre que dava, porque sua beleza era admirável.

O que me fascinava nele, era o seu modo sério e concentrado e o jeito que ele tinha pra sumir dos lugares. Na verdade, essa ultima segue sendo uma incógnita. E é hilário que isso não pareça ter explicação e só confirma minha teoria de que ele realmente tem poderes.

Mas, por mais que houvesse um sentimento platônico dentro de mim, eu sinto que tinha feito a coisa certa. Jamais deixaria qualquer um que fosse me tratar daquele jeito, nem mesmo o Travis fucking Forest. Eu não olhei pra trás, então não pude ver sua reação.

Balanço minha cabeça, em negação, depois da ultima colherada de sorvete.

Me levanto, decidida.

- Jodie. - chamo sua atenção.

- Hm? - ela responde concentrada no filme.

- Jodie! - fico em sua frente, estalando os dedos na cara dela.

- Que é? Tava na melhor parte. - ela presta atenção em mim, com falsa irritação.

- Eu preciso da sua ajuda. - sorrio.

- Pra? - ela me olha, com curiosidade.

- Me dá teu maço de cigarros.

Ela me olha incrédula, esperando que eu falasse mais.

- Mano, me dá logo. - peço.

- Não antes de você dizer pra quê. - ela deixa a almofada de lado. - Florence, você não fuma. O que está pensando em fazer?

Não respondo. Vou pro meu quarto, atrás do que vestir.

Jodie, obviamente, me segue. Ela odeia não saber das coisas.

- Florence. - ela para na porta. - Pra que diabos você quer cigarro?

Ignoro-a de novo. Se ela não vai me ajudar. Eu vou fazer sozinha.

Vou pondo as peças de rouças que vou vestir em cima da cama.

- Florence Skye! - ela grita, séria.

Nós duas sabemos que quando dizemos o nome completo uma da outra, é porque não estamos pra brincadeira.

Você e outras drogasOnde histórias criam vida. Descubra agora