Uma Nova Amiga

6 0 0
                                    

Eu havia ganho a discussão, mas estava me sentindo como se houvesse perdido algo em troca. Imperium estava demorando, e o grimório de Clark não parecia ter encontrado nada também. As vozes de antes eram efeitos colaterais das experiências que fizeram comigo, mas elas só aparecem quando estou estressado ou preocupado, e, naquele momento, elas estavam me dando dor de cabeça:

- E agora? Vai fazer o que? Idiota! - Disse uma voz feminina

- Vai ficar sentado aí como da última vez? Típico! - Uma voz masculina

- CALEM A BOCA!!! - Eu gritei.

Todos olharam para mim espantados, fora da minha cabeça, ninguém havia falado nada. Voltei ao que estava fazendo e tentei me acalmar, mas não adiantava, eu não conseguia paz. Não sei o que são essas vozes, mas digo que são minha consciência, tudo o que sei é que são sempre as mesmas vozes e que elas sempre fazem questão de esfregar na cara o que está me incomodando, mas meu orgulho às vezes é maior.

Tracy, que não havia voltado para as sombras, veio até mim. Ela me cutucou para chamar a atenção, o que me desconcentrou e eu caí no chão com o susto. Ela se sentou perto de mim e disse: 

- Desculpa, mas me pareceu que você não estava muito bem.

- Ai! Bem isso doeu. Porque eu não estaria bem? - Perguntei com um tom de indignação e com um sorriso falso no rosto.

- Por que eu te conheço a mais de 15 anos, e sei bem que você não gosta nem um pouco de discutir. Ainda mais sobre o seu passado. - Ela respondeu.

Eu não disse nada, apenas me ajeitei no chão, cruzei as pernas e desviei o olhar. Ela suspirou e disse:

- Não adianta tentar virar o rosto, eu te conheço melhor que qualquer um aqui, até melhor que você às vezes. Eu sei que você se importa com ela, você se importa com qualquer um com facilidade, mesmo que pareça arrogante e teimoso.

- Como você garante tanto? A gente se conheceu tem dois dias, e já ameacei ela tanto quanto ela me ameaçou! Fora isso, quase não conversamos. - Respondi voltando o olhar para ela.

- Já te falei, eu te conheço bem. E mais, ela ainda está algemada com suas correntes, se você realmente não se importasse, teria usado isso contra ela. - Ela respondeu e adicionou - Você pode enganar quem você quiser, mas sabe que esses seus truques não funcionam em mim.

E dei um sorriso e respondi:

- Você sempre foi a pedra no meu sapato em relação a isso.

- Mas você não sobrevive sem mim. - Ela respondeu. - Perdi as contas de quantas vezes costurei seu braço de volta no lugar.

- Ainda lembro quando você me trocou o braço esquerdo pelo direito uma vez. A sensação for horrível! - Lembrei.

- Hey! Eu era iniciante! A culpa foi sua por perder os dois ao mesmo tempo! - Ela retrucou

- Você nunca fez isso com seus mortos-vivos. - Respondi

- É mais fácil com eles, porque eles não tem medo da agulha. Você era a única pessoa que eu conhecia que não tinha medo de perder o braço mas tinha medo da agulha na hora costurar de volta. - Ela zombou de mim.

- Em minha defesa, o corte é um só golpe, a agulha são vários! - Tentei justificar.

- Mas não justificava se esconder em baixo da cama! - Ela respondeu

- Shh! Não fala isso tão alto! - Eu pedi.

Demos uma breve risada e ela me disse:

- Vai lá fora, conversa com ela, tenho certeza que essas vozes vão parar se você o fizer.

O Primeiro Pilar (Canceled)Onde histórias criam vida. Descubra agora