— Aqui! Pare! Por favor! — exclamou Alice, agitada, conforme o para-choque do A4 se aproximava. O carro parou três metros na frente dela. Alanna e Steven repararam no rosto fechado do motorista. Não parecia ser uma pessoa gentil.
— "Não vá lá, Alice..." — aconselhou Steven, quando a amiga já estava indo em direção do carro. Visto que não conseguiria fazê-la parar, resolveu acompanha-la. Debaixo daqueles óculos escuros havia muita beleza, contudo, tal beleza estava sendo usada no momento para formar uma feição de julgamento. Estava explícito pelo formato dos lábios.
— "É a nossa chance de chegarmos até o Centro Médico, Steven!"
— "O que querem?" — perguntou, sem emoção no tom de voz. Vestia uma camiseta social azul das mais caras, e calças pretas aparentemente das mais caras também. Nenhum pingo de sangue visível.
Alice foi direto ao ponto:
— "Nós estamos na merda! Precisamos de uma carona para o Centro Médico. Pode fazer isso por nós?"
O homem inspecionou os movimentos fora do carro e considerou seguro para sair. Quando o fez, saiu do sedan feito uma figura de superioridade inquestionável. Deixou a porta aberta para poder apoiar um dos braços em cima dela.
— "Por que eu confiaria em vocês?" — perguntou, fazendo pouco caso.
Steven deu um passo para frente:
— "Nós passamos por muitas coisas hoje. Perdemos pessoas que amávamos e quase morremos. Nos dê a carona, por fav..."
O cano de uma Colt .38 foi posto na direção de seu rosto de bochechas gordinhas, fazendo-o parar em um segundo. O homem retirou os óculos aviador do rosto e o jogou para dentro do carro sem tirar os olhos do garoto. Deu um risinho de galã.
— "Não deem um passo a mais, ou eu atiro." — avisou, com uma voz equilibrada, mas segurando a arma como um amador; como alguém que pensava que sabia segurar uma pistola. Se desse o disparo, iria se machucar com o coice da arma.
Evitar gaguejar em situações embaraçosas não era o forte de Kline:
— "Calma aí, cara! O que está fazendo?"
Os olhos do homem contornaram a aparência do garoto. Parecia estar julgando novamente, mas desta vez havia um punhado de ponderação junto. Ele reparou na regata suada e suja com sangue. Nos braços, viu manchas cinzas. Poeira, fuligem... ou falta de banho, disse a si mesmo. Nenhum sinal de ferimentos graves, pelo menos. — "Peço-lhes que não me levem a mal..." — com a arma ainda apontada para Steven, o estranho direcionou os olhos para as garotas. Ficou encarando-as por um tempo, uma de cada vez. Um sentimento de acolhimento aqueceu seu coração. — "Esta arma faz parte dos meus princípios de defesa. Perdão se os assustei, mas a intenção é essa." — permaneceu com mira em Kline.
Os três jovens não sabiam como reagir àquilo.
— "Dizem que passaram por problemas no caminho. Preciso que respondam algumas perguntas minhas, já que não foram os únicos. Bem..., é coisa rápida. Questão de 1 minuto. Segurança." — deu um momento para que absorvessem o que falava. — "Estão sendo perseguidos por alguém? Algum bandido? O caos que se tornou esta cidade deu oportunidade para que delinquentes procurassem fazer o que bem entenderem."
Ninguém respondeu.
— "Se quiserem pegar carona no meu possante, terão de responder."
— "Não. Não estamos sendo perseguidos por ninguém e não vamos roubar seu carro. Só queremos a carona." — explicou Alice, séria.
— "Foram mordidos? Aquelas bestas encostaram a boca em vocês?"
— "Ilesos."
— "O que pretendem fazer no Centro Médico? Não é um bom refúgio, sabiam disso? Tá uma confusão."
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[EM REVISÃO] A Ascensão Viral
AcciónHouston e Rio de Janeiro - duas cidades bem distantes uma da outra - aos poucos vão caindo em perdição pelas mãos dos mortos-vivos. Primeiro a história em Houston, mostrando a jornada de um grupo que tenta sair da cidade infestada de zumbis, te...