Arte

5 1 0
                                    

Gosto do frio, do inverno e da chuva. Mas ainda sim, a tempestade me assusta. Pode me abraçar quando o trovão alcançar meu ouvido?
Eu sei, sou uma garotinha medrosa. Mas pode me estender a mão quando por descuido meu, cair ou escorregar no nada como sempre faço? Sei, sou desastrada.
É meu bem, não consigo manter a coroa na cabeça, nem me sentar direito no trono, toda largada e relaxada dona de mim. Sou uma criança mesmo, mas você ainda ama essa criança não é? Diga que sim. É tudo que eu mais quero ouvir no final desta tarde, com esse sol quente que fujo.
Sim eu não gosto da luz do Sol, sinto dor de cabeça com isso e tonturas. Sabe, sou estranha mesmo e meio louca, louquinha de pedra, completamente, louca.
Mas eu gosto assim, gosto do meu chá que tomo em uma tarde como essa para refrescar, com o gelo batendo no copo como faço apenas para me distrair. Sou uma boba mesmo.
Ah meu anjo, me abrace apenas no final dessa tarde, me diga que me ama, que tudo foi apenas um sonho e me deixe ouvir sua voz. Me deixa tocar em seu rosto e lábios doces seus. Ou me toque com seus lábios, causando arrepios em meu corpo, me agitando e tranquilizando.
Que há em seus olhos castanhos amor? Que eu não consigo mais tirar da mente, ou sua voz inebriante que me faz relaxar como nenhum trago me faz. Ou seus lábios que me agitam como nenhuma bebida o faz.
Ah, amar é algo complexo demais. Não posso tentar entender, das maiores e mais complexas filosofias o amor, sim, o amor é um dos mais complexos. O mais confuso e intenso, completamente sem sentido.
É uma arte como o céu azul dessa tarde ensolarada que vejo do quintal de meu castelo, queria que estivesse comigo compartilhando desse reino meu anjo, ah como queria que visse as riquezas que tenho e pudesse desfrutar comigo.
Mas está longe, está em outro lugar. Enquanto bebo de meu líquido verde com bolinhas, essa que observo estourar como a criança que sou.
Criança chorona essa, criança mimada, criança teimosa e curiosa. E claro, amante sua. Essa criança que deseja seus braços, envolvidos sob mim me reconfortando, me acolhendo como uma mãe. Mas bem, não é exatamente como mãe, sabe disso, está mais para... amor. Amor inexplicável, viciante, intenso, desejo incontrolável.
Criança essa que deseja você. Seus olhos castanhos nos meus. Sua boca delicada na minha, que carrega um sorriso indecifrável e um olhar misterioso, longe de tudo, em outro mundo, outro universo. Que amo tentar entender, mesmo sendo indecifráveis e impossíveis.
Alma essa que se parece com um labirinto, que quero explorar como a criança curiosa que sou, lábios que formam uma expressão curiosa que quero tomar para mim. Ou que me tome em seus braços.
Agora bebo meu líquido verde e gasoso, pensando. Quão longe estamos. E como foi que deixei isso acontecer, criando meu castelo me escondendo de tudo e todos, ainda quero você. Tentei fugir. Tentei me iludir e mentir, mas você. Ah você. Com olhos castanhos e sorriso cansado, seu jeito confuso e misterioso que amo, sua voz viciante. Ah, meu anjo, você me enfeitiçou, me viciou.
Estou presa aos seus encantos agora, trancada em meu castelo de diamantes e prata.
Quero compartilhar do meu poder com você, de meus vidros despedaçados para colher contigo se possível. E quero entender sua mente misteriosa, ou me perder nela.

Lírios E PensamentosOnde histórias criam vida. Descubra agora