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Mais uma rotina do mesmo.
Levanto-me da cama, sinto que realmente preciso de mudar.
O quarto todo desarrumado e com o mesmo cheiro desagradável. Olho me ao espelho, os meus cabelos castanhos compridos bagunçados, pálida, olhos vidrados, o meu corpo fino, parece que não como. Realmente, não me lembro da última vez que tive uma boa e saudável refeição.
Horas: 18, o normal.
Saio de casa, penso no pub habitual...

Já sei que não importa o que pense...é lá que vou acabar.

Sigo então o caminho.
Estou a atravessar a estrada para o lado do pub e ao olhar deparo-me com a mulher de olhos castanhos da outra vez, tão focada em si mesma, parece que mais nada existe á sua volta.
Entro no pub, quase vazio. Talvez hoje seja o dia em que fale com alguém ou que alguém decida falar comigo. Não é que eu realmente tente, não compreendo as pessoas, nem a mim mesma. Não entendo o "como" e o "porquê" das pessoas.
Sento-me. Observo. Mudaram o rapaz do balcão, ou provavelmente despediu-se. 

Com o ambiente que este pub tem eu também desistiria, seja quem aqui apareça transborda sentimentos. Sentir é confuso. Como sei o que estou a sentir? Já chorei, isso significa que sinto?

Deixo de pensar nisso.

O que se passa comigo?

Saio do bar, aborrecida talvez.

O que fazer se eu não tenho algo novo para fazer? Algo novo para observar, acho que nunca pensei tanto numa mudança por mais miníma que fosse.

Decido mudar então o caminho para casa, talvez essa  pequena mudança me faça deixar de ter a tal necessidade.
Alternei o caminho e ando em direção de uma rua com algumas casas e umas árvores, talvez descubra algo novo.
- A arriscar?— uma voz feminina veio de trás de mim.
Viro-me lentamente para trás, não com medo, mas confusa.
Era a mulher de cabelos castanhos. Assim que olhei diretamente para ela, sorriu me, o sorriso dela fazia-se sentir...algo que não consigo explicar.
-Se fosse a ti nunca teria arriscado.
Dito isso ela vai embora. Quando me viro para a frente estou à porta da minha casa. Não pensei estar tão perto de casa.
Coloco a chave e abro a porta da entrada assim que entro tranco-a.

Vou seguida ao meu quarto.

Dispo e deito-me na cama. 

"Mudança..." "...Arriscar" pensei...Será que devo?


Cheiro o cigarro e o álcool. Tento me mexer. Estou amarrada, abro os olhos. 

Ah estou aqui, e ele também. Sorrio.

A cara dele tem uma expressão fria e sem vida, e o conforto que essa expressão causava em mim...era o melhor nele.
Continuou sério com o cigarro na mão, ele estava de fato, não era preciso esforçar-se para demonstrar tal beleza.
Quero me mexer, sinto a urgência de ter os seus braços à minha volta.
Ele olha para mim, atira o cigarro ao chão e ri.
-Diz me que estou louco.—as palavras dele ecoaram pelo lugar.
Gemo de dor, quero soltar-me e abraça-lo.
A expressão dele mudou agora para triste...arrependimento.
-Eu vou te deixar. 
E deixou.

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Depois de um ano decidi lançar um capítulo, quero pedir desculpa por isso.
A história é confusa sim. E a ideia inicial que tinha mudou completamente. Mas espero que gostem e vos seja capaz de meter a pensar bastante!

Os capítulos são curtos quero tentar torná-los longos.

She's goneOnde histórias criam vida. Descubra agora