Capítulo 25

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O chão do banheiro era frio como a lâmina que percorria seu braço.

Cortes e mais cortes.

O sangue que deveria correr por suas veias agora corria para o ralo do chuveiro.

Era sempre assim, fazia o primeiro corte pra aliviar a dor que sentia, e fazia os outros por pensar na decepção que era.

Era fraco e reconhecia isso.

O que sua mãe pensaria dele se entrasse agora naquele banheiro? Ele era uma decepção.

'Pobre Michael, o depressivo'


Ouvia alguém o chamar mas se sentia tão fraco que preferiu ignorar, devia ser sua mente lhe pregando peças.



X~~~~~X


Luke estava estático no batente da porta, olhava Michael sentado no chão daquele banheiro, com os olhos fechados e o braço coberto de sangue.

Pensou que tinha chegado tarde demais, mas o ouviu resmungar pelo frio.

Seu rosto ainda doía da surra que tinha levado pela manhã, havia esbarrado em um dos jogadores de futebol da escola, e ele ficou meio agressivo.

Mas aquilo não o preocupava, já estava acostumado.

O seu problema agora estava ali, sentado com a cabeça recostada nos azulejos e com o braço coberto de sangue.


"Por que você fez isso, Mike? Por quê?"


'O mar estava tempestuoso, os tripulantes culpavam Netuno. O capitão escutava os burburinhos dos marujos de sua cabine.

Não saberia dizer se a embarcação duraria muito tempo.

O rum já estava acabando, os mantimentos já estavam pelo fim, os furos no barco já estavam começando a aparecer.... Estavam perdidos, a deus dará.'


O arrastou até estar completamente embaixo do chuveiro, o despiu, o deixando só de cueca, lavou seus cortes, enfaixou seu braço e o arrastou até o quarto.

'E a manhã veio, e como um milagre avistaram um pedaço de terra a milhas de distância, poderia ser pouco, mas deu esperança para os homens continuarem.'



X~~~~~X


Luke vigiava o sono de Clifford.

Era impossível não ficar reparando o quão adorável o colorido ficava ao dormir.

Luke gostava dele e admitia isso, mas só e somente a si mesmo.

Se achava doente por isso, pois Michael foi responsável pela maioria das suas lágrimas. Deveria ser louco, sofrer algum tipo de distúrbio.

É, com certeza aquela coisa que sentia deveria ser doença, e deveria se curar e esquecer isso, não daria certo, era um erro.


Era um erro, mas um erro que ele estava disposto a arriscar, e foi assim que Hemmings se aproximou, chegando tão perto que poderia ritmar a respiração de Clifford.

Meio tímido porém, começou a acariciar a face do outro, o achava belo e precioso... Mas pelos deuses, que ele não lhe ouvisse.


Passou então a delinear seus lábios, eram tão carnudos e cheios de vida... Adoraria prova-los.


E então o fez, se aproximou mais dos lábios de Clifford e o beijou, era apenas uma experiência, só queria ter a sensação.


"Uhn..."


Luke se afastou rapidamente, com medo do outro ter acordado, mas ele apenas se virou para o outro lado e continuou a dormir, como se nada tivesse acontecido. E para Hemmings seria melhor se as coisas continuassem assim.


Por mais que pelo pouco que tivesse experimentado, já tivesse vontade de repetir a dose, não poderia se dar esse luxo, teria que conviver com a separação.



'Todos os marujos comemoravam pelo pequeno pedaço de terra, todos, inclusive o marujo bêbado, que vagava pelo convés a procura de rum.


Enquanto alguns dormiam ele procurava um pouco do seu elixir.


E isso acabou custando a vida de toda a tripulação.'

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Capítulo narrativo pra vocês.

M.

Catastrophe - {muke}Onde histórias criam vida. Descubra agora