Capítulo 5

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- Hannah

Acordo dentro de uma cabana meio escura, com um garoto de franja me encarando. Difícil encontrar garotos de franja, e achar bonito. Mas nele fica legal, seu cabelo preto liso dá um charme em seu rosto.

- Ei, olá. Até que enfim acordou. – ele diz

- Oi... – digo, me sentando no pequeno espaço de palha onde estava deitada.

- Acho que não nos apresentamos muito bem há 2 horas atrás.- diz ele.

- Quê? Eu só dormi por duas horas? Achei que tivesse se passado dias!

- Aqui o tempo é assim... Não parece que passa. Não tenho certeza se foram 2 horas ou dias, não temos nada para contar...

- Entendi. Como você se chama?

- Sou Felip. Prazer em conhecê-la! Da última vez em que conheci alguém novo por aqui, bem, a perdemos. Por isso não quis abandoná-la por aí.

- Coisas terríveis acontecem, monstros horríveis vivem por aí, e o tempo, como pode ver, além de não se passar, é monótono e triste. Às vezes chove sangue, às vezes garoas nos assombram. Mas, seja bem vinda de qualquer forma. Sempre bom termos uma companhia a mais. – diz uma garota loira e magricela se aproximando. Ela aperta a minha mão suada. – Prazer, sou Dália.

- Existem muitos de vocês por aí? – pergunto

- Poucos sobrevivem, na realidade. E o irônico, é que somos imortais, o que não faz o menor sentido. – diz Felip.

- Nada faz sentido aqui. – diz outro garoto, ruivo e robusto, entrando na cabana - Esqueça tudo o que sabe do mundo lá fora, aqui é diferente. A única coisa boa são os amigos, então, você tem sorte de termos te encontrado. Lembro que vaguei por aí por um bom tempo até me deparar com Felip e Dália. Mas enfim, prazer em conhecê-la! Sou Marcys.

- Olá, gente. Obrigada por terem me acolhido aqui, de verdade. Ainda me sinto meio perdida, eu deveria recuperar um relógio, mas estou aqui. Eu perdi meus amigos de verdade, fui enganada pelo garoto que gostava e por minha melhor amiga.

Lágrimas saem dos meus olhos. Tudo bem que sairiam uma hora ou outra mesmo, mas aqui é diferente, pois elas saem com sangue. Tenho medo disso.

- Queria dizer que agora está tudo bem, mas sua vida acaba de piorar... – diz Dália.

- Como faço para sair da Cidade de Nevol? Vocês sabem? – pergunto.

- Acha que se soubéssemos estaríamos aqui agora, querida? – pergunta Dália. – Este lugar parece que não tem fim. Andamos, andamos e sempre voltamos ao mesmo lugar.

- Então vocês devem estar andando errado. – digo – Ou talvez, a questão não seja andar. Precisamos arranjar um jeito! Precisamos pensar em formas de sair daqui. Eu sei que tem uma forma. Têm de haver.

- Linda, nós já tentamos de tudo, ninguém nunca conseguiu sair daqui, como poderíamos nós, conseguir? – pergunta Dália.

- A principio, tendo mais confiança em si mesmos! – digo, me levantando, ficando mais otimista com tudo - Vou dar uma volta lá fora, tentar pensar em algo. Acho que vamos conseguir sair dessa!

- No início sempre achamos, mas aí começamos a ficar apavorados com tudo. – diz Felip.

- Não podemos deixar isso nos abalar, Felip... Passei toda a minha vida sendo humilhada e deixada de lado, me sentindo inferior a todos. Passei todo esse tempo vivendo injustiças. E agora estou aqui, pelada, mais uma vez sendo humilhada, presa em um lugar sem saída. Não quero e não posso deixar isso me abater, porque, sinceramente, pra mim já chega! Preciso ser alguém na vida, e para isso, preciso viver.

Dou alguns passos, começando a me sentir livre pra ser como sou, e sorrindo, saio da cabana. Bate um vento forte no meu rosto, sinto a brisa do mar... Olho para dentro da cabana, para falar a eles que não é tão ruim lá fora, que dá para suportar, mas de repente não consigo enxergar mais nada, sinto que algo me prende ao chão, e mais uma vez desmaio sobre a neve.



 

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⏰ Última atualização: Nov 01, 2016 ⏰

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