Capítulo 6

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Dul ergueu uma sobrancelha quando voltei para casa no domingo, mas não disse nada.
Acho que, como cheguei em casa inteira, ela não faria comentários. Havia me dito uma vez que eu era idiota e, para ela, fora alerta suficiente. E Dulce tinha outras coisas para ocupar seu tempo: Christopher Uckermann lhe telefonou à noite para convidá-la à festa beneficente de gala.
Ela aceitou e eles conversavam todo dia desde então.

Naquela mesma noite de domingo, enquanto Dulce conversava com Christopher, eu estive ocupada. Sentei ao computador e entrei em meu histórico de navegação. Precisava ver a foto dela novamente. Tinha de saber se ela estava com minha coleira. Tamborilei os dedos na
mesa enquanto esperava. A minha coleira. Poderia ser realmente minha, se outras
incontáveis mulheres a haviam usado? A página carregou. Lá estava Alfonso, mas meus olhos não foram atraídos a ele, só à sua acompanhante.

Soltei um suspiro de alívio quando vi que ela não estava com a gargantilha de diamantes. Em vez disso, usava um colar de pérolas. Tombei a cabeça de lado. Será que Alfonso lhe dera uma coleira de pérolas? Frustrada, desliguei o computador.

De segunda a sexta-feira, fui trabalhar como sempre em uma das bibliotecas públicas de Nova York, cercada de livros e de pessoas que os adoravam. Os livros costumam me acalmar. “Costumam” é a palavra-chave. Por dois dias na semana, eu dava aulas particulares de inglês e literatura a adolescentes. Gostava de ajudá-los, ver a luz em seus olhos enquanto trabalhavam em um problema mais complicado ou descobriam uma nova habilidade. Na quarta-feira, porém, um de meus alunos me pegou passando o dedo por minha coleira. Bastou um simples “bonito colar, Srta. Portilla” para me deixar toda agitada. Alfonso me proibira de tirá-la.

Tentei não pensar no que os pais do garoto diriam se soubessem o que fiz no último fim de semana. O que pretendia fazer neste fim de semana.
Não é da conta de ninguém. Meu tempo é só meu, pensei, assentindo, depois me ocorreu: meu tempo nos fins de semana não era mais meu. Era de Alfonso.

A semana foi longa até a sexta-feira. Tecnicamente, não se passou nem uma semana desde que o vi, apenas cinco dias. Mas pareceram dez.
Alfonso esperava por mim quando parei em sua casa de campo naquela noite às seis em ponto. Tinha servido pratos de capelinni com molho de mexilhões.

— Como foi sua semana? — perguntou ele quando engoli a primeira garfada.

— Longa. — não precisava mentir sobre isso. — Como foi a sua?

Ele deu de ombros. É claro que ele não admitiria que ansiava pelo fim de semana. Mas, mesmo que dissesse, de maneira nenhuma teria tantas palpitações no estômago como eu. O que vamos fazer esta noite? Ele vai me tocar? Lembrei-me de como suas mãos tinham percorrido meu corpo no domingo e estremeci.

— Apollo matou um esquilo.

Assenti. Era loucura, nós dois sentados e jantando como se fôssemos um casal normal. Como se fosse uma noite normal de sexta-feira. Como se ele não tivesse me acorrentado nua há menos de uma semana e me açoitado com o chicote. Como se eu não tivesse gostado daquilo. Remexi-me na cadeira.

— A mulher do meu amigo Todd, Elaina, trouxe um vestido mais cedo. Eles estão
ansiosos para conhecê-la.

Minha cabeça se virou de repente.

— Seus amigos? Todo mundo sabe sobre nós?

Ele torceu uma porção de macarrão no garfo e levou à boca. Aquela boca. Aqueles lábios. Olhei enquanto ele mastigava e engolia tranquilamente. Ai. Estava ficando quente na cozinha. Rapidamente, comi uma garfada.

— Eles sabem que você é minha acompanhante. Não sabem de nosso acordo.

Acordo.
Sim, era uma maneira elegante de colocar a questão. Concentrei-me em cortar minha
massa. Na minha frente, Alfonso passava o dedo na borda da taça de vinho. Ele me
provocava. Brincando comigo como as cordas de um violino. E fazendo um trabalho primoroso.

— Então, pretende me tocar neste fim de semana ou não? — soltei. Seu dedo parou e
seus olhos se estreitaram.

— Faça perguntas de uma maneira mais respeitosa, Anahí. Só porque esta é a sua mesa não significa que pode falar comigo como bem entender.

Senti o rubor em meu rosto.
Ele esperou.
Baixei a cabeça.

— O senhor tocará em mim neste fim de semana, mestre?

— Olhe para mim.

Olhei. Seus olhos verdes estavam em brasa.

— Pretendo fazer mais do que tocar em você — respondeu ele lentamente. — Pretendo te foder. Com força e repetidamente.

Suas palavras provocaram um choque elétrico de minha cabeça ao ponto ansioso entre minhas pernas. Havia um motivo para ele ser o mestre: Alfonso podia fazer mais com algumas simples palavras do que a maioria dos homens com o corpo todo.
Ele se levantou da mesa.

— Podemos começar? Quero você nua na minha cama em 15 minutos.

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⏰ Última atualização: Oct 29, 2016 ⏰

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