CORAÇÃO DE GELO

A Cicatriz não está só no físico mas também no emocional

Acordo e estou em algo macio,olho e vejo que estou em minha cama,me mexo e olho ao redor e vejo Diogo que sorri tímido e vem até mim se sentando na cama e fazendo carinho no meu rosto
--bom dia minha pequena,como está ?-pergunta com preocupação mas tentando a esconder
--só com um pouco de dor de cabeça -falo me sentado e colocando as mãos na mesma
--tome um banho,eu irei pegar um remédio para você -fala se levantando parecendo que está querendo fugir de mim
--Diogo -o chamo e ele para,me levanto e caminho até ele o abraçando e o apertando forte -me perdoa por ontem,não queria ter falado aquilo,você é a única pessoa que Deus não tirou de mim,não fica bravo,não suportaria perde mais alguém,parece que isso é um castigo em forma de pesadelo -falo segurando as lágrimas
--minha menina,eu jamais vou te deixar,eu vivo por você e seu bem é minha prioridade,agora vai tomar um banho que eu lê trarei um remédio -fala e desfaz o abraço,assento e entro no banheiro
Tomo um banho e coloco um short preto,uma blusa cinza com desenho de caveira,deixo meus cabelos soltos e ponho um tênis bota,sento na cama para esperar Diogo e ele chega com um copo de água na mão e um comprimido na outra,sorri ao me ver já pronta
--toma,beba você vai melhorar -fala me entregando e se agachando na minha frente
--obrigado -falo e tomo
Assim que acabo ele pega o copo e ponha na mesa pequena que há no meu quarto
--Diogo -o chamo e ele me olha -posso te pedir um favor ?-peço
--depende o que você queria ?-pergunta se sentando ao meu lado
--ir ver o túmulo de Kate e Matt -falo triste e ele pensa
--não sei não Ali,você ainda não se recuperou não sei se te faria bem -fala pegando minha mão e fazendo carinho
--Diogo por mais triste que seja,eu nunca irei me recuperar,do mesmo modo quando meus pais morreram -falo triste ao lembrar deles
--mais você voltou a sorri depois de um tempo -fala me olhando e tentando compreender
--é,só que desta vez todos que eu conhecia morreram por causa de uma missão sem causa,se eu não tivesse tentado entender o raciocínio daqueles miseráveis -falo sentindo uma dor no peito
--não foi sua culpa,não foi culpa de ninguém -fala e me puxa para um abraço -agora eles estão em um lugar melhor -ele me da um beijo na testa -eu prometo que depois que a poeira baixar eu te levo lá,tudo bem ?-fala e eu assinto -agora eu quero te levar a um lugar,vem -fala se levantando e me puxando
--aonde você vai ?-pergunto assim que saímos do quarto
--você verá minha pequena -fala e continua caminhando
Depois de um tempo o caminho começa a fazer sentido para mim
--chegamos -fala Diogo abrindo uma porta
Olho para dentro e vejo a sala de treinamento de armas,é igual a antiga
--Diogo o que estamos fazendo aqui -falo olhando para as coisas e para o armário cheio de armas
--sei que você gosta de atirar,que tal vermos se ainda está enferrujada -fala rindo e pegando uma arma para mim e para ele -você quer o alvo perto o longe ?-pergunta indo até o ajustador
O alvo era um pequeno desenho num papel com vários locais demarcados
--e você ainda pergunta? É claro que é longe -falo sorrindo e ele ri
--é claro -fala e coloca o meu e o dele longe
Ele se posiciona na cabine ao meu lado
--no 3 ok? -fala ele
--ok -falo sorrindo
--então tá,1,2 ...
--3 -falo terminado por ele e atirando várias vezes,ganha quem acerta mais vezes o centro do alvo
Acabo e ele puxa os alvos para perto de mim,Diogo só errou 3 tiros e eu só errei 2,mas também faz tempo que não atiro
--olha nada mal -fala Diogo sorrindo
--nada mal mesmo, você está de parabéns -fala uma voz atrás de mim nos assustando
--diretor ? Que susto -fala Diogo colocando sua arma na mesa
--me desculpe não era à intenção,só vim chamar você para uma missão que terá agora -fala o diretor para Diogo -garota você é um arraso,com quem aprendeu isso ?-pergunta a mim com um sorriso
Não respondo,não gosto dele e ele não gostaria nada da minha resposta,então é melhor ficar calada do que falar merda
--Alice e eu treinamos juntos desde de pequenos,muitos anos de prática -fala Diogo por mim
--tudo bem,vamos ?-pergunta o diretor
--claro -responde Diogo
O seguimos até o corredor,onde Diogo teve que ir se arrumar,fui para meu quarto e ao chegar lá fiquei com tédio,puxei minha blusa para cima ficando de sutiã e me olhei no espelho e lá estava ela,a cicatriz que começava um pouco abaixo do meu pescoço e terminava um pouco antes de chegar na cintura pegando as costas toda e puxando um pouco para os lados ,essa será a marca que carregarei para sempre comigo para se lembrar desse dia,ainda dói as vezes,quando me jogaram em cima da mesa de vídeo um pouco antes de eu apagar e a última vez que eu vi Kate e Matt uma das minhas costelas quebraram,pego a pomada mais a porta é aberta com violência e eu me escondo com minha blusa,Maia fica encarando minha cicatriz sem saber o que falar
--o que você quer garota ?quem você pensa que é para entrar assim ?-falo fria e grossa
--me perdoa eu estava procurando o Diogo, o diretor está atrás dele -fala Maia
--e por acaso aqui é o quarto dele ?-falo com raiva
--é...é que ele sempre está com você,me desculpa eu devia ter batido -fala sem graça
--é devia -falo nervosa
--será que eu poderia passar a pomada para você ? -pergunta
Eu penso em falar não,mas eu não consigo passar sozinha e sempre é Diogo que passa para mim
--tudo bem,mais se você falar para alguém sobre essa cicatriz eu quebro sua cara -falo seria
--tudo bem -fala e sorri,fecha a porta atrás de si e pega a pomada
Ela passa com cuidado e devagar
--pode passar eu não vou me quebrar -falo grossa
--é que eu tenho medo de machucar
--mais do que já está ? Não tem como
--ok -fala e começa a passar mais forte
Quando acaba ela me entrega a pomada e eu visto a blusa
--Alice,eu e os meninos vamos num lugar onde vai ter luta de graça quer ir ?-fala sorrindo
--não, estou bem aqui -falo e ela despacha o sorriso
--tem certeza ?
--você é surda por acaso ?-falo e ela abaixa a cabeça e sai
Depois de um tempo resolvo sair e algumas pessoas começam a olhar para mim e eu as ignoro,entro em vários corredores até que avisto uma porta dupla marrom,as pessoas passam por ela mas parecem ignora-lá,não me lembro desse cômodo na antiga base,caminho até ela e a empurro,vejo enormes prateleiras com vários livros,a sala tem um ar convidativo mas parece que não é muito frequentada,as prateleiras estão paralelas formando entre si um corredor,não se escuta barulho,parece que o mundo todo se silenciou e só ouço minha respiração,começo a andar e o barulho dos meus pés se chocando com o chão parece ser um alarme tocando de tanto alto que é,vou olhando a capa de muitos livros,vários contam sobre histórias de guerras,de instituições e por aí vai,no final do corredor há vários pufs espalhados pelo extenso chão,mas algo me chama a atenção,um livro provavelmente esquecido por alguma pessoa,ele tem a capa dourada e com letras pretas está escrito "A HISTÓRIA ",não sei o que ele retrata mas por algum caso isso me deixou curiosa