Conhece-te a Ti Mesmo

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    Os anos que se seguiram foram de tranquilidade para o reino. Rei Humberto ficou mais sociável esquecendo seu passado; rei Filipe passou a se preocupar novamente com o reino e abriu mão de planos para destruir Maléfica; Aurora cuidava de seu filho com a ajuda de sua mãe, Lucinda e de suas fadas madrinhas vendo-o crescer belo e saudável. O príncipe Raio de Sol adquiriu os cabelos louros da mãe e os olhos cor de mel do pai. Tudo que lhe era ensinado absorvia rapidamente. Aprendeu a andar a cavalo; se apaixonou pela leitura; sua voz era esplêndida como a da mãe. Uma novidade, pois não era costume um príncipe passar seu tempo cantando. Diferente de outros, gostava de visitara Arquidiocese e casa espiritualista e ganhou a simpatia de padre Erick e da espiritualista Carminda. As fadas de Aurora prometeram crescer junto a ele e o mesmo já tinha se acostumado a vê-las fazer mágica. Aos 14 anos, o príncipe havia adquirido os traços delicados da mãe no rosto.

- Flora! Faz aquela rosa vermelha abrir! Por favor! – Insistia o príncipe com as duas mãos juntas para ela como se estivesse rezando.

- Ah, meu querido! Já fiz isso tanto hoje! – Exclamava a fada com a voz mole.

- Só mais uma vez! Preciso terminar o buquê de mamãe! – Exclamou ele mostrando um buquê cheio de rosas brancas e vermelhas.

O príncipe estava com as fadas nos jardins internos do castelo sentado num banco de pedra e de frente para ele havia um chafariz com uma estátua no meio de uma moça derramando água através de um jarro.

- Está bem, meu anjo. – Disse Flora. Apontou para uma rosa vermelha próxima com a varinha e ela se abriu lindamente. Fauna pegou a rosa com cuidado e a deu para o príncipe.

- Aqui, Alteza. – Disse Fauna pegando a rosa com cuidado e dando-a para ele.

O príncipe pegou a rosa...

- Ai!

- O que houve, Alteza? – Indagou Primavera se aproximando mais um pouco.

- Machuquei o dedo no espinho! Olha Primavera! – Disse o príncipe levantando dedo o indicador de onde saía um pouco de sangue.

- Hum... – Fez Primavera analisando o dedo ferido dele com um misto de desconfiança e temor, que logo foi percebido pelas duas outras fadas. 

- Primavera? Querida, pode dizer. – Disse Flora um pouco séria.

O príncipe ficou olhando para Primavera com curiosidade inclinando um pouco a cabeça para o lado.

- Estamos tão felizes com esse sossego aqui no reino que nem nos demos conta de uma coisa. – Disse Primavera olhando para Flora e depois para Fauna.

- Do quê? – Indagou Fauna.

- A maldição. – Respondeu Primavera.

- Primavera! – Exclamou Flora olhando-a com reprovação.

- Mas ele precisa estar ciente disso! É para o bem dele! – Exclamou ela.

- Tudo bem, eu sei disso. – Disse o príncipe balançando as mãos como para evitar uma discussão entre as duas. – Sei da maldição de mamãe sobre mim e da feiticeira também. – Completou ele colocando a rosa que Flora abriu no buquê calmamente.

- Raio de Sol, não está preocupado sobre a maldição? – Indagou Fauna.

- Às vezes sim, mas se eu ficar pensando nisso, só vou viver com medo, não acham? – Disse o príncipe piscando para elas e sorrindo.

- Verdade. É melhor ver sua alteza sorrindo. – Disse Flora retribuindo o sorriso com outro.

- Agora, vamos. – Disse ele se levantando. – Preciso entregar o buquê para mamãe.

O PríncipeOnde histórias criam vida. Descubra agora