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Bitch, I'm back.

Nas notas finais eu explico o porquê desse capítulo. Ah, quando ele citar a parte da infância, imaginem eles entorno de seis a sete anos de idade, okay?!

Tenham uma boa leitura. :)

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'Eu era jovem, muito mais jovem do que quando comecei a escrever no caderno de anotações. Foi algo repentino, até hoje me pergunto como ele apareceu, assim do nada.






Não era como se eu estivesse o aguardando, ele simplesmente aconteceu. Lembro de ter trancado a porta e fechado a janela naquela noite, mas de repente ele estava ali, parado.





Ele me olhava, ele me olha, como se... Como se devesse me contar algo. Consigo sentir um sentimento de culpa vindo dele.






Nunca consegui questioná-lo sobre isso, todas as vezes que tentei ele mudava de assunto, era como se ele lesse meus pensamentos.






Parece estranho mas eu o sentia fazer parte de mim, como se estivesse grudado na parte mais obscura da minha mente. 






Na noite em que nos conhecemos eu não precisei dizer o meu nome, ele já me conhecia. Tampouco precisei saber o dele.






Algumas vezes relapsos daquele encontro me vêem a mente, como se me perseguissem. Ele lá parado e eu o olhando, literalmente, como uma criança assustada.






Éramos apenas duas crianças, pelo menos a "casca" dele se parecia uma. Nunca fui devoto de nenhuma religião mas acredito que ele foi um anjo enviado para a minha salvação. Oh, não se engane, ele conseguia ser um pequeno demônio quando queria mas... Ele foi o único, ele é o único que consegue me salvar.






Todas as vezes que paro para pensar sobre nós um arrepio percorre minha espinha, me alertando. Oras, esse não é um assunto muito fácil de se retratar, até o dia de hoje não consigo achar definições sobre o sentimento que nos corrói, sei que somos pecadores, e que muitos nos condenam... Me condenam. 






Para eles eu deixei a loucura me invadir, me acariciar e me embebedar nas águas da ilusão, eu não os condeno, acredito que talvez esse pensamento faça algum sentido. Afinal, eles não o enxergam, não como eu.






Lembro dele se deitando ao meu lado naquela noite fria, me abraçando e me contando onde morava, era um lugar lindo parecido com o paraíso. Existiam campos por todos os lados, não tinha fome, nem sede, nem frio, era repleto de pessoas, de todas as idades, todas com algum propósito ou objetivo, como disse, era o paraíso. Eu pedi para morar com ele, e isso foi... Isso foi um erro, ele começou a ficar nervoso, me dizendo que aquilo não poderia acontecer que eu deveria ficar e persistir, que no final ele retornaria e ficaria comigo, para sempre.






Mas eu não queria ficar, meu pequeno corpo já naquela época não suportava o que se passava ao meu redor. Eu implorei, supliquei, mas ele ignorou, me abraçou mais contra o corpo dele beijou a minha testa e me disse para dormir, que um dia tudo aquilo faria sentido.






Eu não o obedeci, passei o resto da noite o olhando, cada detalhe, do all-star vermelho nos seus pés ao anel de prata no seu dedo mindinho. O fato de sentir como se já o conhecesse não me parecia estranho e sim instigante, pois eu queria mais, mais saber, mais contato, qualquer coisa que o tivesse relacionado, eu queria. Mas em algum momento me entreguei ao cansaço e acabei ressonando em seus braços.






Catastrophe - {muke}Onde histórias criam vida. Descubra agora