Maia me deixe no meu mundo

6 0 0
                                    

Subo para meu quarto e deito e sento na janela que da visão para um monte de árvores,respiro fundo e deixo o ar sair,eu só queria que alguém me disse-se o porque de ser eu,não está bom,já não me testaram o bastante,eu só queira poder ter paz,não escolhi nada disso,Deus já tirou meus pais,meus amigos,só peço que não me tira Diogo,não tenho mais ninguém,se ainda estou aqui é por ele,não posso me apegar aos outros,todos se eu gosto morrem,não posso permitir que mais mortes ocorram,já matei gente demais
Resolvo deitar na cama,não tenho fome e em segundos apago,amanhã começarei a ser obrigada a ir nas aulas como os outros,antes eu ia uma ou duas vezes no dia,segundo eles eu tenho que sair do "meu mundo pós -traumático ",quem tem que sair é eles desse mundinho que ele criaram onde não devemos nos vingar,é claro que devemos e da melhor maneira é matando,e como Matt dizia "se for para fazer que faça direito ".
O barulho da chuva me faz olhar pela janela e vejo os pingos escorrer pela mesma,nada como a chuva para acalmar a alma,visto um casaco e um tênis,pego uma lanterna pois as luzes já foram apagadas,abro minha porta e não há ninguém ,caminho até o jardim coberto mas durante o caminho sinto algo em meu coração que não sei explicar é como se a cada corredor que eu virasse veria Kate e Matt escondidos se agarrando mas isso não aconteceu,abro as portas que da acesso ao meu destino e deixo o cheiro de chuva me preencher,terra molhada,calmaria,sento em um banco e fico vendo a chuva cair,as folhas das árvores dançarem

Flasback
--acorda logo -sinto uma almofada me acerta,abro meus olhos e vejo que são uma hora da manhã
--o que você quer ? Por acaso viu as horas ?-sento na cama esfregando o rosto,meu corpo implora para voltar a deitar e acho que vou fazer isso mesmo
--nos vamos na biblioteca,você não vem ?-pergunta
Vejo a cabeleireira de Kate debaixo da toca de seu casaco e um sorriso no rosto
--mas eu com sono -reclamo deixando meu corpo cai na cama
--se você dormir ,Matt ou Diogo te trás ,vamos logo antes que eles venham nos buscar -sou puxada da cama e escuto os riso dela
Me levanto e me enrolo no cobertor a seguindo para fora do quarto,costumávamos a noite,nos encontrarmos na biblioteca mas quando chovia íamos até o jardim tampado para ver a chuva,nos falávamos de tudo,esse era nosso momento,onde ninguém podia atrapalhar
--finalmente -Matt levanta as mãos para cima e se rio de sua idiotice
--Alice não queria sair da cama -acusa-me Kate rindo e apontado para mim
--era de se imaginar -Diogo diz e todos riem,eles estavam sentados no tapete e eu me deito apoiado minha cabeça na perna de Diogo e ganhando carinho do mesmo
--fique sabendo que amanhã teremos aula em grupos,tipo um salva bandeira -Kate começa a conversa fazendo o mesmo que eu mas apoiando sua cabeça em Matt
--tomara que possamos usar arma de choque -sorrio com a imaginação -poderia me vingar e ainda por a culpa no jogo -rio e os meninos fazem o mesmo
--não pense assim,vingança e um prato que se come frio -Diogo avisa depois de ri
--deixa de ser tão certinho - do um cutucão
--alguém aqui tem que ter juízo -responde
--e cadê ele cara ? -Matt finge procurar com o olhar pela sala vazia -meninas vocês viram ele pelo caminho ?-pergunta rindo
--eu não e você Kate ?-a olho entrando na brincadeira de Matt para mexer com Diogo
--eu não,e você Diogo ? Viu esse cara ?-ela se segura para não rir mas não consegue e rimos junto com ela

--Oi -uma voz me traz para a realidade,olho ao redor e vejo uma cabeleireira ruiva que já conheço,ignoro voltando minha atenção para as gotas de água que caem nas flores
Escuto passos e sei que ela se sentou ao meu lado,de canto de olho a vejo arrumar seu roupa azul em seu corpo como se estivesse se escondendo do frio,percebo que sua atenção por alguns minutos sou eu mas depois passa a ser a chuva -sabe você não é a única que perdeu alguém importante para você -a encaro e vejo sua expressão passiva me encarar,mas não consigo entender o que ela quis dizer -como você também sou órfã -por mais que eu tento desviar minha atenção,minha mente insiste em ouvir o que ela tem para dizer
--não perguntei nada -respondo para que meu cérebro entenda que não quero ficar ouvido nada,mas parece que tanto meu cérebro,tanto ela resolveram me ignorar
--eu sei que essa barreira fria e durona que você criou foi por causa da tragédia,sei que você é bem diferente de quem mostra ser -passo a mão no meu cabelo como uma forma de me acalmar,essa garota é muito irritante
--sabe,seria tão bom se você aprendesse a ficar em silêncio e sumir de perto de mim -me levanto para voltar para meu quarto mas ela é mais rápido e tranca a porta me deixando mais nervosa,vou matar essa menina
--eu sei que você que você já sofreu bastante e por isso tem medo da verdade então tenta fugir dela -aponta o dedo em minha direção como se me acusasse mas ela está calma,em pé na minha frente com seu roupa e seu cabelo ruivo solto,esta escuro mas consigo ver seu rosto pela claridade da lua e de algumas luzes de jardim
--e como a senhora sabe tudo sabe sobre minha vida -me exalto e elevo meu tom de voz mas controlado para não acorda as pessoas,me faço de forte mas por dentro sei que essas palavras mexeram comigo e por isso quero sair daqui
--pois eu já fui como você -sua voz também se exalta por alguns instantes mas ela se recompõe -quando perdi meus pais eu só queria que o mundo me deixassem em paz,parassem de ficar me olhando com olhares de dó,fui mandada por um orfanato e quando completei 6 anos que eu estava lá o mesmo pegou fogo e várias crianças morreram,meus amigos,as pessoas que cuidaram de mim -respira fundo se sentando novamente e deixando algumas lágrimas escaparem- eu não entendia o que o mundo tinha contra mim,foi quando fui mandada para cá e conheci Tiago,ele me ajudou a superar tudo isso,agradeço por te lo encontrado,mas suas palavras nunca saíram de minha mente,ele me disse uma vez que se a vida não ficar mais fácil,para eu me tornar mais forte,e que essa dor que eu sentia nunca ia sarar mais com o tempo ela passaria a ser suportável -ao terminar de falar ela me olha já sem lágrimas nos olhos -só quero dizer que você é mais forte que essa dor em seu peito -se levanta me entregando a chave -e prometi a Diogo que seria sua amiga -sorri mas eu só consigo abrir a porta e sair correndo para meu quarto,ao deitar na cama deixo as lágrimas me consumirem e apago

CORAÇÃO DE GELO Onde histórias criam vida. Descubra agora